Capítulo 14: O jogo começa

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Lucy tinha um charme próprio, daqueles que atraem olhares por onde passa, e isso não passava despercebido por ninguém, muito menos por Cheryl. A cada vez que a via conversando com Toni, rindo de algo, o ciúme fervia em suas veias. O pior é que Lucy não se limitava apenas a conversas casuais. Seus gestos, sorrisos e a maneira como tocava o braço de Toni sugeriam algo mais. Algo que Cheryl não estava disposta a ignorar.

Naquela manhã, Cheryl observava, disfarçadamente, de uma das mesas no pátio da escola. Lucy estava ali novamente, com Toni. De onde estava, Cheryl podia ver o brilho nos olhos de Lucy enquanto ela falava algo que fez Toni rir. O toque demorado em seu ombro foi a gota d’água.

— Eu não aguento mais isso! — Cheryl murmurou, suas mãos cerradas sobre a mesa. Verônica, ao lado dela, arregalou os olhos.

— O que foi agora? — Verônica perguntou, levantando uma sobrancelha, já se divertindo com a situação. Ela sabia exatamente sobre quem Cheryl estava falando, e o drama estava ficando cada vez mais interessante.

— Lucy. Ela está jogando sujo — Cheryl respondeu, seus olhos fixos nas duas.

— E o que você vai fazer? — Verônica provocou, mas Cheryl já estava se levantando antes que ela pudesse continuar.

Sem pensar duas vezes, Cheryl marchou na direção de Toni e Lucy. Cada passo parecia amplificar sua raiva, e quando chegou perto, mal conseguiu segurar o tom ácido em sua voz.

— Eu não sabia que o horário de almoço da professora Topaz incluía conversas íntimas com alunas. — Cheryl soltou, cruzando os braços e encarando Toni com um olhar desafiador.

Toni levantou uma sobrancelha, surpresa, mas não intimidada. Lucy, por outro lado, pareceu satisfeita com a interrupção, um pequeno sorriso de triunfo se formando em seus lábios.

— Estamos apenas conversando, Cheryl — Toni respondeu calmamente, seus olhos se fixando nos de Cheryl, como se estivesse esperando pela próxima explosão.

Lucy se inclinou um pouco para frente, e Cheryl não perdeu a provocação sutil em seu tom.

— Toni estava me dando algumas dicas para o projeto de história. Ela é ótima nisso, sabia? — Lucy disse, seu sorriso falso era tão irritante quanto seu tom.

Cheryl sentiu o calor subir por seu pescoço, mas manteve a compostura.

— Claro, dicas. Eu tenho certeza de que é só isso que você quer dela. — Cheryl falou, sem disfarçar o sarcasmo.

Toni, percebendo a tensão entre as duas, tentou intervir.

— Cheryl, isso é desnecessário. Não há nada acontecendo aqui.

Mas Cheryl não estava mais ouvindo. Ela não aguentava mais aquela disputa velada. Lucy tinha ido longe demais, e se Toni não iria tomar uma atitude, então ela o faria. Aproximando-se de Toni, Cheryl colocou a mão em seu braço, um toque possessivo, mas disfarçado.

— Acho que devemos conversar, Toni. A sós. — Sua voz saiu firme, mas com uma nota de súplica escondida.

Toni hesitou por um momento, olhando entre Cheryl e Lucy. Lucy, por sua vez, parecia prestes a abrir um sorriso, como se esperasse que Toni recusasse o pedido de Cheryl. Mas Toni, talvez percebendo a seriedade nos olhos de Cheryl, assentiu levemente.

— Tudo bem. Vamos. — Toni disse, finalmente se afastando de Lucy e seguindo Cheryl.

Lucy ficou para trás, observando com olhos calculistas, claramente planejando seu próximo movimento. Cheryl sabia que a batalha estava apenas começando, mas pelo menos, naquele momento, ela havia conseguido afastar Toni.

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No corredor vazio, Cheryl parou, virando-se para Toni. As palavras estavam presas em sua garganta, uma mistura de raiva, frustração e uma pontada de insegurança que ela odiava sentir.

— Eu não posso mais... ver você com ela. — Cheryl admitiu, sua voz mais baixa do que pretendia. — Ela está se insinuando para você, Toni. E eu não vou ficar parada vendo isso acontecer.

Toni cruzou os braços, observando Cheryl com uma expressão indecifrável.

— Cheryl, Lucy não significa nada para mim. — Toni falou, calmamente, mas Cheryl não estava convencida.

— Mas ela quer que signifique! — Cheryl exclamou, dando um passo à frente, encarando Toni de perto. — Você realmente não percebe o que ela está fazendo? Ela quer você! E isso... — Cheryl fez uma pausa, suas palavras carregadas de uma mistura de raiva e algo mais profundo. — Isso me irrita.

Toni suspirou, seu olhar suavizando um pouco.

— E por que isso te irrita tanto? — Toni perguntou, sua voz agora suave, quase provocativa.

Cheryl congelou. A pergunta pairou no ar, e por um breve momento, ela não soube o que responder. Seu coração batia forte, e o calor em seu corpo era difícil de ignorar. Ela podia sentir o olhar de Toni fixo nela, esperando.

— Porque... — Cheryl começou, hesitando. A palavra parecia presa, mas ela sabia que não podia mais fugir. — Porque eu quero você. Só para mim.

Toni piscou, surpresa pela confissão direta. O silêncio que se seguiu foi esmagador, mas cheio de uma tensão palpável. Finalmente, Toni deu um pequeno sorriso.

— Isso é tudo o que eu precisava ouvir. — Toni sussurrou, sua voz baixa e envolvente.

Cheryl sentiu um alívio momentâneo, mas também sabia que esse era apenas o começo. Lucy não iria desistir tão facilmente, e essa situação só iria escalar. Mas, pela primeira vez, ela estava disposta a lutar.

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Lucy, observando de longe, sabia que precisava intensificar o jogo. Ela queria Toni, e agora sabia que Cheryl também. E se havia algo que Lucy adorava, era um desafio. O próximo movimento seria dela.

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