Capítulo 23: Distância insuportável

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Os dias pareciam se arrastar. A ausência de Toni era como uma sombra constante, pairando sobre Cheryl, apertando seu peito cada vez que cruzava os corredores da escola. Tudo parecia perder o brilho sem aquelas trocas de olhares furtivos, os sorrisos provocantes e a tensão que preenchia cada segundo que passavam perto uma da outra.

Agora, Cheryl se pegava olhando para a cadeira vazia da sala de aula, onde Toni costumava sentar. Aquela sala parecia fria, vazia, e até suas amigas perceberam o peso da ausência de Toni no comportamento de Cheryl. Verônica, sempre com suas piadas sarcásticas, tentava arrancar risadas de Cheryl, mas nem ela conseguia quebrar o gelo.

— Isso está te matando, não é? — Verônica perguntou um dia, enquanto caminhavam juntas até o refeitório. — Você sem Toni parece... sei lá, Blossom, nunca te vi assim tão quieta.

— Quieta? Eu? — Cheryl deu um sorriso forçado. — Estou mais ocupada lidando com certos problemas do que você imagina.

Betty, sempre observadora, lançou um olhar preocupado. — Nós só queremos ajudar, Cheryl. Sabemos que algo está acontecendo.

Cheryl respirou fundo, seu coração acelerado pela saudade que parecia corroer cada parte de si. — Isso é algo que eu preciso resolver por mim mesma, Betty. — Sua voz era mais baixa agora, carregada de um cansaço que ela tentava esconder. — Eu não posso... Eu não consigo... — Ela parou, os olhos lacrimejando por um momento, antes de se recompor. — Não importa.

Josie, sempre a mais sonhadora do grupo, suspirou. — Você está sofrendo, Cheryl. E nós percebemos. Mas, quando você ama alguém, esse tipo de dor faz parte do processo. — Suas palavras atingiram um ponto sensível, e Cheryl sentiu seu estômago revirar.

Amar? Seria isso? O que ela sentia por Toni era algo mais profundo do que apenas desejo? Mais intenso do que provocação e ciúmes? O silêncio dela apenas fez suas amigas trocarem olhares significativos, mas nenhuma delas forçou Cheryl a falar mais.

Quando Cheryl voltou para casa naquele dia, a saudade de Toni parecia esmagadora. As mensagens não respondidas, as chamadas não atendidas, cada tentativa de contato era um lembrete doloroso da distância que agora existia entre elas. Mesmo as provocações e disputas com Lucy já não tinham o mesmo gosto. Era como se a única coisa que fazia seu coração bater mais forte estivesse fora de seu alcance.

No entanto, algo dentro dela se recusava a desistir. Ela sabia que essa situação não poderia durar para sempre. Toni voltaria, de um jeito ou de outro, e quando voltasse, Cheryl estaria pronta.

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