Com o fim das férias, era hora de voltar a escola, rever os amigos. Mas que amigos? Durante o tempo em que esteve em coma ou recuperando-se na casa do tio, ninguém apareceu para visitá-la. Nem mesmo Derrick, que não atendia suas ligações. Seu namorado, que lhe fazia lindas declarações de amor não mandou nem uma mensagem para saber como estava. Não parecia amá-la, e seria enfática com ele.
Que tipo de amor era esse?
Quando mais precisou dele, não esteve ao seu lado, não teve ninguém. Na verdade a única pessoa que lhe dava carinho era Nana. Esta a tratava docemente, sempre carinhosa e conversava por horas. A ela Anahí devia os poucos e pequenos momentos de sorrisos desde o acidente.
Agora era chegada a hora de acordar para a sua realidade. O carro parou em frente ao Brookwood Park School. Percorreu com o olhar o prédio, respirou fundo e fechou os olhos. Queria que tudo aquilo fosse um sonho do qual ela acordaria e poderia voltar a andar, dançar e fazer tudo o que gostava. Abriu-os e, ainda com a janela fechada, observou a movimentação dos alunos entrando, e alguns observando o carro parado ali a frente.
Lembrou-se do primeiro dia em que esteve ali, com apenas 4 anos. Naquele momento era a mesma menininha medrosa que a mãe deixava com a professora que mais lhe parecia a madrasta má da Branca de Neve. Porém agora não tinha sua mãe ao seu lado segurando a sua mão. A sua frente estava o motorista que aguardava sua ordem para sair e retirar a cadeira de rodas do porta malas.
- Estou pronta Júlio. - ele fez menção de abrir a porta - Espere, poderia dar a ré? Não quero descer aqui.
Ele assentiu e deu a ré, saindo com o carro do campo de visão dos curiosos.
Assim que cruzou o portão todos os olhares se voltaram para ela. Foi como uma cena de filme, ou como se todos estivessem falando dela e parassem no exato momento em que chegou. O silêncio era absoluto.
Pararam em sua frente e a olharam como se fosse um bicho em extinção. Anahí ignorou e conduziu a cadeira de rodas para dentro da escola. Já havia uma pequena rampa ao lado das escadas, a escola fora alertada que sofreria adaptações por causa de uma aluna cadeirante.
Os olhares acompanharam Anahí. A loira sentiu um pouco de dificuldade em subir a rampa, por pouco não tombou, porém ninguém se deu o trabalho de ajuda-la. Segurou as lágrimas, o choro preso na garganta formavam um nó. E a situação piorou quando seus olhos presenciarem o beijo de Derrick e Fabiola.
Anahí apenas balançou a cabeça e foi até sua sala.
- Deixe-a docinho. - Fabíola falou melosa segurando-o no rosto - Anahí jamais fara as loucuras que cometemos juntos. - apontou descaradamente para a loira a olhando com desdém - Olhe pra ela, é uma inválida.
- Acho que agora não há necessidade de terminar. - ele riu debochado.
Anahí empurrou a cadeira de seu lugar e ficou ali.
- Sinto muito, mas não poderá mais sentar-se aqui a frente Anahí. - a professora Lúcia anunciou assim que a viu acomodar-se - Estando aqui atrapalha os demais alunos, terá que sentar-se ao fundo e aguardar até todos saírem a fim de não impedir o trênsito por aqui. - ela gestilou com as mãos, abrindo os braços para mostrar ao seu redor, apoiou as mãos então sobre a mesa e encarou-a - Não costumam permitir cadeirantes na escola, porém parece que pagaram uma boa quantia ao diretor para que termine o ano aqui.
- Não sairei daqui. - Anahí avisou a encarando também.
- Regras da escola querida, ou você prefere levar uma advertência para seus pais assinarem? - a professora pediu irônicamente, cruzou os braços sobre o peito e a loira respirou fundo.
- Mortos sabem assinar? - Fabiola zombou, parada a porta da sala.
E então risos tomaram conta do local e Anahí sentiu vontade de chorar.
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Love, Anahí
FanfictionQual o valor da verdadeira amizade? A popular loira de olhos azuis, que antes arrancava suspiros dos meninos e chamava atenção devido a sua beleza por onde passava, tem o seu brilho ofuscado devido a uma cadeira de rodas. Até o namorado decide que...