Capítulo 13: Fúria Silenciosa

16 0 0
                                    

Cheryl estava à beira do colapso. As horas seguintes ao seu confronto com Toni haviam sido uma tortura mental. Cada pensamento sobre Toni e Lucy juntas fazia seu sangue ferver, e as palavras de Toni, insinuando que Cheryl não era a única no controle, ecoavam em sua mente. Pela primeira vez, ela se sentia verdadeiramente ameaçada.

Sentada com Verônica, Betty e Josie no refeitório, Cheryl estava mais inquieta do que nunca. Ela tentava manter uma fachada de indiferença, mas a cada vez que pensava em Lucy, seu humor escurecia. As amigas perceberam, claro, e Verônica foi a primeira a comentar.

— Certo, ruiva, o que está pegando? — Verônica perguntou, lançando um olhar sugestivo enquanto mordia uma maçã.

— Nada — Cheryl respondeu rapidamente, embora a rigidez em sua voz indicasse o contrário.

— Ah, me poupe, Cheryl. O que está acontecendo de verdade? Você está andando de um lado pro outro desde que chegou. — Verônica insistiu, jogando o cabelo para o lado.

Betty, sempre mais observadora, franziu o cenho, inclinando-se para frente.

— Está tudo bem entre você e a professora Topaz? — ela perguntou calmamente, mas a pergunta atingiu Cheryl como um soco.

Cheryl parou de mexer a colher no café e olhou para Betty. Elas sabem?, o pensamento passou rapidamente por sua cabeça, mas ela logo tentou se recompor.

— Está tudo perfeitamente sob controle — Cheryl respondeu, sua voz mais fria do que o habitual.

Verônica riu, não se contendo.

— É sério que você acha que está controlando alguma coisa? — Ela deu uma risada alta, balançando a cabeça. — Eu vi como você ficou ontem, só faltou incendiar o corredor quando a tal Lucy apareceu.

Cheryl apertou os punhos sob a mesa, mas forçou um sorriso sarcástico.

— Lucy não significa nada. Ela é só uma sombra insignificante. — Cheryl falou, mas o aperto em seu peito a traía. Cada vez que o nome de Lucy surgia, parecia que uma faca se cravava um pouco mais fundo.

Josie, que até então estava calada, decidiu intervir.

— Cheryl, você sabe que pode conversar com a gente, né? — Sua voz era calma, quase maternal. — Não precisa segurar tudo sozinha.

Cheryl olhou para Josie, e por um breve momento, pensou em desabafar. Dizer o quanto odiava ver Toni com outra pessoa, como cada risada compartilhada entre Toni e Lucy fazia seu coração acelerar de uma forma desconcertante. Mas a ideia de expor sua vulnerabilidade era aterrorizante.

— Não é nada que eu não possa lidar — Cheryl disse, desviando o olhar. O orgulho ainda era seu escudo.

Verônica revirou os olhos, claramente impaciente com a resistência de Cheryl.

— Certo, mas se você enlouquecer e quiser queimar a escola, nos avise antes. Eu quero filmar tudo. — Verônica brincou, arrancando uma risada de Betty e Josie.

Cheryl, no entanto, não achou graça. Ela estava no limite, e aquela situação estava começando a testar sua paciência de maneiras que nunca imaginou.

---

Naquela tarde, após as aulas, Cheryl passou pelos corredores com pressa. Ela não podia mais evitar Toni, precisava fazer algo para recuperar o controle da situação. Cada vez que pensava em Lucy, o ódio e o ciúme se misturavam em sua mente. E Toni, com sua calma inabalável, parecia estar jogando com ela, provocando-a de propósito.

No caminho para a sala dos professores, Cheryl esbarrou em Verônica e Josie, que conversavam animadamente sobre algo.

— Ei, Cheryl! Onde vai com tanta pressa? — Verônica perguntou, olhando para a amiga com uma sobrancelha levantada.

Cheryl hesitou por um segundo, mas logo disfarçou.

— Negócios a resolver — ela disse vagamente, já se afastando.

— Não vai causar nenhuma cena com a professora, vai? — Verônica provocou, percebendo o olhar determinado de Cheryl.

— Claro que não — Cheryl respondeu com um sorriso falso, mas sua mente estava longe de qualquer promessa de autocontrole.

Assim que se aproximou da sala dos professores, ela viu Toni saindo pela porta, sozinha. O alívio foi instantâneo. Sem Lucy por perto, talvez pudesse finalmente lidar com o que estava sentindo.

— Toni — Cheryl chamou, sua voz firme.

Toni se virou, surpresa, mas não menos confiante.

— Cheryl, o que está fazendo aqui? — Ela perguntou, curiosa, mas com um leve sorriso no rosto.

Cheryl aproximou-se rapidamente, seu olhar ardente.

— Eu vou perguntar uma vez, e quero a verdade — Cheryl começou, sem rodeios. — Você e Lucy... há algo entre vocês?

Toni riu, cruzando os braços.

— Cheryl, você realmente acha que isso é da sua conta?

A resposta apenas alimentou a raiva de Cheryl. Ela deu um passo à frente, ficando muito próxima de Toni.

— É da minha conta quando você fica jogando comigo — Cheryl retrucou, sua voz cheia de ressentimento.

Toni a olhou nos olhos, seu sorriso desaparecendo, mas não havia medo em sua expressão.

— Jogando com você? — Toni disse calmamente. — Acho que quem está jogando aqui é você, Cheryl.

Cheryl sentiu o sangue ferver. A audácia de Toni a deixava cada vez mais desestabilizada. Estava acostumada a estar no controle, e Toni estava arrancando isso dela, pouco a pouco.

— Eu não sou uma peça no seu jogo, Toni — Cheryl sussurrou, sua voz baixa, mas cheia de raiva.

Toni deu um pequeno sorriso, inclinando-se um pouco mais para perto de Cheryl.

— Talvez você devesse parar de tentar jogar comigo, então — Toni murmurou, sua voz baixa e envolvente.

Cheryl sentiu o coração disparar, suas mãos tremendo levemente. O cheiro de Toni era intoxicante, e a proximidade entre elas fazia sua cabeça girar. Ela queria odiar Toni, queria gritar, mas, em vez disso, tudo o que conseguiu fazer foi encará-la em silêncio, perdida entre o ciúme e a atração incontrolável.

Toni, percebendo a falta de reação de Cheryl, deu um pequeno sorriso antes de se afastar lentamente, deixando Cheryl sozinha no corredor mais uma vez. Mas dessa vez, Cheryl sabia que as coisas estavam diferentes. Ela não tinha mais controle.

---

O ciúme de Cheryl estava atingindo níveis insuportáveis, e suas amigas perceberam a tensão crescente. Toni, por outro lado, parecia estar aproveitando o jogo, enquanto Cheryl lutava para manter a cabeça no lugar.

Entre o desejo e o poder Onde histórias criam vida. Descubra agora