"E se uma decisão mudasse você? Mudasse sua vida e todos os seus princípios?"
Anabella Campbell,
A plebeia coroada.Eu não tenho bons sonhos quando estou triste, então já pode imaginar como foi minha longa noite de sustos.
Eu tentei dormir. Mas rolava de um lado para outro e meus cochilos repentinos eram destruídos por pesadelos. Não conseguia pensar em carneirinhos subindo e descendo a montanha como meus pais me ensinaram a fazer em uma noite assim. Porque os meus pensamentos continuavam presos nos últimos acontecimentos.
Depois da décima vez que acordei chamando pela minha irmã, eu parei de contar. Comecei mesmo a pegar no sono, quando já era de manhã. Até que minha tia me acordou.
- Ana, acorda. Você precisa se levantar. Eu já deixei você dormir demais. - Titia me balançava rápido.
- Eu já vou levantar, tia Stela. Não consegui dormir a noite toda. Preciso desses minutos para aguentar ficar acordada o dia inteiro. - Murmuro com os olhos pesados e o corpo exausto. Um caminhão cheio de ouro real havia passado por cima de mim com certeza.
- A Lucia quer te mostrar uma coisa. Disse que só mostrará para você. Ela não me deixou ver. Deve ser importante. Ande, se levante. - Ela abre as janelas do meu aposento e o reflexo do sol dá luz a escuridão.
- Lucia! - No mesmo instante saltei da cama e fiquei de pé. - Ela está bem, tia Stela? Não olhe para mim com esta cara e me responda. - Pergunto, assustada.
- Você realmente não conseguiu dormir. Está péssima. - Ela me encara, incrédula.
- Não me torture dessa maneira, tia Stela. - Disse, batendo os pés no chão de ansiedade.
- Ela está melhor. Se arrume pelo menos para falar com ela. - Disse, ao abrir a porta do meu aposento.
- Eu já estou indo. - Eu me sento na cama, respiro fundo, me estico lentamente, caminho para o banho, penteio meu cabelo, me visto e saiu do meu aposento.
- Lucia está aqui na sala, Ana! - Tia Stela gritou da cozinha. - Parece que você recebeu uma carta. - Disse sorrindo. Eu sabia que pelo o olhar de titia, havia alguma coisa de errado com a tal carta.
- Quem é o remetente dessa carta, tia Stela? - Perguntei ao entrar na sala.
- Pergunte a sua irmã. - Tia Stela me dá um beijo e caminha para a cozinha de novo.
- Dormiu bem? - Eu avisto Lucia e depois de um beijo em sua testa, a analiso para ver com ela estava de saúde e me sento no sofá em seguida.
- Lucia tosse. - Eu estou bem melhor. - Sorriu e tossiu novamente.
- Pelo menos não está mais com febre. Mas ainda precisa de cuidados especiais. Você não deveria estar assim. A culpa é minha. Se eu tivesse pago os impostos ao recolhedor, eles não teriam te levado para a prisão real. Hoje você não estaria com este rosto doentio. - Eu coloco minhas mãos na testa dela.
- Quantas vezes eu vou ter que repetir, Ana? A culpa não foi sua. Minha saúde que é muito frágil e pare de me tratar assim. Eu já tenho quinze anos. Não precisa dar sua vida por mim, Ana. Só porque nossos pais fizeram você prometer. Eles não estão mais aqui. - Ela disse entre tosses e se ajeitando no sofá.
- Eu não quero que repita mais isto, Lucia Campbell. Eu amo você e vai ser sempre assim que vou te tratar. - Digo irritada.
- Você não tem jeito mesmo. - Ela sorriu. Seu rosto ainda estava pálido, do mesmo jeito que ela voltou da prisão, acompanhada pelo Piter. - Eu recebi algo muito importante hoje cedo, Ana. - Lucia escondia algo em suas mãos.
- O que recebeu de tão importante que te deixou com este sorriso? - Eu puxo delicadamente seu nariz.
- Uma carta. - Ela abre as mãos e me mostra.
- Quem é o remetente? - Perguntei ao tentar pegar a carta da mão dela.
- O remetente é o rei Ferdinand. - Seus olhos brilhavam.
- Por que eles trouxeram esta carta para mim? Mais deveres para os plebeus? Ou leis novas para dificultar a nossa vida? - Murmurei.
- A destinatária é você. Pegue a carta, Ana. - Lucia estende a mão, toda empolgada.
- Obrigada. - Eu coloco a carta na mesa e me levanto.
- Espere, Ana. Não vai abrir a carta? - Lucia me olhou com raiva.
- Não. Com certeza deve ser mais algum imposto que eu terei que pagar. A nossa casa está em meu nome. - Disse.
- Posso abrir? Por favor, Ana. Por favor, minha irmã. - Depois de Lucia fechar as mãos e implorar, não tive como negar.
- Pegue a carta e leia alto para que eu possa escutar também. - Eu me sento no sofá de novo.
- Está escrito assim: Quando o sol raiou. De sua majestade, rei Ferdinand Williams, para Plebeia Anabella Campbell da província de Coralia. Cara senhorita Anabella Campbell, é com imenso orgulho que seu rei tem a honra em te informar, que a partir de agora a senhorita está convocada a participar do Seja Real. - Lucia pula de alegria e tenta me abraçar.
- Continue. - Murmurei, tentava raciocinar o que estava acontecendo e quase não a abracei.
- Tudo bem. Depois de analisar muitas plebeias, você foi a escolhida por nós. - Lucia sorriu. - Titia venha escutar, rápido! - Gritou Lucia.
- O quê está acontecendo? - Titia Stela veio voando. Deu até para sentir e ouvir seus passos pesados sob o chão da sala.
- A Ana está no Seja Real! Ela poderá fazer algo para beneficiar os plebeus! Vamos comemorar! - Lucia pega as mãos de tia Stela e começa a dançar pela sala.
- Pare, Lucia. Não tenho mais idade para essas brincadeiras. - Tia Stela tentava buscar o fôlego.
- Por que só eu consigo ficar feliz com esta ideia? - Lucia se joga no sofá.
- Não é verdade. Eu só não estou acreditando que eu fui convocada para o Seja Irreal. - Sorri.
- Real, Ana. Seja Real. Você pode mudar a vida dos plebeus dentro do Seja Real. Não é incrível? - Lucia estava muito empolgada.
- Eu sei. Tudo é mudado quando você enfrenta o Seja Irreal. Dizem até que você se transforma em uma corva da sociedade. - Suspirei.
- Estranho. - Titia murmura.
- O que é estranho, titia? - Pergunto.
- Eu pensei que o Seja real não iria começar tão cedo. Nada foi anunciado nos jornais. Eu cheguei a acreditar que não iriam fazer o Seja Real este ano. Já que todos os plebeus perceberam que isto era mais um golpe do rei contra seus súditos. Uma distração. - Murmurou.
- Esta não, tia Stela. - Eu digo ao lembrar da vinda do senhor Fílipy em minha casa.
- O que aconteceu dessa vez, Anabella. - Titia, agora, sempre fica com os pés para trás comigo.
- No dia seguinte que Lucia foi levada para prisão, o senhor Fílipy apareceu na porta de casa e me vez várias perguntas. Agora eu entendo. Ele me encheu de perguntas e disse que nos veríamos em breve. Eu o ignorei. Eu estava muito preocupada com a Lucia. Ele me escolheu para fazer parte do Seja Irreal. - Suspiro. - Eles fizeram do Seja Real deste ano um mistério. Mas por quê? Algumas semanas atrás corria boatos na província que tudo mudaria. Pelo visto estavam certos. Como será agora, titia? O que será de mim? - Perguntei a ela.
- Esta é uma de suas menores preocupações. Esqueceu do Piter, seu noivo? O que ele achará disso? - Piter estava se aproximando de mim aos poucos.
- Não sei. - Murmuro.
- Acho melhor vocês duas se preocuparem com isto depois. - Disse titia indo para a cozinha. - Piter passou bem cedo e deixou muita coisas boas para o nosso café da manhã. Ele é uma ótima pessoa, Ana. - Titia começa a arrumar a mesa.
Não posso entrar no Seja Irreal. O que eu faria nele? Isto muda tudo. Este convite muda tudo. Se a pena para as plebeias que não querem participar for mesmo a morte, eu não terei escolha.
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A Plebeia Coroada
Teen FictionSinopse: Quando Anabella descobre que sua irmã está em perigo, percebe que a única chance de salvá-la é se transformar em uma dama e se casar com o príncipe. O que será que o destino reservou para uma plebeia? Aviso: e você estiver lendo essa histór...