Capítulo 26: Entre O Desejo e a Paz

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O silêncio confortável dominava o ambiente após a tempestade de emoções e desejo que haviam compartilhado. O ar estava mais leve, como se o peso de todas as tensões finalmente tivesse sido deixado para trás, pelo menos por aquela noite. Cheryl estava deitada no peito de Toni, seus dedos desenhando padrões abstratos na pele dela, enquanto Toni deslizava suavemente os dedos pelos cabelos da ruiva, seus olhos fixos no teto, mas sua mente perdida na mulher em seus braços.

— Você sabe que agora está presa comigo, não é? — Cheryl quebrou o silêncio com um sussurro suave, um leve sorriso brincando em seus lábios.

Toni riu baixinho, sua mão se movendo até o rosto de Cheryl, virando-a levemente para que pudesse olhar diretamente em seus olhos. — Sabe que não é uma prisão quando você quer estar aqui, certo?

Cheryl revirou os olhos de maneira dramática, mas o sorriso no rosto dela só aumentava. Ela apoiou o queixo no peito de Toni, observando cada detalhe do rosto dela, como se estivesse absorvendo aquele momento, gravando tudo em sua mente. — Não acredito que estou dizendo isso, mas... você me faz bem, Toni. Mais do que eu pensei que alguém poderia.

Toni arqueou uma sobrancelha, surpresa pela vulnerabilidade de Cheryl, algo que raramente via. Ela inclinou-se levemente e beijou a testa dela com suavidade. — E você me faz sentir... viva, Cheryl. De um jeito que eu também não esperava.

Cheryl suspirou, se aconchegando mais no abraço de Toni, deixando-se envolver pela sensação de segurança que a presença dela trazia. — Não vamos pensar em nada complicado agora... só... — Ela hesitou por um momento, seu tom mais baixo e cheio de um carinho que ela raramente mostrava. — Só fica comigo assim.

Toni sorriu, sentindo seu peito aquecer com as palavras de Cheryl. — Prometo. Hoje somos só nós.

O silêncio voltou a se instalar entre elas, mas dessa vez não havia pressa, nem tensão. Era como se o mundo tivesse pausado por alguns instantes para que ambas pudessem ter aquele momento de paz. As mãos de Cheryl continuavam a deslizar suavemente pelo braço de Toni, traçando caminhos invisíveis, como se quisesse memorizar cada centímetro da pele dela.

— Eu sempre quis ter alguém assim. — Cheryl falou repentinamente, seus olhos ainda fixos no rosto de Toni. — Alguém com quem eu não precisasse ser forte o tempo todo... alguém que só me aceitasse como sou.

Toni fechou os olhos por um momento, absorvendo o peso daquelas palavras. Ela sabia que por trás da fachada de confiança e poder de Cheryl, havia uma jovem que, como qualquer outra, só queria ser amada de forma verdadeira e incondicional. — Você pode ser quem você quiser comigo, Cheryl. Não precisa se esconder.

Cheryl suspirou, fechando os olhos por um momento enquanto um leve sorriso se formava em seus lábios. — Eu sei. E isso me assusta um pouco.

Toni riu baixinho, inclinando-se para beijar a ponta do nariz de Cheryl, que soltou uma risadinha suave em resposta. — Se te conforta, eu também fico um pouco assustada. Mas acho que podemos lidar com isso... juntas.

Cheryl levantou o olhar e encontrou os olhos de Toni, e por um breve segundo, tudo pareceu se alinhar. Não havia dúvidas, não havia segredos. Apenas o entendimento de que, de alguma forma, as duas estavam exatamente onde deveriam estar.

— Eu gosto de juntas. — Cheryl sussurrou, se aproximando para dar um beijo suave nos lábios de Toni, desta vez sem a urgência ou a intensidade de antes, mas com uma ternura que fazia o coração de Toni disparar.

Toni acariciou o rosto de Cheryl, seus dedos traçando suavemente a linha da mandíbula dela. — Tenta dormir um pouco, ruiva. — Ela sussurrou, os lábios mal roçando a orelha de Cheryl. — Amanhã é um novo dia, e... bom, sabemos que não vai ser fácil, mas... — Ela parou, refletindo por um segundo. — Talvez, por uma noite, a gente só... esqueça o resto do mundo.

Cheryl sorriu, seus olhos já pesados pelo sono que começava a dominá-la. — Gostei da ideia.

Sem mais palavras, as duas se ajeitaram no sofá, Cheryl se aninhando nos braços de Toni como se aquele fosse o lugar mais seguro do mundo. Pela primeira vez em muito tempo, ambas sentiram uma tranquilidade incomum. Não havia brigas por poder, não havia tensões ou jogos de sedução, apenas o conforto de estar ao lado de alguém que, mesmo com todas as complicações, parecia ser exatamente o que elas precisavam.

Enquanto o silêncio da noite as envolvia, Toni fechou os olhos, sentindo o calor do corpo de Cheryl contra o seu. E por um momento, permitiu-se acreditar que talvez, só talvez, elas pudessem encontrar um jeito de fazer tudo dar certo.

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