Capítulo 22: Sob o Peso das Consequências

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Toni sentou-se lentamente na cadeira de frente para a diretora e o representante da secretaria de educação. A sala parecia menor, sufocante, com o ar pesado de julgamento pendendo no ambiente. Cada segundo se arrastava com uma tensão insuportável.

— Sabemos que você é uma professora dedicada, Toni. — A diretora começou, tentando suavizar o impacto. — Mas certos boatos... estão se espalhando. E, para a proteção de todos os envolvidos, precisamos investigar.

Toni engoliu em seco. — Boatos? — Sua voz saiu mais baixa do que ela gostaria, os olhos fixos nos papéis em cima da mesa.

O representante da secretaria inclinou-se para frente, o olhar duro e avaliador. — Não precisamos explicar o quão séria essa situação é, professora Topaz. Relacionamentos inapropriados entre professores e alunas são uma violação gravíssima do código de ética.

Toni sentiu uma onda de pânico tomar conta de si, mas manteve uma fachada calma. — Com todo o respeito, não há nada... inapropriado acontecendo aqui.

A diretora trocou um olhar com o representante antes de responder. — Entendemos sua posição, Toni, mas com os boatos se espalhando pela escola, isso não depende apenas de você. Precisamos fazer perguntas e chegar ao fundo disso antes que algo mais grave aconteça.

O silêncio pairou no ar, denso. Toni não sabia o que dizer. Como negar o que, no fundo, ela sabia que estava acontecendo? Mesmo que nada físico tivesse ocorrido até então, o vínculo entre ela e Cheryl já tinha ultrapassado a linha do que poderia ser considerado profissional. E Lucy estava aproveitando cada oportunidade para jogar tudo isso no chão.

— Não podemos permitir que esses boatos cresçam sem tomar providências — continuou o representante. — Precisamos que fique afastada de suas funções por enquanto, enquanto investigamos o caso.

O chão parecia ter desaparecido debaixo de Toni. Afastada? Isso era o começo do fim. Ela ficou em silêncio, encarando o vazio, tentando processar o que aquilo significava para ela... para Cheryl.

— Eu entendo — foi tudo o que conseguiu dizer. Ela sabia que qualquer protesto só complicaria ainda mais a situação.

Do lado de fora da sala, Cheryl andava de um lado para o outro, os nervos à flor da pele. Ela sabia que algo estava acontecendo, mas não conseguia descobrir o que. Lucy a provocava sempre que tinha a chance, e Cheryl sentia que a cada momento algo estava escapando de suas mãos.

Quando Toni saiu da sala, o rosto dela disse tudo. Cheryl aproximou-se imediatamente, seus olhos vasculhando a expressão abatida de Toni.

— O que aconteceu? — Cheryl perguntou, sua voz baixa, mas cheia de preocupação.

Toni hesitou por um momento, lutando para encontrar as palavras certas. — Fui afastada... enquanto eles investigam. — Sua voz quase quebrou ao final da frase.

Cheryl sentiu o coração afundar. — Eles não podem fazer isso! — Sua voz subiu uma oitava, cheia de indignação. — Não podem simplesmente te afastar por causa de uma fofoca!

Toni a segurou pelos ombros, tentando acalmá-la. — Cheryl, por favor, isso não vai ajudar. Eles já estão decididos. Se eu fizer qualquer coisa agora, só vou piorar as coisas.

Cheryl recuou, os olhos ardendo de raiva e frustração. — Isso não é justo! — Ela gritou, sem se importar com quem pudesse ouvir. — Lucy está por trás disso, eu sei que está! — Sua voz era cortante, e Toni sabia que Cheryl estava certa, mas havia limites no que poderiam fazer.

Toni a puxou para mais perto, os olhos fixos nos de Cheryl. — Nós não podemos agir por impulso. — Sua voz estava baixa, mas firme. — Isso não é só sobre você ou sobre mim. Isso é sobre nossas vidas. Se dermos um passo errado agora, não haverá volta.

Cheryl apertou os punhos ao lado do corpo, tentando controlar o turbilhão de emoções que a consumia. Por dentro, ela queria gritar, correr atrás de Lucy e acabar com toda aquela farsa. Mas sabia, no fundo, que Toni tinha razão. Não podiam se arriscar ainda mais.

O corredor ao redor delas parecia um vácuo, os sons abafados pela intensidade do momento. Toni passou uma mão carinhosa no braço de Cheryl, tentando acalmá-la. — Eu preciso de você agora, mais do que nunca. — Suas palavras eram como um pedido silencioso.

Cheryl respirou fundo, fechando os olhos por um segundo. Quando os abriu, a determinação brilhou ali. — Eu não vou deixar isso acontecer, Toni. — Suas palavras eram firmes, quase como uma promessa. — Eu vou lidar com Lucy do meu jeito.

Antes que Toni pudesse protestar, Cheryl já estava caminhando pelo corredor, sua postura rígida, como se estivesse indo para a guerra. Toni sabia que não conseguiria segurá-la dessa vez. Cheryl estava além de qualquer controle, movida por um instinto de proteger o que era dela.

E enquanto Cheryl se aproximava de Lucy no estacionamento da escola, onde ela estava rindo com suas amigas, Toni sentia o peso de cada decisão recaindo sobre ela.

Cheryl parou à frente de Lucy, sua presença imponente. — Você pode jogar o quanto quiser, Lucy, mas eu vou garantir que você nunca mais tenha um momento de paz nessa escola.

Lucy riu, claramente divertida com a ameaça. — Oh, Blossom, você é patética. Tão desesperada para salvar seu pequeno romance proibido.

Cheryl sorriu, mas seus olhos estavam cheios de ódio. — Vamos ver quem ri por último.

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