A Plebeia Coroada

⚜ Capítulo 37 ⚜

Anabella Campbell, narrando.

"Como foi o seu primeiro beijo?"
Anabella Campbell,
A plebeia coroada.

A minha vida não poderia estar melhor. Em pensar que em semanas atrás eu estava quase morrendo por dentro por ter sido obrigada a entrar no Seja Real pela realeza e principalmente por quase perder a minha irmã.

Claro que este "melhor" não encaixa estes problemas. Eu estou melhor agora por estar, viver, amar e desejar ele. Meu príncipe. Meu amor. Meu coração. Meu mundo. Meu... Simplesmente meu. Só meu.

Aquela noite na floresta foi incrível. Nossa primeira noite sendo nós mesmos. Sendo simples pessoas comuns, humanos sem nomes, sem Williams no bolso, sem tudo. Sendo amantes, sendo tudo que quiséssemos ser.

Eu ainda estava tão confusa, culpada e com medo... Eu estava com ele e ao mesmo tempo não estava. Sei lá. É difícil voltar a amar quando você se proibiu de amar novamente. Porém, o Lucas foi tão paciente que me conquistou a cada dia que passávamos juntos. Eu pedi para irmos com calma e assim ele fez.

Estava indo tudo bem. Até sairmos daquela casa no meio da floresta a procura da rainha e sermos pegos e aprisionados pela rainha Helena. Eu nunca vou perdoá-la por nos entregar ao rei Ferdinand.

Assim que voltamos para Coralia, o Cruel cumpriu com o que havia decidido. Me separou do Lucas definitivamente. No Seja Real, disse que eu estava muito doente e quando melhorasse a disputa voltaria da onde parou. Ainda acrescentou que o sumiço de seu herdeiro não tinha nenhuma ligação comigo conforme tinham anunciado antes. Disse que o Lucas preferiu se refugiar nos jardins reais até o Seja Real voltar. Mas não havia avisado ninguém. Então decidiram dá-lo como desaparecido e mentes perversas contaram a história que Lucas havia fugido com a plebeia do Seja Real apenas para causar desordens e mais rebeliões. O rei ainda discursou que deixou esta mentira continuar, porque eu não queria que ninguém soube que eu havia adoecido e os plebeus mortos não eram inocentes. Mas larápios que estavam anos na prisão sem receber um devido julgamento.

Mentiras e mais mentiras! O pior é que ninguém percebeu nada! Acreditaram que eu estava realmente doente. Os plebeus oraram por minha suposta melhora todos os dias após o anunciamento do Cruel, quando nos trouxe da prisão whiteana. Tudo por causa desta mentira criada pelo rei!

Neste período do nosso sumiço a côrte anunciou que as convocadas permaneceriam no palácio com várias atividades rotineiras criadas pelo senhor Fílipy para distraí-las.

Ele ainda foi mais longe. Depois da nossa captura, minha suposta melhora e o Seja Real voltar a funcionar, ele faz de tudo para que o Lucas fique com a filha da rainha Helena. A princesinha nojenta e insuportável: Eveline Amélia White!

Tudo para me irritar! Isto me machuca e magoa! Eu não suporto quando ela toca ele! Eu quero impedí-la! Mas tenho que me manter firme. Eu odeio ser comandada pelo cruel Ferdinand!

Agora Eveline se tornou a queridinha do público do Seja Real. Todos querem que o Lucas se case com ela depois de ter ganhado a primeira etapa. Mas segundo a Sofia, Eveline só alcançou o auge da fama do Seja Real depois do Lucas desaparecer. Porque ela havia vendido todos os seus objetos pessoais em troca de contratar, por conta própria, um batalhão de homens especializados em casos de desaparecimentos. Pura encenação!

Até mesmo os demais reinos querem ela como rainha, desvalorizando suas herdeiras. Não sei o porquê, se uma união com Coralia ajudaria no crescimento dos seus reinos. Mas Dimitri comentou com o Lucas que escutou alguns murmúrios no caminho de sua viagem sobre o rei de Whitemore estar comprando as majestades dos reinos de Booth, Bakhtin, Colinia, Walper e Morali com ouro e promessas após sua filha ser coroada a rainha de Coralia. Se for mesmo verdade, isto explicaria tudo.

Ah, exceto os plebeus, é claro. Eles querem me ver como rainha. Mas as minhas servas, contaram que os plebeus acham que eu não estou me esforçando para fazer o príncipe me amar. É muita injusta! Se eles soubessem a verdade.

Lucas não suporta fazer tudo o que o Cruel manda assim como eu. Mas ainda não podemos fazer nada contra o seu reinado. Por isso estamos deixando ele acreditar que ganhou. Desde que voltou, Dimitri e ele estão buscando por plebeus que querem destruir o rei. Já conseguimos quase a metade de plebeus corajosos e preparados para nos ajudar.

O que mais me dói é ter que viver com o Lucas as escondidas. Certo dia ele me mandou um recado. Dizia que me pegaria a noite em meu aposento as uma da manhã, quando os guardas faziam um pausa de cinco minutos e alguns caminhos do palácio ficavam sem vigilância. Eu pensei que era para fugirmos de novo. Mas estava errada.

Assim ele fez. Bateu em minha porta, pediu que eu ficasse quieta e corremos para a biblioteca. No momento eu não entendi. Mas depois me contou que na biblioteca real havia um seção privada que contava todas as histórias de Coralia. Seria ali nosso esconderijo para nos encontrarmos.

Confesso que mesmo indo todos os dias na seção privada de madrugada, eu ainda vou morrendo de medo de sermos pegos. Mas graças aos céus ainda não fomos.

Mais uma vez eu estava lá esperando por meu amor com uma angústia no peito. Porque o Lucas sempre chega atrasado. Isto me deixa muito nervosa, pois eu imagino as piores coisas que poderiam estar acontecendo com ele.

Minutos depois do seu atraso ele aparece na porta depois de dar três toques e entrar com aquele olhar sereno e tranquilizador. Depois de chamar a sua atenção por me deixar desesperada, vou logo tratando de agarrá-lo.

Quando estou com o meu príncipe gelado é como se eu encontrasse um mundo perfeito, repleto de cores, doces e felicidade. São momentos em que sinto seu toque e carinho em mim que eu digo por dentro: "É você o meu amor verdadeiro".

Mas confesso que algo dentro de mim ainda sente uma certa insegurança de se abrir totalmente para ele por medo de sofrer caso venha a perdê-lo algum dia. Assim como perdi os meus pais. Por isso ainda não o beijei. Mesmo ele sendo tão gentil em me esperar o tempo que for. Porque eu sei que quando aceitar o seu beijo ele entrará para sempre em meu coração e o medo de perdê-lo será minúsculo comparado ao meu amor por ele.

Depois de eu recusar mais uma vez em beijá-lo. Não ficamos mais ali por muito tempo e saímos da seção privada com as mãos entrelaçadas. Depois de fecharmos a porta, passamos pela biblioteca entre risos, tropeços, abraços e carícias.

Quando ele abriu a porta e avistou que tudo estava vazio, demos nossas últimas milhões de carícias. Afinal seriam dois dias sem se ver. Depois de deixarmos nosso magnetismo de lado, seguimos cada um para um lado. Eu para direita e meu amor para esquerda. Na esperança de nenhum guarda nos pegar no caminho e na espera do nosso reencontro de novo. Isto será difícil, pois, já estou acostumada em ver o seu rosto de madrugada.

"Eu estarei te esperando amanhã e por toda eternidade continuarei te amando". É assim que sempre nos despedimos.

Quando entrei em meu aposento tranquei a porta e retirei minha capa, deixando-a dentro da mesma caixa de presente que eu havia ganhado.

Eu apago a luz, dou um pulo em minha cama e relembro todas as cenas que vivi com ele a pouco. Simplesmente era sempre assim... Sempre me sentia com ele, mesmo depois dele ter partido. Nosso amor vai muito além do que eu imaginava.