Continuamos deitados, mas agora já estamos no sofá e devidamente vestidos como antes.
- Preciso ir embora. – diz Peter. – Mas antes vou coloca-la na cama. Venha Heloisa.
Ele se levanta e estende a mão para que eu me levante também. Eu a pego e em um golpe rápido estou de pé.
- Não quero que você vá embora. Dorme aqui comigo? – digo.
Ele sorri. Mas seu sorriso é de pura satisfação. Ele me encara com um semblante divertido.
- Eu disse que isso ia acontecer, mas não tinha ideia que seria tão rápido assim. – ele diz satisfeito.
Franzo a testa.
- Como assim? – pergunto.
- Eu disse a você que um dia eu não teria que ir embora no final da noite. E que você pediria para que eu ficasse.
É verdade, aquele dia no pé da escada, antes de ir embora, ele disse isso. Agh! Que ódio. Estreito os olhos. Aquele tom de deboche que Peter me lançou, me deixou irritada.
- Ok, Peter. – digo virando as costas e vou abrir a porta. – Nos vemos em breve, então. – e aponto o corredor externo do apartamento. – Se você precisa ir, não quer ou não pode ficar, eu posso entender.
O charme faz toda diferença na vida da mulher. Quase dou risada com esse pensamento, mas me contenho e me mantenho no meu papel de "a ofendida".
Peter estreita os olhos e vem andando em minha direção. – Ah não! Ele levou a sério. E se ele for embora mesmo? – começo a ficar arrependida de toda aquela cena de teatro.
Ele chega até mim, me olha nos olhos e por um momento acho que ele realmente vai me deixar sozinha depois de tanto sexo incrível. Mas ao invés disso ele tira a minha mão da maçaneta e empurra a porta para que se feche novamente. Gira a chave para que se tranque e se apoia nela, nunca deixando de olhar nos meus olhos.
- Eu preciso ir. – ele diz me encarando. – Eu não posso ficar. – ele continua. – Mas eu quero ficar.
Eu fico sem reação. Por dentro sinto que estou com um sorriso largamente satisfeito pelo meu charme ter surtido efeito. Mas por fora, não demonstro nada.
Ele se afasta da porta, me abraça, beija minha cabeça muito carinhosamente, e em um golpe surpresa, me dá um tapa na bunda. Solto um gritinho e uma risadinha escapa.
- E não precisa fazer esse drama todo. – diz ele sorrindo e puxando pela mão. – Vamos! Preciso de um banho antes de ir para cama.
Sorrio também e o acompanho.
Tomamos banho juntos, nunca perdendo a oportunidade de passar a mão e alisar em lugares estratégicos. Coloquei uma camisetinha e um shorts curto. Peter, sem ter opção, ficou nu, e aquilo não era nada constrangedor para ele, na verdade, ele parecia bem a vontade. Escovamos os dentes e nos deitamos na cama. Deitei-me de frente a janela e Peter deitou-se ao meu lado e me abraçou. Fazia carinho em meu corpo e alisava meu cabelo de forma terna. Eu acariciava seu braço vez ou outra quando dele fazia uma pausa nas caricias. Ficamos em silencio por vários minutos.
Logo ouvi a respiração de Peter mais calma e lenta e percebi que já havia adormecido. Fiquei acordada pensando nos últimos acontecimentos.
Fazia apenas 3 meses que estava em Nova Iorque e já tinha acontecido mais coisas comigo, do que 30 anos da minha vida no Brasil. Exceto pela morte de Fabiana, estava tudo bom demais para ser verdade. Qual seria o preço a pagar por aquelas novidades todas? Nem eu sabia, e na verdade, não queria pensar nisso também.
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Preço de um recomeço #Wattys2016
RomantikHeloísa Sanches é uma mulher de 30 anos que se vê sem chão após uma grande decepção em seu casamento com Ricardo. Logo após a separação ela decide que vai tomar outros rumos na sua vida. Desiste de seu emprego, de sua vida no Brasil e decide se aven...