Capítulo XX | Cold

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[Leiam a N/A no final por favor]

Come As You Are - Nirvana

//FRI•O// 1 Que perdeu o calor, ou não o tem 2 Que comunica o frio ou dele não preserve 3 Inexpressivo, insípido 4 Insensível, impassível.

C A P Í T U L O XX

Quando aprendemos a ser forte, frio e calculista, esquecemos de ser humano, deixamos de amar e viver passando apenas a existir.”


Durante o fim da semana, percebi o quanto sentia falta da neve. Percebi o quanto ela nos segava à luz do dia, com todo aquele branco calmo e bonito, falsa à sua áurea de paz.
Percebi o quão ao contrário ela era disso e o quanto ela era parecida comigo.

Com o decorrer da semana, fizemos alguns serviços e levamos o novato de 16 anos conosco. Gargalhando com a sua reação com tamanha violência e agressividade que o nosso trabalho envolvia. Ele tinha o olhar arregalado quando pegou pela primeira vez em uma arma, ficou a olhar espantado, e mais uma vez, Steve estava a zombar do garoto.

Sem poder voltar para casa, Steve recusou-se a aceitar o garoto no seu pé, mas teve de aceitar. Três dias depois, Matt tinha seus olhos esbugalhados e a pulsação acelerada, devido descobrir que Steve foi um assassino é que teria que conviver com ele. Rimos novamente e o forçamos a aceitar que mais cedo ou mais tarde, ele também seria um.

Eu não era um assassino, nunca havia matado alguém na minha vida, mas imagem que as pessoas tinham perante a minha pessoa, era a de um assassino. Eu não precisava de dizer, eu só tinha que apontar uma arma e dizer que não tinha pena para apertar o gatilho. Isso era o bastante para elas interpretassem a pessoa que eu podia ser ou que já era.

No meio da semana, quando fiquei mais livre para voltar a rotina monótona que era a minha vida, voltei a ir para o café. Levava a camisa com padrões de animais estranhos do Hershel. Estava sempre a me esquecer de devolve-la e ao levar, Florence estava de costas ao balcão, eu não estava lá nos meus dias e não queria falar, então atirei a camisa para o balcão e fui para a minha mesa dos fundos. Eu percebi a maneira como Florence olhou para a roupa e depois para mim, de sobrancelhas levantadas, de seguida guardou-a e não disse nada.

No outro dia, percebi que havia um tecido preto sob a minha mesa dos fundos e assim que me aproximei, reconheci a minha t-shirt. Havia um papel dobrado ao lado, pousado sob a mesa, eu o peguei com a testa franzida e o abri.

" Não preciso agradecer."

Olhei ao meu redor e vi uma Florence sorridente a atender um cliente. Por um momento fiquei apenas a olhá-la e quando a mesma pegou-me, dessa vez, não desviei o meu olhar. Fiquei a encará-la e eu sabia o quão aquilo estava a ser intimidade, porque depois de alguns segundos, suas bochechas estavam rosadas e a sua atenção foi desviada para a morena que trabalhava consigo. Ainda assim, eu sentia que ela sabia que eu estava a olha-lá.

No terceiro dia a neve caiu e eu sentia-me melhor por isso. Eu afundei os meus cachos em meu gorro e levei uma caneta comigo para o café, queria respondê-la dessa vez e não via o porquê, eu só apenas o fiz.

Sentei-me na mesa dos fundos e peguei em um guardanapo. A minha letra era cheia de garranchos, por não escrever à um tempo, era tombado para a direita com a caneta rala. Ao terminar, voltei a me levantar e deixei o papel sob o balcão, próximo ao seu lugar e voltei a me sentar. Logo que Florence voltou dos fundos, seu olhar caiu no papel branco ralo, dobrado a sua frente, o abriu, leu e olhou para mim. Naquele momento eu tinha um cigarro nos lábios, um olhar sério, esperando pela sua resposta. E ela veio.

The Butterfly Effect | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora