Capítulo 4: Forças Opostas

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Na manhã seguinte, Toni Topaz chegou à escola mais cedo do que o habitual. O ar da manhã ainda estava fresco, e o campus estava vazio, um contraste com o tumulto que sempre preenchia os corredores. Ela gostava desse momento de paz, quando podia organizar seus pensamentos sem o peso dos olhares curiosos ou dos desafios constantes que surgiam durante o dia.

Enquanto preparava o material para as aulas, Toni percebeu que a escola não era apenas um lugar de trabalho; era também onde as faíscas começavam a aparecer. E Cheryl Blossom, com toda sua personalidade ardente, era uma dessas faíscas. Havia algo na jovem que mexia com ela, um confronto constante que parecia estar a ponto de explodir.

Ela suspirou, tentando afastar esses pensamentos. A última coisa que precisava era se envolver emocionalmente. Como professora, Toni sabia que o limite entre autoridade e envolvimento pessoal era sutil, mas necessário. Porém, com Cheryl, manter a distância parecia uma tarefa mais difícil do que o esperado.

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Do outro lado da cidade, Cheryl se arrumava com um cuidado extra naquela manhã. Não sabia ao certo por que estava tão preocupada com sua aparência para uma simples aula, mas no fundo, sabia que tudo tinha a ver com Toni Topaz. Uma parte dela queria impressionar a nova professora, enquanto outra queria fazer questão de mostrar que não se importava nem um pouco.

Quando entrou no carro para ser levada até a escola, sua mente não parava de trabalhar. Ela sentia algo diferente no ar, como se a cada dia a tensão entre ela e Toni se intensificasse. Cheryl Blossom não era acostumada a sentir nada por ninguém além de si mesma, muito menos uma professora. Isso estava bagunçando sua cabeça, e ela não gostava de não ter controle sobre seus próprios sentimentos.

Ao chegar à escola, viu Betty e Josie já esperando nos corredores. Verônica, como sempre, chegava um pouco atrasada.

- Hoje você tá especialmente glamurosa, Blossom - comentou Betty, com um sorriso discreto.

Cheryl deu de ombros, tentando não dar importância.

- Um Blossom nunca sai de casa sem estar no seu melhor.

Josie olhou para ela com curiosidade.

- Tem certeza de que isso não tem nada a ver com a professora Topaz?

Cheryl travou o maxilar por um segundo, mas depois se recuperou com um sorriso frio.

- Por favor, ela não passa de uma substituta.

Betty, sempre a mais observadora, lançou um olhar de cumplicidade para Josie, mas decidiu não pressionar. Elas sabiam que Cheryl jamais admitiria o que realmente sentia, pelo menos não tão cedo.

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Na sala de aula, Toni estava concentrada na lousa, organizando as notas do dia, quando sentiu a presença de Cheryl antes mesmo de vê-la. Não sabia explicar, mas havia algo no jeito da garota de entrar em um ambiente que exigia atenção. O som dos saltos ecoando pelo chão, o perfume sutil mas marcante... Cheryl parecia fazer questão de anunciar sua chegada.

Quando a aula começou, a tensão entre elas era palpável. Cheryl, como sempre, sentou-se na primeira fileira, os olhos fixos em Toni, quase desafiando-a. Toni tentou ignorar o incômodo, mas a intensidade do olhar da ruiva era impossível de evitar.

- Senhorita Blossom, pode vir à lousa, por favor? - Toni pediu, com a voz firme, mas neutra.

Cheryl se levantou com uma elegância ensaiada, caminhando até a frente da sala. Havia um certo silêncio no ar, como se todos estivessem esperando pela próxima provocação. E, claro, ela veio.

- Algum problema específico que eu deva resolver, senhorita Topaz? - Cheryl perguntou com um tom provocante, mantendo os olhos fixos nos de Toni.

A sala ficou em silêncio. Toni cruzou os braços, mantendo a calma. Sabia que Cheryl estava tentando instigá-la, e parte de si queria responder à altura. Mas não podia ceder a esse jogo.

- Apenas resolva o exercício - respondeu Toni, sem deixar que a frieza em sua voz transparecesse.

Cheryl não recuou. Foi até a lousa e fez o que lhe foi pedido, mas o silêncio entre elas parecia carregar muito mais do que simples matemática. Era como se cada número que Cheryl escrevia fosse parte de uma dança, um duelo silencioso, onde ninguém queria ser o primeiro a se render.

Quando Cheryl terminou, voltou para seu lugar, mantendo o queixo erguido e os olhos fixos em Toni, como se estivesse esperando por uma reação. Mas Toni, com toda sua experiência e autocontrole, apenas assentiu.

- Muito bem, senhorita Blossom - disse, mantendo o olhar sério.

Cheryl deu um sorriso vitorioso, como se tivesse conquistado algo, mas Toni sabia que essa guerra estava apenas começando.

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Naquela tarde, quando chegou em casa, Cheryl estava estranhamente satisfeita. Sentia que, de alguma forma, havia conseguido provocar Toni, mesmo que de maneira sutil. Estava se divertindo com aquele jogo, por mais que não quisesse admitir. E a ideia de que Toni talvez estivesse sendo afetada tanto quanto ela era irresistível.

Enquanto se preparava para sair com as amigas mais tarde, Cheryl olhou seu reflexo no espelho e, pela primeira vez, se perguntou o que exatamente estava acontecendo ali. Não era normal para ela se sentir assim, tão obcecada por uma professora. Mas, de alguma forma, Toni não era apenas uma professora. Ela era um desafio, um obstáculo, e Cheryl sempre gostou de ultrapassar obstáculos.

Naquela noite, ela faria questão de aproveitar sua vida fora da escola, mas sabia que, no fundo, a nova professora ainda estaria em seus pensamentos, como uma chama que não conseguia apagar.

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