Capítulo 26

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Estávamos tomando café ainda, quando escutamos a porta principal se abrir. Nós dois olhamos ao mesmo tempo em direção ao barulho.

Uma mulher baixa, que aparentemente tinha uns 50 e poucos anos, robusta, de pele negra e com um par de fones no ouvido, entrou na cozinha cantando. Uma cena realmente hilária. Ela vinha remexendo seus quadris no ritmo da musica em seus ouvidos.

Quando nos viu, a mulher empalideceu e cessou seus passos sincronizados ao mesmo minuto.

Quase deixei escapar uma gargalhada, mas me contive.

- Oh, Sr. Louis! – ela disse espantada. – Desculpe, não sabia que o Sr. já estava de pé. – ela olha no relógio e volta falar. – Ainda é cedo.

Peter parece nem se importar com sua presença.

- Bom dia Lourdes. Não tem problema. Acordamos cedo mesmo. – ele faz uma pausa e olha para mim. – Lourdes, lembra da mulher que eu disse que um dia ia ser minha? – ele volta a olhar para ela e nos apresenta. – Heloisa, essa é Lourdes. Lourdes, essa é Heloisa Sanches.

Não faço cara de surpresa, pois já imaginava de quem se tratava. Sorrio para ela e estendo a mão para cumprimenta-la.

- Ah sim. É um prazer Srta. Sanches. – ela abre um sorriso largo e mostra seus dentes incrivelmente brancos. – O Sr. Louis fala muito de você, mas é muito mais bonita pessoalmente.

Sorrio de volta.

- O prazer é meu, mas pode me chamar de Heloisa.

Ela assenti e adentra a cozinha. Para de frente a pia e apoia as duas mãos nos quadris.

- Passou um furacão aqui ontem a noite? – ela diz brincando olhando da pia para nós.

- Olha só Lourdes, eu bem que tentei arrumar, mas Peter não deixou. – dou de ombros.

- Não tem problemas, eu ajeito isso em um segundo. – ela se vira para Peter e continua. – Ele sempre me deu trabalho assim. Mais parece um molecote do que um homem formado.

Peter faz beicinho de magoado e todos nós rimos.

- Vou dar um jeito nisso tudo e depois vou voltar para casa da minha amiga, para aproveitar o restante do fim de semana. – continua Lourdes. – Quer que eu deixe alguma coisa pronta para o almoço?

Peter olha para mim e espera que eu responda. Eu não me manifesto, apenas balanço a cabeça de forma negativa, então ele toma partido.

- Não precisa Lourdes. Se der fome a gente dá um jeitinho.

Ela concorda com a cabeça e se distrai com os afazeres, enquanto nós dois terminamos o café da manhã.

Retiro as coisas do balcão e levo até a pia. Peter também se levanta, mas vai até a porta pegar o jornal.

- Srta. Sanches, você fez um milagre na vida desse homem. Você sabe não é? – Lourdes dispara baixinho.

Balanço a cabeça negativamente tomando meu último gole de café.

- Não sei do que você esta falando, desculpe. – respondo.

- A vida dele era triste até o dia em que ele te viu naquele jornal abençoado. – ela sorri e olha para mim. – Me lembro do rosto dele quando abriu o jornal e disse: "Mulher Misteriosa". Os olhos dele brilharam Srta. Sanches. Sou uma mulher vivida, sei reconhecer um homem apaixonado. – ela faz uma pausa e continua. – Embora eu achasse que fosse mais uma distração da parte dele, mas com o passar do tempo fui vendo que não era. Todo dia ele aparecia com uma novidade sua pra me contar.

Preço de um recomeço #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora