Capítulo 05 - Parte IV

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- Não acredito mais no amor. – rebateu rapidamente, com a voz trêmula.

- Permita que te faça acreditar outra vez. – ele pediu carinhoso, basicamente implorando e tentou lhe tocar o rosto, porém ela virou-o.

A mão dele permaneceu no ar, e em reflexo, antes que ela fugisse, segurou a cadeira com a outra mão, firmemente. Só então moveu a outra mão, segurando a cadeira também. Anahí deu uma rápida olhada para onde ele segurava, e torceu a boca, de um lado para o outro. Porque ele insistia tanto? Deveria desistir dela, buscar outra garota que fosse capaz de fazê-lo feliz, sentir-se um homem de verdade e que o pudesse amar intensamente.

- Fique longe de mim, por favor. – sussurrou com a voz embargada, segurando-se para não chorar, o olhando fixamente nos olhos - É o melhor que tens a fazer. – tragou saliva, respirou fundo – Eu sou diferente delas. – a loira comprimiu os lábios e encolheu os ombros.

Ele a olhou e sentiu uma imensa vontade de pegá-la no colo e niná-la. Anahí estava tão abatida com tudo que acontecia a sua volta não se permitindo enxergar que ao seu lado havia pessoas que a queriam muito.

- Eu não me importo com aparência, dinheiro e nada do que quer que aquelas pessoas desumanas gostam. – falou calmamente, soltou o ar pela boca, puxou a cadeira dela mais para perto, curvou o corpo para frente ficando bem próximo a ela - Eu quero você.

O coração de Anahí deu um pulo. Tê-lo assim tão próximo era um convite a perdição. Mas o que ela poderia fazer? Mal conseguia se mover sozinha, sempre necessitava de ajuda de Nana para trocar-se, tomar banho e outros afazeres. E como assim ele a queria? Mal a conhecia para afirmar com tanta convicção aquilo.

- Me conheceu ontem, isso é loucura.

Uma completa loucura, mas algo dentro dela gritava por viver, se jogar nos braços daquele garoto e voltar a ser feliz. Seu coração lhe dizia que Alfonso era o cara certo, o seu príncipe encantado, o amor que a mãe tanto lhe falava.

- Loucura é o que eu sinto quando estou do seu lado. Olha... – disse e puxou a mão dela levando em seu coração. – Consegue sentir? – ela afirmou com a cabeça e sorriu - Desde ontem quando te vi naquela sala toda tímida, ele fica assim meio louco.

O que, ou quem era aquele garoto? Ele realmente existia ou era apenas fruto de sua imaginação?

- Não quero me machucar outra vez. – confessou, enxugando uma lágrima que caiu sobre sua face, e logo outras caíram.

- E quem disse que vou lhe machucar? – ele sorriu, com o polegar enxugou as lágrimas e ela soltou um riso pelo nariz.

Anahí curvou o corpo para a direita, buscando afastar-se dele. Por mais que não quisesse, precisava manter-se longe de qualquer pessoa que pudesse lhe despertar o mais profundo sentimento: o amor.

- Vai ver isso é uma aposta que fez com seus amigos, para depois rirem de mim como todos aqui fazem. – rolou os olhos, e afastou um pouco a cadeira.

- Não há aposta nem nada. – ele disse balançando a cabeça negativamente, voltou a puxar a cadeira dela a trazendo mais perto novamente, Anahí riu, consequentemente ele também - Quando estava ocorrendo o concurso do projeto de ciências, meus amigos brincaram dizendo que aqui eu encontraria o amor da minha vida, e olha só, ai está você. – confessou, dando uma piscadela.

Anahí beliscou seu próprio braço fazendo Alfonso gargalhar. Com certeza estava sonhando, porém ele ainda continuava a sua frente, sorrindo lindamente.

- Eu não sou o amor da sua vida, e sim um atraso. – murmurou.

- O atraso mais lindo que eu já vi. – disse e levou as mãos a boca como se fizesse um cone – Quando você fica ao lado de uma pessoa e ela mesmo em silêncio lhe faz bem – cantarolou, subiu sobre o banco e ergueu as mãos - Quando você fecha os olhos e no pensamento está fotografado o rosto desse alguém – apontou e sorriu para ela, que abriu um sorriso enorme involuntário, talvez pelo fato dele ter subido no banco e estar cantando uma de suas musicas preferidas - Quando estiver no dia triste basta o sorriso dela pra você ficar feliz – continuou cantando aumentando o tom de voz e ela fez um gesto para que ele descesse do banco e o moreno o fez, pôs-se a sua frente, apoiou as mãos no apoio da cadeira dela e curvou o corpo para frente - Quando se sentir realizado e dizer que encontrou o bem que você sempre quis.

Ela riu e tentou tampar a boca dele com as mãos, rapidamente na velocidade da luz Alfonso a pegou no colo, empurrou a cadeira com os pés e girou a loira. Anahí soltava gritinhos e ria, acompanhada de Alfonso. Quanto mais ela ria, mais ele girava. Não sabia explicar, mas o sorriso dela tinha um poder, uma magia enorme, capaz de fazer com que todos a sua volta sorrissem apenas pelo simples fato dela estar sorrindo.

Ela pediu que ele parasse, então ele a olhou apaixonado. Olhos nos olhos, ele aproximou o rosto e encostou sua testa na dela. Anahí passou a língua nos lábios, soando como um convite a Alfonso. O moreno colou os lábios nos dela, e ambos corpos foram tomados por uma corrente elétrica. Anahí fechou os olhos e Alfonso delicadamente a beijou, sugando o lábio inferior em seguida, iniciando um beijo calmo. E bastou isso para sentir-se perdido com a doçura daqueles lábios macios. Anahí contornou os braços em volta do pescoço do moreno para ficar mais confortável e se deliciar com aquele beijo. Algo que nunca provara antes, um beijo diferente, doce e terno.

Separaram-se apenas quando o ar lhes faltou. Ele sorriu largamente e fez menção de beija-la outra vez, mas Anahí levou uma das mãos em seus lábios impedindo.

- Não, por favor. – implorou e negou com a cabeça - Nunca mais faça isso.

- Desculpe, eu só...

- Não diga nada, apenas me deixe sozinha.

Alfonso apenas assentiu e a colocou novamente na cadeira. Beijou-lhe na testa e se afastou, dando de cara com os amigos sorrindo.


Love, AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora