Capítulo 11

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 Falamos de várias outras coisas, demos risadas de outras, em algumas situações Peter dava um jeito de esbarrar a perna na minha, colocar sua mão nos meus braços e até mesmo na minha coxa, e quando me dei conta já estávamos na quinta caneca de chopp, eu não estava mais respondendo pelos meus atos e nem pelo o que saia da minha boca.

Não querendo passar vergonha na frente daquele Deus Latino, desejo desesperadamente ir embora. Foi ai que eu me lembrei do meu trato com o Marcello. – O chute. – eu pensei. Sem pensar direito, eu chuto uma canela por baixo da mesa. Mas para meu vexame, eu chuto a canela do Peter no meu lado e não a de Marcello. 

Ok... não me culpem. Meus reflexos já não eram os mesmos. Portanto meu chute não achou a direção certa.

- Aiiii! – ele grita. – O que foi isso? – pergunta ele olhando por baixo da mesa. Rapidamente recolho meus pés junto um do outro.

Acho que chutei forte demais. Começo a rir sem parar.

- Achei que fosse uma barata. – digo sem pensar muito bem na resposta.

Marcello percebe que já estou mais pra lá do que pra cá e levanta a mão para o garçom pedindo a conta.

- Vamos embora, Gata? – diz ele olhando para mim.

- Eu posso deixar ela em casa. – diz Peter. – Se você não se importar é claro. – pergunta para mim.

- Não precisa, Peter. Obrigada, eu pego um táxi. – agradeço a ele.

- Eu faço questão. – ele diz. – E da forma que você está, é melhor alguém te acompanhar até em casa. – Peter pega seu celular e liga para alguém. Troca duas palavras e desliga.

Marcello deixa algumas notas em cima da mesa e se levanta.

- Essa noite foi por minha conta. – diz ele olhando para Peter. – E pode deixar que eu acompanho a Helô até sua casa.

Peter começou a ficar irritado.

- Vamos todos juntos então. – diz ele para Marcello. – Eu deixo você primeiro e depois levo a Heloisa até o Brooklyn.

- Como você sabe que eu moro no Brooklyn? – pergunto ao Peter. Mas ele não responde.

Isso está começando a ficar sinistro.

Nos encaminhamos até o carro do "Senhor sabe tudo da Srta. Sanches" que estava parado em frente ao bar.

É um carro grande, preto e com vidros muito escuros. De dentro salta um homem alto, de pele clara e olhos azuis, que abre as portas para nós. Era o motorista. 

Que chique, vou voltar para casa de motorista e na companhia de Peter Louis. – penso comigo mesma.

Primeiro entrou Marcello, depois eu e por último Peter ao meu lado. Deitei minha cabeça no ombro do meu caça talentos preferido e fechei os olhos. Mas logo chegamos na casa de Marcello.

- Boa noite, Gata. – ele diz pra mim, virando me presenteando com um beijo na cabeça. – Você vai ficar bem?

- Vou sim. Pode ir em paz. – dou um beijo no seu rosto.

- Obrigado pela carona, Peter. – ele aperta a mão dele e sai.

Peter apenas acena em confirmação.

Assim que o lugar do Marcello vaga, eu pulo pra janela. Aperto o botão e deixo o vidro deslizar por completo. Enfio a cara para fora e deixo o ar da noite me tomar.

Peter fica me olhando o tempo todo, certamente se divertindo com a visão de uma mulher de 30 anos se comportando como uma caipira de 18 anos. Mas não me viro para ele.

- Você vai se resfriar, minha linda. – ele quebra o silencio e coloca a mão novamente na minha coxa, logo acima do meu joelho.

Sinto uma corrente de calor subir pelas minhas pernas e uma pressão deliciosa no meio delas.

Coloco a cabeça para dentro do carro e fecho a janela.

- Desculpe. – digo envergonhada. – Eu só precisava de um ar no rosto para passar essa brisa louca que a bebida deixou em mim. -Sorrio para ele.

- Não precisa se desculpar, você é uma visão bonita de qualquer maneira. Mas agindo assim, como uma adolescente, chega ser um crime de tão linda.

Fico vermelha, mas no escuro do carro ele não consegue perceber.

No restante do caminho ficamos calados. Quando o carro parou na frente do meu prédio, Peter desceu para abrir a porta do carro para mim. Me acompanhou até a porta da frente e esperou que eu achasse as chaves na bolsa. Ainda sob o efeito do álcool, eu demorei uma eternidade para achar as chaves e outra eternidade para conseguir colocar as chaves na fechadura. – Ai que vergonha. – pensei comigo. Abri a porta e me virei para ele. Quase engasguei quando pude notar a forma com ele estava me olhando. Desejo era o que mais transparecia. – Deuses dos Deuses Latinos. Me ampare. – fiz uma oração em silencio.

- Obrigada pela carona.

- Você vai ficar bem? Não quer que eu suba com você. Só para garantir sua segurança. – ele levanta uma sobrancelha.

Safadinho! Dou uma risada. Mas não, ainda não.

- Não precisa se incomodar. Eu estou bem, não vou errar a porta do meu apartamento. A brisa da bebida já passou.

- Que pena. Poderia fazer muito mais por você essa noite.

Ahhhh Peter!!!!!! 

Eu tenho certeza de que você poderia fazer muito, muito mais por mim ainda esta noite. Coro com meus pensamentos obscenos.

Aproximo meu rosto do dele. Perto, bem perto, perto demais. E quando ele estava começando achar que já tinha ganhado a noite, pelo menos com um beijo na boca, eu me viro para direita e deixo um beijo estalado na sua bochecha.

Dava pra ver adecepção nos olhos de Peter. Mas não voltei atrás. Acenei por uma última vez,entrei e fechei a porta atrás de mim, sem olhar para trás. 


Preço de um recomeço #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora