⚜ Capítulo 14 ⚜

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PARTE DOIS

Príncipe Lucas Williams, narrando.

"Escolha ser você em todas as circunstâncias. Mesmo que estas circunstâncias custem a sua vida".
Príncipe Lucas Williams,
A plebeia coroada.

Quando você nasce príncipe e cresce na realeza, você acaba tendo apenas três opções: seguir ao pé da letra todas as ordens que lhe são dadas, observar os passos de seu pai na jornada para receber a coroa que herdará e tomar decisões corretas para que nenhum súdito inocente seja prejudicado. Isto é o que o protocolo real do meu reino decreta. Mas tendo como conselheiro o meu pai, estas regras se tornam difíceis de serem cumpridas.

Na concepção de minha majestade, as regras são reformuladas assim: siga as minhas regras, ou melhor, não faça as suas regras. Não existe nenhum caminho para a coroa que não seja você me obedecendo depois que subir ao trono, não tome decisões corretas. Se tiver que matar, mate. Se for um plebeu, mate com mais prazer. Entre um nobre e um plebeu, escolha sempre a hierarquia. Escolha a nobreza.

Por isso não queria ser um príncipe. Não queria ser eu! Eu apenas gostaria de acordar pelo menos um dia sem ter que fazer todos os meus cronogramas e sair dessa pressão psicológica que está me sufocando faz muito tempo.

- Você irá completar seu vigésimo segundo aniversário, Lucas. Está na hora de arranjar uma princesa para possuí-la em seus prazeres carnais. - Sorriu. - Na sua idade, eu era conhecido como o aproveitador dos bons corações. Bom... Na minha concepção eu só as fazia felizes. - Gargalhou, suavemente. - Não sei porquê deixei a sua mãe te educar. - Balança a cabeça com culpa. Esta é a parte que mais odeio do meu dia como príncipe, "a insensibilidade do meu pai".

- Talvez, o senhor nunca tivesse tempo para isso, pai. Educar seu próprio filho é pedir muito para um rei como o senhor. Não é mesmo? - Perguntei com repúdio na voz.

Ferdinand Will Williams, além de ser meu pai, é o rei de toda Coralia. Ele é conhecido por seu povo como: aproveitador, egoísta, corrupto, a morte, a fome, a miséria e muitas outras coisas ruins que não devem ser pronunciadas para que seus belos ouvidos não escutem. Entretanto para os nobres o meu pai é o guerreiro mais forte, poderoso, o rei mais sábio de todos os tempos, destemido e o criador da paz entre os reinos. Já viram que uns o odeiam e outros o adoram.

Ele não tem cabelo. Gosta da sua barba e bigode tradicional, é alto, seus olhos são negros, sua boca é avermelhada e carnuda, sua pele é morena e enrugada. Tem uma musculatura forte, apesar dos seus cinquenta anos de idade. Ainda não descobri a sua melhor qualidade. Mas o seu pior defeito é a sua frieza em todos os aspectos. Ele não pensa muito caso tenha que matar alguém. Não tenho uma boa relação com ele, só uma relação de aparências para que isso não seja notado pelo povo. Como ele mesmo diz, isto pode trazer insegurança ao povo em relação ao reino e ao trono. Se eu odeio as decisões dele? Sim. Se eu consigo enfrentá-lo? Não.

- Com tantas guerras espalhadas entre os oitos reinos, acredita que eu tinha tempo para cuidar da sua educação? Para isto eu paguei e continuo pagando os seus tutores. - Fala, encarando-me.

- Acredito que não deva exigir muito de mim, pai, já que não me educou. - Murmuro.

- Eu fui educado dessa maneira pelos seus avós! - Levo um susto, o que é de costume. Quando menos se espera, ele sempre surta.

- Não acredito que o vovô e a vovó tenham te tratado desta maneira dura. Eles nunca me trataram de maneira dura e rancorosa, quando estavam vivos, como o senhor faz comigo. - Murmuro.

A Plebeia CoroadaOnde histórias criam vida. Descubra agora