Entrei no meu apartamento ainda tentando recuperar meu folego.
- Heloisa Sanches. – me repreendo. – Como você é idiota. O que você tinha a perder deixando o pobre homem subir um pouco. Só para uma última bebida.
Meus surtos de arrependimento foram cortados pelo som do interfone tocando.
Eu me assustei. Olho no relógio, já são quase meia-noite. Quem seria aquela hora? Sem mais demora eu atendo.
- Alô!
Silencio.
Da onde estou consigo ter uma visão da rua pela janela da sala. O carro de Peter ainda está parado no meio fio. Ai Meu Deus... é ele!
- Alô! Tem alguém ai? – insisto novamente.
Escuto uma tosse forçada.
- Hum... é o Peter. – ele faz uma pausa. – Só queria saber se você entrou bem no seu apartamento.
Dou risada.
- E porque você não ligou no meu telefone ao invés de esperar para poder apertar meu interfone?
- Eu não tenho seu telefone, Heloisa. – ele diz e parecia irritado ou decepcionado.
- Ah é verdade. – respondo me lembrando que nem me dei o trabalho de passar meus contatos para ele. – Eu estou bem Peter. Pode ficar tranquilo.
Alguns segundos de silencio.
-Ok. – diz ele. – Vou embora então. – mais uma pausa. – Mas será que um dia você vai me dar seu telefone para que eu saiba que você esta bem?
Solto um suspiro alto, e é um suspiro de quem não sabe o que fazer e não de exasperação. Eu tenho certeza que ele ouviu porque ele fala logo em seguida.
- Tudo bem Heloisa, não vou mais tomar seu tempo. Boa noite.
Vai Heloisa, reage mulher. Alguma voz dentro de mim grita comigo.
Sem pensar muito, aperto o botão para liberar a porta do prédio.
Houve alguns segundos de hesitação da parte dele.
- Heloisa, a porta se ... – ele tenta me avisar que a porta tinha sido destravada.
-Entre.
Coloco o telefone no gancho e espero meu visitante chegar até a porta.
Levou menos de 1 minuto, mas pareceu uma eternidade. Ouço ele bater na porta e meu coração começa a acelerar dentro do peito.
Abro a porta e o recebo com o meu melhor sorriso.
- Entre, por favor. – digo a ele.
Peter entra, faz o reconhecimento do local com os olhos. Ainda bem que eu mantenho meu apartamento limpo e arrumado.
- Achei melhor não passar meu telefone por interfone. – vou me explicando e fechando a porta. – Vai que algum maníaco passa e escuta, não é? – dou uma risadinha.
Ele sorri de volta e posso ver que ele está agradecido por eu ter deixado que ele subisse.
- Além do mais – eu continuo. - eu me lembrei que ainda não comi. Acho que por isso fiquei levemente bêbada.
- Levemente? – ele soltou uma gargalhada. – Você estava bem alegre.
Faço uma careta pra ele.
- Bem, quer comer comigo? – pergunto a ele.
Ou me usar como refeição. – penso. Balanço a cabeça pra me despertar daqueles pensamentos.
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Preço de um recomeço #Wattys2016
Roman d'amourHeloísa Sanches é uma mulher de 30 anos que se vê sem chão após uma grande decepção em seu casamento com Ricardo. Logo após a separação ela decide que vai tomar outros rumos na sua vida. Desiste de seu emprego, de sua vida no Brasil e decide se aven...