Anabella Campbell, narrando.
"Os pais deveriam ser eternos".
Anabella Campbell,
A plebeia coroada.Acho que você não deve se lembrar sobre o decreto de tia Stela para minha vida. Foi algo como: uma hora ou outra o amor vai entrar em sua vida e não conseguirá fugir mesmo que queira.
Eu ainda tentei lutar contra este sentimento por ele. O amor se transformou em algo novo na minha vida. Eu nunca pensei que poderia amar alguém de novo sem ser o meu anjinho.
As vezes eu me pego pensando nela quando estou conversando com ele. Me sinto sufocada e culpada por isso. Desde que meus pais se foram a única pessoa que desejei amar e jamais perder foi a Lucia.
Agora não sei mais sobre os meus sentimentos. Tudo parece tão confuso e estranho. Eu confesso que estou dividida em duas partes. Possuo um coração dividido. Metade dele é de minha irmã e a outra foi roubada de mim sem piedade, tornando-se de Lucas. Será que eu estou errada?
Penso mais nele do que nela. Fico mais feliz com ele do que com ela. Oh! Como eu sou egoísta! Eu não queria ter este sentimento dentro de mim. Mas isto é maior que tudo que eu já conheci.
- Eu não entendo. Seus pais morreram por culpa do meu pai? O que o meu pai tem haver com a morte dos seus pais? - Insistiu, inconformado com minhas palavras.
- A noite está tão perfeita, Lucas. Por que vamos abandoná-la para falar de algo tão ruim e que me machuca? - Me levantei do sofá, caminhando apressadamente para porta.
- Eu preciso saber, Ana. Eu entendo que falar sobre a morte dos seus pais é doloroso. Mas eu tenho que saber o quão cruel o meu pai ainda pode ser mais. Seu rei está sempre transformando a minha vida em um inferno. Eu não quero perder você por culpa dele. - Ele fica vermelho de raiva. Isto foi engraçado. Nunca tinha visto ele assim. Mas não deixei ele perceber que eu queria rir.
- Tem que me entender. Isto me machuca muito. Ainda não consigo dizer sem chorar, Lucas. - Digo com os olhos cheio de lágrimas.
- Me conte, Ana. Eu estou te pedindo. Veja isso como uma troca de favor. Você ainda não me beijou. - Que golpe baixo!
- Eu deveria te odiar por você ser filho de quem é. Mas por que eu não consigo fazer isso? - Questionei depois de rir de sua frase anterior.
- Que você nunca desista de mim, Ana. Nunca desista de mim por causa do rei Ferdinand. - Ele súplica.
- Nunca. Você não é igual a ele. Você deve ser igual a rainha. - Ele arregala os olhos.
- Não me pergunte o que quer perguntar, Ana. - Ele diz de uma vez.
- Eu quero te conhecer melhor assim como você. Promete não me esconder nada? Assim eu também farei. Sem segredos ou mentiras entre nós. Temos mais um trato, Lucas? - Minha vez de usar um golpe sujo.
- Sim. - Depois de pensar, ele respondeu e apertou a minha mão.
- Eu tinha apenas quinze anos, era feriado de ano novo, há cinco anos atrás. Todos os plebeus da província estavam preocupados. Preocupações em dobro para minha família em especial. Naquela noite, não tínhamos o que comemorar. Mais anos de fome, talvez. O rei Ferdinand havia decretado na noite anterior que todos os plebeus deveriam dar a ele cem porcento de tudo que tínhamos. Os plebeus ficaram enfurecidos. Mas o que poderiam fazer contra o rei? Nada além de obedecer. Todos se organizaram e deram o que tinham. Mas meu pai... Meus pais não fizeram isso. Não tínhamos o que comer naquela noite como em quase todos os outros dias, Lucas. - Ele ouvia sem acreditar. - O recolhedor Max foi até a minha casa ainda de noite para recolher os impostos de província. Meu pai disse que não tinha nada para oferecer a não ser trabalhar para o rei. Mas o Max não entendeu ou não quis escutar. Ele nos arrancou de casa, tirou todos da província de suas casas, nos colocou no meio da multidão de plebeu e acendeu uma fogueira. - Eu choro descontroladamente. Há anos que me permitir esquecer de tudo aquilo.
- Não chore, Ana. Eu não posso suportar em lhe ver chorar. Não precisa me contar mais nada. - Ele diz em pânico.
- Eu preciso. Temos um trato. Eu prometi que não mentira ou esconderia algo para você. Ele acendeu a fogueira com os outros recolhedores de impostos e fez um anúncio. Eu ainda lembro de cada palavra do Max...
"Saibam todos que aqui está uma família que se recusou a pagar os impostos ao rei e por isso sofreram as consequências". - Meu pai implorou para o Max deixar eu e minha irmã ficar com a minha tia. Max custou, mas cedeu e nos entregou a tia Stela e tio Marcus. Os dois estavam no meio da multidão. Eles choravam, assim como eu e a Lucia. Tia Stela pegou a Lucia nos braços, enquanto tio Marcus me segurou com força. Max continuou: "O rei decretou e aqui está escrito que aqueles que não pagarem os impostos deveram morrer e servir de ensinamento para o restante. Queime eles". - Novamente eu volto a chorar. - Eles foram queimados vivos por ordens do seu pai! Eles foram mortos por culpa do seu pai! Eu ainda consigo ouvir os seus gritos de dor na minha cabeça. Depois daquilo minha vida mudou de ruim para pior. Meu tio Marcus morreu pelo mesmo motivo, Lucas. Eu odeio o seu pai! - Choro.- Eu não posso acreditar na perversidade doeu pai toda vez que a escuto ou vejo. - Ele balança a cabeça, negando. - Eu sinto muito. Eu sinto muito mesmo. Ele não tocará em nenhum fio dos seus cabelos ou da sua família. Eu te prometo, Ana. Eu sou sua vida e proteção agora. Eu vou ser o rei de Coralia e Ferdinand Williams morrerá. - Concluiu convicto.
Ele me olha decepcionado com raiva. Era certo que estava um pouco confuso e preocupado. Lucas franzi o cenho, suspira e me coloca em seus braços. Nos deitamos sobre o sofá e depois de longas carícias eu acabamos adormecendo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Plebeia Coroada
Teen FictionSinopse: Quando Anabella descobre que sua irmã está em perigo, percebe que a única chance de salvá-la é se transformar em uma dama e se casar com o príncipe. O que será que o destino reservou para uma plebeia? Aviso: e você estiver lendo essa histór...