Capítulo V | Salvation

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//SAL•VA•ÇÃO// 1 Ato ou efeito de salvar (se), ou remir 2 tirar ou livrar (de ruína, perigo, ou perda total) 3 Livrar-se.

C A P Í T U L O V

"Você pode fazer muito pouco com a fé. Mas você não pode fazer nada sem ela." Samuel Butler

Havia uma mancha amarela com pequenos flexes vermelhos no meu olhar, debaixo da minha sensível e cansada pálpebra. Fechava meus olhos com força abrindo-os de volta a seguir, acostumando-me com a claridade da luz da manhã.

Enquanto eu adaptava o meu olhar, pequenos pontinhos e flexes de luz eram vistos conforme olhava à volta do meu quarto. Esfreguei os meus olhos e levantei-me. Odiava acordar com a claridade nos meus olhos, e não era só por ter que acostumar-se com os flexes em sua vista, mas com o dia em que eu iria ter. A claridade significava que já era dia e o dia significava que eu tinha de levantar-me e lhe dar com o Dan.

Hoje, por acaso, não tinha de cobrar dívidas de algum delinquente ou de algum outro idiota. Hoje eu iria para o laboratório que, de certa forma, nem era o meu dia. Costumavam me buscar uma ou duas vezes por semana em dias afastados, mas hoje apenas fez um dia desde que estive lá. Era estranho, contudo, eu não podia retrucar Dan.

A água fazia o seu caminho pelo meu rosto, escorrendo em gotas e levando consigo as impurezas cansadas e exaustivas. Apoiei as minhas mãos na pia e olhei-me o reflexo no espelho sujo, reparando cada traço defeituoso do meu rosto, desde os rastros da água até a vermelhidão meio negra debaixo dos meus olhos, deixando claro que acordei neste exato momento. Fechei a torneira e passei a toalha sobre o meu rosto.

Depois de atirar ao lixo as caixas de pizzas espalhadas pelo chão da minha sala, coloquei os meus cigarros no meu bolso e tranquei a porta atrás de mim.

Caminhava até o café da cidade, sem ter o quê fazer realmente. Em dias como este, em que não havia trabalho para se fazer, eu passava no café. Ficava lá um bom tempo à olhar para os mesmos rostos que também lá passavam todos os dias. Era cansativo porque eram as mesmas pessoas e sempre com aquele olhar assustado com a minha presença, como se eu fosse apontá-las uma arma na cabeça. Isso era um absurdo até eu lembrar-me de que se elas estivessem devendo algo ao Dan, eu teria mesmo de fazê-lo.

Empurro a porta e os olhares são de imediatos desviados para mim. Puxei os meus cachos para trás e caminhei até a mesa dos fundos, sentido o peso que as minhas botas fazem contra o chão de madeira no silêncio.

Não via o porquê de toda essa "cerimônia" quando quase todas as manhãs eu vinha para cá, já deviam estar acostumados com a minha presença. Mas eu não era uma ameaça até mexerem comigo. Revirei meus olhos e sentei-me.

Como de costume, ninguém se oferecia ao meu atendimento, ninguém queria atender Harry Styles, mas eu não me importava. Na maioria das vezes, não vinha ao café propriamente para tomar o café, era mais para sentar-me entre as pessoas, mesmo na mesa do fundo, fingir que era uma pessoa normal e ignorar os olhares.

Aliás, eu preferia chá à café e, bem, você já sabe disso...

Se não me engano, havia uma garota que trabalhava por aqui. Vivia nas suas botas escuras e cabelos escuros aos ombros, era até que bonita, mas para além do medo que está tinha de mim, como todos é claro, exibia uma voz irritante e estridente. Há aqueles momentos em que eu tirava vantagens do meu poder sob essas pessoas, isso resumia-se em olhares de poucos amigos, irritado, fazendo a garota calar-se.

The Butterfly Effect | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora