Capítulo 61

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Gabriel atendeu ao interfone e pediu um minuto.

- É ele. O que eu faço?

Peter levantou rapidamente indo em direção a porta.

- Eu vou descer e quebrar a cara dele.

Levantei também e pus entre ele e a porta.

- Seja racional Peter. Preciso dele calmo para entender que não quero mais nada com ele e por um fim nisso tudo.

- Racional? Eu estou vendo tudo vermelho na minha frente. Eu quero quebrar a cara desse filho da puta em mil pedaços. Pra ele aprender a como tratar uma mulher. Principalmente como tratar você.

Ele estava soltando fogo pelas palavras e pelas ventas.

- Preciso que você se acalme, ok? Por mim. – disse tocando seu peito de forma delicada. Depois que percebi que ele estava mais racional e calmo, falei com Gabriel. – Pede para ele aguardar na recepção que nós já vamos liberar a entrada dele.

Os dois olharam para mim franzindo a testa.

- Você vai falar com ele aqui? – Gabriel perguntou.

- Vou. – disse com decisão. – Assim, vocês vão aguardar lá dentro e se eu precisar de ajuda eu chamo.

- Ok. Acho que é um plano bom. – meu homem me abraçou e beijou minha cabeça.

Sai de seu aperto.

- Vou me trocar então.

Meu irmão pediu para o porteiro avisar para que ele aguardasse um pouco.

No quarto, vesti uma calça jeans azul e uma bata branca. Precisava da paz que a cor poderia proporcionar. Uma sapatilha preta, brincos de perolas e um rabo de cavalo completaram meu visual que eu pretendia passar seriedade.

Os dois estavam na sala visivelmente nervosos.

- Não sei, não. Acho melhor eu ou Peter estarmos aqui na sala com você. – Gabriel estava com os punhos cerrados.

Andei até ele e passei minha mão em seu rosto.

- Vai dar tudo certo. Estamos falando do Ricardo, Biel. Ele foi da família por muitos anos. – sorri tentando tranquiliza-lo. – Vocês esperam no seu quarto e deixa a porta entreaberta, se o clima ficar muito pesado vocês veem me salvar. Ok?

Pisquei para ele e a contragosto ele assentiu. Olhei para Peter que negava com a cabeça.

- Por favor. – sussurrei para ele.

Ele deu de ombros, derrotado, me deu um selinho e foi em direção ao quarto de Gabriel. Meu irmão foi atrás.

Agora estava sozinha na cozinha, ensaiando pegar o interfone e liberar a entrada daquele já foi, um dia, o homem da minha vida.

- Portaria.

- Aqui é a Heloisa. Tem uma pessoa aguardando por mim ai?

E eu estava rezando para que ele tivesse desistido e ido embora. Voltado para o Brasil. Sei lá.

- Tem sim senhora.

E assim minhas orações não me atenderam.

- Ok. – fiz uma pausa e suspirei. – Vou pedir para o senhor liberar a entrada dele. Mas vou pedir para que o senhor fique em alerta na portaria para qualquer ação estranha.

O senhor ficou um pouco ofegante.

- Do que a senhora esta falando.

- Não se preocupe. É bem provável que nada de mal aconteça. Mas se por algum momento o senhor ouvir gritos, escândalos ou qualquer outra ação desnecessária pode chamar a policia.

- Tu-tudo bem. - o coitado até gaguejou.

- Ok. – mais um suspiro para fechar o drama. – Pode pedir para Ricardo subir.

Desliguei e comecei a tremer. E suar. E ofegar, de um jeito ruim.

Pensei em trancar a Meg na lavanderia, mas decidi deixa-la comigo. Uma companhia seria bom. A qualquer perigo, ela também poderia dar um alarde.

A campainha tocou. E meu coração parou, errou umas batidas e voltou a bater que nem uma britadeira. Minha espinha ficou travada e não consegui me mover.

Aos poucos, fui avançando devagar até a porta. Respirei fundo umas trezentas vezes e me obriguei a criar uma postura confiável e segura. Coisa que, internamente, não estava acontecendo.

Quando abri a porta dei de cara com meu passado. Que nem era tão longe assim. Um passado que me parecia tão lindo, tão certo, tão completo. Mas que agora, no presente, não me dizia nada. Era como se eu tivesse na frente de um estranho e lindo ser humano.

Sim, por que Ricardo era um homem bonito. Era o mesmo homem alto, forte na medida certa, cabelos e olhos escuros, pele clara e aquela barba rala que seu sempre amei.

Amava

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Amava.

Não amo mais e agora eu tenho certeza disso.

Até mesmo seu sorriso sacana me tirava o folego.

Lembro-me de que quando o vi pela primeira vez na faculdade, ele piscou e abriu o mesmo sorriso que está abrindo agora para mim.

Mas naquela época, aquilo fez meu mundo girar e meu estomago se contrair.

Bem, não posso dizer que agora não esteja sentindo isso tudo também, mas de uma forma ruim. Muito ruim.

- Oi Helo. – aquela voz rouca e grave que sempre me causou arrepios gostosos, agora me causava arrepios de raiva. – Eu trouxe para você.

Ricardo estava vestindo uma calça preta, uma camiseta preta e um blazer cru.

Nas mãos ele trazia flores. Um buque lindo de rosas vermelhas que de nada faziam para melhorar o clima estranho que se instalou entre nós dois.

- Oi Ricardo. – e eu não pude deixar de enfatizar seu nome. Pois no passado, eu apenas o chamava de Rick. – Entre, por favor.

Abri mais a porta e dei passagem a ele.

Não sei por que, mas até mesmo o perfume dele estava me causando náuseas.

Que Deus me ajude nessa empreitada.


**** Gente, eu sei que é covardia usar o fofo do Romulo Estrela como Ricardo... mas eu idealizei ele como personagem.

Sei que mais uma vez parei numa fase decisiva... mas não me matem ok? Todos os capítulos agora serão assim... não tem como ser diferente, já que estamos em uma fase onde todos segredos e conflitos irão aparecer.

Só peço que tenham paciência comigo ;)

Bjos bjos... amo vcs ****

Preço de um recomeço #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora