Capítulo 60

5.2K 549 20
                                    

Minha cabeça latejava. Senti algo molhado sendo passado no meu rosto. Algo que era áspero e macio ao mesmo tempo.

Abri os olhos devagar e a luz fez meus olhos arderem então fechei novamente.

- Helo? – escutei a voz masculina. – Ahh... graças a Deus. Eu não sabia mais o que fazer.

Era Gabriel. Mas do que ele estava falando?

Abri os olhos, dessa vez totalmente. E percebi que o "algo molhado e macio" era a língua de Meg.

E minha cabeça ainda parecia que ia explodir. Acho que bati com ela no chão quando desmaiei.

Eu desmaiei?

Ah, agora eu me lembro. O envelope, o bilhete de Ricardo e ...

Comecei a chorar de novo.

- Ele tá aqui. – eu disse num sussurro quando Gabriel me abraçou. – Ele tá aqui. – repeti de forma descontrolada.

- Shiiii... eu sei. Eu queria te avisar mas você não atendia. – ele estava alisando meu cabelo. – Estava em um barzinho com a Kathy agora a tarde e o vi passando na rua. Eu ia te avisar. – ele estava chorando também. – Eu vi o que aquele covarde te mandou. Desculpa. Eu não devia ter ficado tanto tempo fora.

Ficamos grudados e um movimento atrás dele eu vi que Kathy estava encolhidinha sentada em uma das poltronas.

Ela sorriu para mim. Mas não consegui retribuir.

- Eu apaguei por quanto tempo?

- Não sei. – Gabriel disse me deitando novamente no sofá. – Chegamos tem uns vinte minutos e você já estava apagada no chão.

Assenti e fechei os olhos.

O barulho de alguém esmurrando a porta me fez abrir os olhos novamente.

- Deve ser o Peter. – Kathy me olhou pedindo desculpas. – Nós ficamos meio sem saber o que fazer. Desculpa, mas eu chamei ele.

Eu assenti enquanto Gabriel foi abrir a porta.

Peter nem esperou abrir a porta direito e entrou feito um raio.

- Onde ela está? – falou me procurando, vindo em minha direção e me abraçando. – Você que quer me matar de susto. Só pode.

Ele tentou me repreender, mas o alivio em sua voz era nítido.

Um senhor baixinho entrou atrás dele.

- Me deixei examinar ela, por favor.

- Eu trouxe meu médico para dar uma olhadinha em você. – ele disse saindo de cima de mim mas não soltando minha mão.

Olhei para o Dr. Tirando algumas coisas de dentro de uma maleta.

- Que drama Peter, eu só desmaiei. – disse me sentando.

Ele me ignorou efusivamente e olhou para Gabriel.

- O que aconteceu?

Meu irmão ficou meio sem saber o que dizer então eu assumi.

- Foi o Ricardo. – eu disse e precisei ficar quieta quando o Dr. Colocou o aparelho para aferir minha pressão. – Ele está aqui em Nova Iorque e me deixou esse envelope.

Apontei para material em cima da mesa. Peter o pegou e olhou o conteúdo. Por uns instantes pareceu confuso mas depois sua fisionomia demonstrou que ele entendeu o que aquele desgraçado queria.

Ricardo havia me mandado, junto com o bilhete, uma cópia da primeira e única ultrassonografia que eu fiz quando estava gravida.

A única que deu tempo de fazer antes de eu perder meu bebê.

Preço de um recomeço #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora