⚜ Capítulo 3 ⚜

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"Não desista de viver mesmo nas piores situações".
Anabella Campbell,
A plebeia coroada.

Eu nunca entendi o fato em que as pessoas sempre vão te tratar da pior maneira quando descobrir o que você é de verdade. A onde foram plantadas as suas raízes, qual a sua casta.

Não importa o quanto você seja especial, maravilhosa em todos os aspectos, bondosa, alegre e humilde. Se for uma plebeia não será tratada como princesa. Não pense que seus sapatos de salto gastos ou seus vestidos de seda remendados vão te fazer se tornar aquilo que você não é.

Haverá sempre algum membro da nobreza para te colocar no seu devido lugar. Onde todos os plebeus vivem. Abaixo de seus pés, juntos com os animais ou dentro de uma masmorra.

- Desculpe. Mas eu não sou a senhorita... - Murmuro, enquanto ele me arrasta para o meio do salão de dança.

- Não precisa se desculpar, senhorita Heloísa. Nós não somos noivos? É comum os casais dançarem. Ande, venha comigo. Todos querem nos ver. - Me perguntou, sorrindo e me puxou para o salão.

- Eu não posso dançar com o senhor. - Vejo a senhorita Heloísa parada no meio da escadaria, olhando fixamente para mim. - Porque eu não sou a senhorita... - Ele leva a sua mão a minha boca.

- Não diga mais nada. Não seja tímida minha noiva e dance comigo. - Ele sorri, enquanto a música começa a tocar.

- Eu não posso. O senhor está se equivocando comigo. - Consigo me afastar dele e caminho em direção a cozinha.

- Não faça isso comigo, minha noiva. - Ele me alcança, segura meus braços e começa a me guiar na dança.

- Senhor. Eu sou apenas uma... - Eu paro de dançar quando vejo Heloísa discutindo com seus pais.

- Dance comigo. É uma ordem. - Seu olhar autoritário e a sua frase, me deixam tensa.

- Não consigo dizer a ele sequer uma palavra, até que sussurro. - Sim. Eu danço com o senhor. Mas eu não sou a senhorita... - Me interrompe mais uma vez.

- Eu nunca poderia imaginar o quanto a senhorita poderia ser atraente. Quando eu a olho, vejo o reflexo de um anjo. - Eu confesso. Eu não deveria estar fazendo isto. Mas as palavras dele pareciam ser tão verdadeiras e eu nunca tinha escutado isso de um nobre.

- Obrigado. Suas palavras alegraram o meu dia, senhor. Mas eu preciso lhe dizer que eu não sou... - Eu estava constrangida e me sentia culpada. Eu estava tomando o lugar da verdadeira dona do coração dele, Heloisa.

- Seu sorriso é perfeito. Adorarei olhar para ele todos os dias, senhorita, com todo o respeito. - Eu mantinha minha boca aberta tentando dizer quem eu realmente era e presa no fato de que pela primeira vez eu estava sendo tratada como uma pessoa.

- Pare com a música! - Vejo a Heloísa gritar. Ela caminha em direção aos músicos e começa a arremessar todos os instrumentos no chão. - Eu disse para parar com a música! - Grita novamente.

- Percebo ela vindo em minha direção. Ela segura meu cabelo e começa a me puxar com força. - Me solte! - Exclamo.

- Não vou te soltar! Sua plebeia mentirosa! Como pôde querer se passar por mim? - Percebo o som de um "ó" invadindo o salão. Vejo meu mundo desmoronar naquele momento.

Ela começa a puxar meu vestido com muita força, sem perceber estamos brigando no meio do salão. Até que eu sinto meu vestido ser rasgado e em questões de segundo caiu no chão sem roupa, totalmente despida. Tento puxa-lo das mãos de Heloísa. Mas ela o arremessa para longe. Me mantenho de cabeça baixa. Me tampando o máximo possível com as mãos. Mas mesmo assim ainda estava despida. Fico tão constrangida que começo a chorar sem parar.

A Plebeia CoroadaOnde histórias criam vida. Descubra agora