⚜ Capítulo 38 ⚜

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Príncipe Lucas Williams, narrando.

"E se você estivesse alucinado?"
Príncipe Lucas Williams,
A plebeia coroada.

A alucinação é a realidade de muitas pessoas. Psicologicamente, segundo os meus livros, é um momento de ternura com todos os nossos desejos inexistentes. Por muitos dias eu me tornei um ser alucinado.

Eu era alucinado por um devastado e incompreensível amor. Eu estava aprisionado por um rosto de uma mulher e  desejava aquela alucinação. Desejava delirar todos os segundos do meu dia, acreditando que ela estava comigo mesmo não estando.

Meu delírio era estar cada instante com ela, segurando seu corpo sobre o meu e olhando fixamente para o seu olhar acastanhado. Mas agora isto acabou. Não estou mais alucinado. Simplesmente eu estou vivendo algo espetacular.

Eu não preciso ficar alucinado para sentir que Ana está em mim. Presente em cada parte do meu corpo. Eu não preciso ver sua foto para lembrar do seu rosto. Porque conheço cada parte dele.

Eu sou assim. Sou um eterno apaixonado. Um eterno apaixonado por Anabella.

Nunca imaginei que dentro de meu mundo egoísta e cheio de preconceitos, eu encontraria uma mulher corajosa e sonhadora de todas as maneiras. Mas enfim, eu á encontrei.

Confesso que foi difícil ter ela em meus braços. Mas valeu cada esforço que tive que fazer por ela. Porque agora somos um pelo o outro.

Porém, uma coisa anda me assombrando. As palavras do meu pai. Se ele teve coragem de tirar a vida de todas aquelas pessoas, Ana corre perigo.

Eu conheço meu pai muito bem. Sei exatamente do que ele é capaz. Eu preciso proteger minha Ana de qualquer maneira. Mesmo que seja com a minha própria vida.

"Não! Por favor, não! Deixa-a em paz! Não, pai!"

- Lucas! Lucas! Acorde, Lucas! - Dimitri me balançava.

- Não! - Acordei com o corpo todo suado e com a respiração ofegante.

- Dava para ouvir seus gritos do salão dourado. Quase me matou do coração! O que está acontecendo? Faz uma semana que você sempre acorda desse jeito. Mas nunca quer me contar. - Disse ao se dirigir a escrivaninha perto da minha cama, pegando a jarra e me estendendo um copo cheio de água.

- Obrigada. - Digo tomando a água em câmera lenta. Pensando em uma resposta convincente. - Eu só estou cansado com todo este Seja Real e super carregado com as minhas tarefas matinais. - Vou logo tirando minha camiseta toda ensopada.

- E estes seus pesadelos? A onde eles se encaixam nesta sua história? - Sempre Dimitri. Sempre ele querendo saber sobre a minha vida.

- Meus pesadelos são particulares. Pelo menos ainda não criaram um lei para comandar os meus pensamentos. - Me levanto da cama e me direciono para o meu guarda-roupa.

- Passou de deixar de ser seu, quando você começou a acordar todo o reino com ele. - Só espero não ter falado o nome dela!

- Chega, Dimitri! Eu vou tomar um banho para começarmos com os meus deveres. Teremos um dia exausto mais uma vez. - Falei.

- Te esperarei no portão do palácio. Não demore, por favor. Se é que você pode fazer isto sem suas infantilidades. - Ele sai de cabeça baixa, fechando a porta.

Ainda pude escutar seus passos pesados sobre o chão. Eu sei que Dimitri desconfia de algo. Mas eu não posso dizer que pela primeira vez na vida eu estou apaixonado... Que eu estou amando. Não quando meu amor é uma plebeia.

Ei! Nem pense em me levar a mal. Eu jamais ligaria para a casta de minha amada. Digo dessa maneira para você saber exatamente como eles odeiam os plebeus.

Anabella não precisa ter uma casta para eu dizer que a amo. Ela não precisa carregar uma coroa na cabeça para ser minha princesa. Ela simplesmente sempre será perfeita do jeito que ela sempre foi.

Tomei um longo banho, vesti meu uniforme de caçada e desci ao encontro de Dimitri. A minha primeira tarefa de hoje seria fingir caçar um animal.

Sim, fingir caçar. Porque eu detesto caçar. Matar animais não se encaixa em minha maneira de pensar. Até porque algumas pessoas da realeza se comportam como verdadeiros animais e estas eu não posso matar. Então, por que eu mataria um animal ou uma ave?

Assim que saí do palácio Dimitri já havia pegado nossos cavalos, materiais usados na caça e flechas. Cavalgaríamos durante uma hora até chegar no sul da minha província. Era na floresta dos plebeus que fingíamos estar caçar desde pequenos. Quando na verdade percorríamos o rio selvagem até o reino de Booth e lá ficávamos perambulando por toda parte.

Sempre nos dirigíamos para o sul da província. Porque não era habitada por ninguém. Assim ninguém veria o meu rosto e eu estaria "protegido" como Ferdinand falava. De certo os animais eram seus únicos habitantes. Além das maravilhosas florestas, nevascas e montanhas.

A parte norte da província era onde se localizava todas as casas de Coralia. Meu povo. Acho que com tanta pressão me recusei a se preocupar com a minha nação por anos. Pensar em ser rei tendo como conselheiro o Ferdinand me tornou egoísta. Mas agora não sou assim. Graças a Ana obtive a coragem que estava guardada dentro de mim há tempos para enfrentar o rei.

- Teremos que passar por aqui. - Disse Dimitri, apontando para a estrada da província do norte.

- Realmente não podemos ir direto pelo caminho sul da província para chegar a floresta? - Digo, ajeitando minha espada sobre meu ombro.

- Não. A chuva de ontem derrubou a ponte. Se quisermos caçar teremos que ir por aqui. - Novamente ele aponta para o lado norte da província.

- Voltaremos ao palácio. Quando a ponte for concertada nós caçamos. - Eu sei. Eu sou um covarde.

- Tem certeza, príncipe Lucas? Não quer ver nem de longe o que está acontecendo fora do palácio om o seu povo? - Dimitri me olhou incrédulo.

- Suspirei. - E se eles me odiarem? Eu nunca tive a oportunidade de estar presente e a pouco tempo eles descobriram que seu futuro rei sempre esteve vivo. Mas nunca teve a decência de aparecer. Não acha que eles vão questionar o porquê de não ter feito nada para ajudá-los? E se meus súditos acharem que eu sou igual a sua majestade? Eu não quero ser esfaqueado ou ser submetido a uma tortura pelo meu povo. - Eu não estava com coragem nenhuma para ver a realidade que eles estavam vivendo mesmo sabendo.

- Exatamente, Lucas. Seu povo. Não meu ou de qualquer outro plebeu. Só saberá qual será a reação deles se for até lá. Durante todo este tempo de dinastia do rei Ferdinand, sequer ele pôs os pés lá. Se você for até eles, tenho certeza que ficaram surpresos. - Pude ver o quanto Dimitri estava com raiva de mim.

- Eu penso. - Seguiremos em frente. Me tornarei um rei, não é? - Dei um sorriso, acenei para Dimitri e cavalgamos rapidamente até as casas da província.


A Plebeia CoroadaOnde histórias criam vida. Descubra agora