⚜ Capítulo 32 ⚜

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Príncipe Lucas Williams, narrando.

"Por que as pessoas tem prazer pelo mal que causam aos outros?"
Príncipe Lucas Williams,
A plebeia coroada.

Acordei bem cedo depois das declarações assustadoras de ontem feitas pelo o meu amor. Afinal, com tudo que escutei sobre o rei Ferdinand não consegui dormir direito.

Ele era meu pai! Meu pai! Não consigo acreditar que ele possa ser assim. Tão frio, perverso, duro e sem piedade com qualquer outra pessoa que não seja ele mesmo.

Não me lembro dos dias de felicidades que tivemos em família. Meu pai sempre foi duro comigo e depois do ocorrido com a minha mãe ele ficou ainda pior.

Sempre me repreendendo por coisas bobas e dizendo uma de suas típicas frases: "você tem que ser rei, você tem que ser homem". Isso me deixava furioso. Mas eu nunca fui capaz de enfrentá-lo. Só agora depois de conhecer a Anabella Campbell.

Eu a amo mais do que qualquer outra coisa na vida e vou enfrentar o rei por ela.

Eu queria devolver o sorriso de Anabella, por isso, eu preparei um belo desjejum para ela. Com lindas rosas vermelhas sobre a mesa, uma toalha dourada, talheres prateados, pães, doces, chá e guloseimas.

Ela acordou bem tarde. Devia estar muito cansada com o ocorrido. Se recompôs rápido para saber qual era a minha surpresa.

Meu amor ficou tão admirada com a surpresa que eu fiz e agradeceu me chamando de príncipe gelado. Acho que agora este apelido não é mais uma ofensa a mim.

Tudo que eu tenho na vida é da Anabella Campbell, a dona do meu coração.

- Eu insisto Lucas. - Ela me diz, ainda tomando o nosso desjejum.
- Você precisa me contar. Eu contei sobre os meus pais. Agora é a sua vez de me contar sobre a sua mãe, a rainha Charlote. Este é o maior segredo de Coralia. Temos um trato, além de nos casarmos e eu voltar para o palácio se algo acontecer com a minha família - Concluiu.

- Meu pai me fez prometer que eu nunca contaria a ninguém, meu amor. - Digo.

- Ainda acha que seu pai merece o seu respeito por ele? - Ela me encara com indignação, parando a colher no ar antes de colocá-la na boca.

- Não. - Murmurei.

- Me conte, Lucas. A onde está a rainha Charlote? - Diz, autoritária.

- Eu suspiro muitas vezes, penso por um longo tempo. Ela me encara e espera por minha resposta. - Depois do meu desaparecimento, quando voltei para o palácio, eu percebi algo diferente em minha mãe. Ela não era mais feliz. Afinal ela nunca foi. Mas estava bem pior. Porque antes ela conseguia disfarçar o seu sofrimento e depois que eu voltei para o palácio ela não fazia questão de esconder a sua dor. Foi ela que me apresentou a biblioteca real e me deu de presente o seu espaço. Ela me contou que mandou construir uma biblioteca para ficar longe do Ferdinand. Ela me dizia que lá era o seu refúgio. Quando eu estou dentro da biblioteca me sinto com ela ainda. Sinto seu cheiro por toda parte. - Suspirei, enquanto ela ficou atenta aos meus relatos. - Não sei em que momento da vida minha mãe deixou de amar o rei. Mas o fato era que ela não queria ser mais a rainha. Eu escutava as discussões deles, ele batendo nela, ela gritando. Era horrível. Eu só queria ser forte para impedir ele de tocar nela com tanta violência. Mas eu só tinha cinco anos. - Suspiro e choro.

- Eu sinto muito, Lucas. Eu odeio o rei Ferdinand a cada dia mais. Vamos destruí-lo juntos. Eu te prometo. - Ela me abraça.

- Eu me lembro bem daquela noite. Minha mãe veio se despedir de mim. Eu implorei para ela ficar. Mas ela disse que estava fazendo tudo para o meu bem. Ela me deu um beijo no rosto e pediu para mim dormir. Eu fingi que dormia e a segui quando ela saiu do meu aposento. Ela se encontrou com um homem na porta detrás do palácio. Eu não vi o seu rosto. Não sei quem era. Mas ela estava indo embora com ele. Antes dela alcançar o portão do palácio meu pai apareceu de surpresa com alguns guardas. Ele ficou enfurecido e gritava feito um louco. Dizia que minha mãe havia traído ele. Eu vi ele matar aquele homem com uma espada enfiada em seu coração. Eu estava com tanto medo do que ele poderia fazer com a minha mãe. - Chorei ainda mais. - Ele bateu nela novamente e entregou ela como escrava para um outro nobre do reino de Whitemore. Minha mãe foi vendida para aquele homem, Ana. Eu vi ela sendo levada contra a sua vontade e implorando para o Ferdinand não fazer nada comigo. Eu saí de dentro do palácio e corri para alcançá-la. Mas meu pai me impediu e disse para mim ser forte, um homem. Me fez prometer que nunca contaria a ninguém sobre aquela noite. - A abraço ainda mais forte.

- Por que você nunca enfrentou o rei Ferdinand, Lucas? Por que nunca foi atrás da sua mãe? - Perguntou.

- Eu tinha medo! Eu sempre tive medo do meu pai. Ele sempre me fez ver os julgamentos do plebeus e de seus traidores. Eu cresci vendo pessoas morrendo lentamente e sem a piedade dele. Eu nunca tive coragem de enfrentar o rei Ferdinand Williams. - Digo.

- Nós temos que acabar com ele, Lucas. Temos que acabar com o rei Ferdinand. Ele não pode me torturar mais, torturar você e os plebeus. Ele se preocupa com ele mesmo e mais ninguém. Eu quero, você quer, Coralia quer ser livre de todas essas injustiças. Eu não consigo mais ficar parada! Enquanto mais eu conheço o rei mais aumenta a minha vontade de destruir ele. - Ela tinha muita coragem. Não poderia escolher rainha melhor.

- Eu te amo. - A surpreendo com um beijo em sua testa. - Você é muito mais forte do que eu pensava. Eu vou te dar um presente. - Digo.

- Que presente, Lucas. - Perguntou sem entender.

- Eu moverei céus e terras para deixar você no comando de um batalhão. Você conduzirá e fará um plano para tomar o trono do meu pai. Você matará o rei Ferdinand Williams. Este é o meu presente para você. Agora me diga o que faremos, Ana. - Concluo.

- Ela pensa por um longo tempo. - Temos que encontrar a rainha Charlote, Lucas. Este é o ponto principal. Precisamos de mais aliados para lutar contra o rei. Precisamos da sua mãe. - Ela seca minhas últimas lágrimas.

- A viagem até lá será uma grande aventura, meu amor. Tem certeza de que quer fazer isso? - Acaricio seu rosto.

- Sim. - Respondeu.

- Estaremos correndo um grande risco já que estamos sendo dados como desaparecidos em Coralia e nos demais reinos. Se formos encontrar minha mãe, podemos não conseguir chegar até ela. Seremos eu e você contra tudo que estiver sobre o nosso caminho. - Eu queria deixar claro para ela sobre todos os perigos que enfrentaríamos.

- Eu vou correr qualquer risco, Lucas. Eu vou achar a rainha e trazer ela de volta para Coralia. Ela precisa de você. - Ela coloca a mão em meu rosto.

- E se ela não querer voltar? E se ela não lembrar mais de mim? E se ela não querer me ver? E se ela estiver morta? Foi por essas perguntas e por medo do meu pai que eu nunca saí do palácio para procurá-la. - Questionei.

- Eu vou encontrar a rainha. Não me importo com os obstáculos. Vamos encontrar a sua mãe, Lucas. - Ela insiste.

- O que eu não faço por você. Partiremos a noite. - Ela me abraça.

Eu estou com medo. Nós vamos nos arriscar, pois é necessário. Ainda tem o fato de não conhecer muito as redondezas. Mas Ana será o minha bússola e eu a nossa segurança. Estamos dispostos a acabar com o rei Ferdinand o quanto antes.

Será que teremos um final feliz?

A Plebeia CoroadaOnde histórias criam vida. Descubra agora