Capítulo 11: sentimento novo

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Cheryl estava acostumada a ser a pessoa no controle, a dominar as situações, especialmente quando se tratava de Toni. Cada provocação, cada olhar trocado, fazia parte de um jogo no qual ela era a jogadora mais habilidosa. Mas, nos últimos dias, algo parecia ter mudado, e isso a estava deixando desconfortável.

Naquela manhã, ao chegar na escola, Cheryl notou algo que a deixou intrigada. Toni estava no estacionamento conversando com uma mulher que Cheryl não reconhecia. A desconhecida era alta, tinha um ar confiante e parecia bastante à vontade com Toni. Elas riam de algo, e Cheryl sentiu uma pontada inesperada no peito.

Ela ficou ali, parada por alguns segundos, observando a interação entre as duas. Havia algo naquela cena que mexeu com ela de uma forma que não conseguia entender de imediato. Um sentimento estranho e indesejado começou a se formar, algo que Cheryl não estava acostumada a sentir: ciúmes.

- Quem é essa? - Cheryl murmurou para si mesma, os olhos fixos nas duas.

Ela balançou a cabeça, tentando afastar o sentimento. Ridículo, pensou. Eu não tenho motivos para sentir ciúmes. Mas, apesar de tentar se convencer, a visão de Toni sorrindo para outra mulher continuava incomodando.

Durante as primeiras aulas, Cheryl tentou manter sua compostura. Sentou-se com Verônica, Betty e Josie, tentando se distrair com as conversas do grupo, mas a imagem de Toni e aquela mulher desconhecida continuava rondando sua mente.

- Você está estranha hoje, ruiva. Alguma coisa errada? - Verônica perguntou, observando Cheryl com um olhar curioso.

- Nada. Só... pensando - Cheryl respondeu, mas seu tom denunciava o desconforto que sentia.

Verônica arqueou uma sobrancelha, claramente não convencida, mas não insistiu. Enquanto Betty e Josie conversavam sobre algum evento do final de semana, Cheryl se permitiu olhar novamente para a porta da sala, esperando que Toni aparecesse.

Quando a professora finalmente entrou, Cheryl sentiu uma mistura de alívio e irritação. Toni parecia a mesma de sempre, mas, na mente de Cheryl, tudo tinha mudado desde o momento em que viu aquela outra mulher ao lado dela.

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Após a aula, Cheryl decidiu que precisava de respostas. Ela não sabia exatamente o que estava sentindo, mas não gostava da ideia de Toni estar com alguém que não fosse ela - mesmo que não admitisse isso para si mesma.

No final do dia, Cheryl se aproximou de Toni no corredor, dessa vez sem as habituais provocações. Seu tom era direto, quase frio.

- Eu vi você mais cedo, no estacionamento - Cheryl disse, sem rodeios.

Toni olhou para ela, surpresa com a abordagem abrupta.

- Ah, você viu? - Toni respondeu casualmente, guardando alguns papéis na bolsa.

Cheryl cruzou os braços, o desconforto crescendo ainda mais.

- Quem era ela? - Cheryl perguntou, tentando manter a voz neutra, mas falhando miseravelmente.

Toni parou por um segundo, percebendo o tom diferente de Cheryl. Ela franziu a testa, intrigada com a súbita mudança de comportamento.

- Ela? Ah, você está falando da minha amiga, Lucy. Ela é uma antiga colega minha - Toni explicou, sem entender completamente o motivo da pergunta.

O alívio que Cheryl esperava sentir não veio. Na verdade, a menção de "amiga" só piorou as coisas. Ela não gostava de saber que Toni tinha outra pessoa com quem compartilhava risadas e conversas fora daquele jogo de provocações entre as duas.

- Amiga? - Cheryl repetiu, tentando soar desinteressada, mas o ciúme era evidente em sua voz.

Toni estreitou os olhos, finalmente entendendo o que estava acontecendo. A professora sorriu, percebendo o desconforto de Cheryl e, pela primeira vez, se sentindo no controle da situação.

- Sim, amiga. Nos conhecemos há anos. Ela estava só de passagem pela cidade e resolveu me visitar - Toni disse, o tom deliberadamente leve, quase provocativo.

Cheryl apertou os lábios, claramente insatisfeita com a resposta, mas sem saber como reagir sem se expor ainda mais.

- Interessante... - foi tudo o que conseguiu dizer antes de se afastar abruptamente.

Toni ficou observando enquanto Cheryl se distanciava. Sabia que tinha tocado em algo que Cheryl não estava preparada para lidar, e isso a deixou curiosa. Pela primeira vez, parecia que os papéis estavam invertidos.

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Nos dias seguintes, Cheryl continuou agindo estranhamente. Ela tentava manter o controle, mas o ciúme estava lá, sempre à espreita, e isso a deixava ainda mais irritada. Cada vez que Toni mencionava algo sobre sua vida fora da escola, Cheryl se pegava imaginando quem mais fazia parte dela.

Em uma tarde, enquanto caminhava pelos corredores, Cheryl viu Toni novamente conversando com Lucy no estacionamento. O riso de Toni ecoou, e o sangue de Cheryl ferveu instantaneamente. Ela sabia que precisava parar de pensar nisso, mas cada vez que via as duas juntas, a raiva e o ciúme cresciam.

Verônica, sempre perspicaz, percebeu o comportamento estranho de Cheryl e decidiu confrontá-la.

- Ok, ruiva, o que está pegando? Você está obcecada por essa professora? - Verônica perguntou, enquanto se jogava no sofá ao lado de Cheryl na sala do grupo.

Cheryl bufou, tentando parecer desinteressada.

- Não sei do que você está falando, Ronnie - respondeu, mas o tom defensivo não passou despercebido.

- Ah, por favor! Eu te conheço. Você está morrendo de ciúmes daquela amiga da Toni - Verônica disse, sem rodeios.

Cheryl estreitou os olhos, pronta para negar, mas sabia que seria inútil.

- Não é ciúmes. É só... irritante - Cheryl murmurou, incapaz de encontrar uma desculpa melhor.

Verônica riu alto, balançando a cabeça.

- Sério, Cheryl? Você está completamente apaixonada por ela e nem percebeu. Essa coisa de "jogo" está te saindo pela culatra, e agora você não sabe o que fazer. - Verônica disse com um sorriso irônico.

Cheryl ficou em silêncio, sentindo a verdade nas palavras de Verônica. Ela estava fora de controle, e o pior era que Toni agora tinha o poder de deixá-la assim.

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A tensão entre Cheryl e Toni estava mudando. O jogo de provocações que antes era divertido estava se transformando em algo mais sério e, pela primeira vez, Cheryl não sabia como lidar com isso. O ciúme era um sentimento novo para ela, e a ideia de perder Toni para outra pessoa - mesmo que fosse só uma amiga - era insuportável.

Cheryl sabia que precisava retomar o controle, mas cada dia que passava, parecia que Toni estava mais distante e, ao mesmo tempo, mais presente em seus pensamentos. O jogo estava longe de terminar, mas agora as regras tinham mudado.

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Agora, o nome da amiga de Toni é Lucy. Como está se sentindo sobre essa nova dinâmica entre Cheryl e Toni?

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