Capítulo 06 - Parte VI

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Guilherme tomou-a em seus braços, a girou fazendo a loira sorrir. Observou-a recordando da irmã. Anahí era praticamente idêntica a mãe quando adolescente, exceto os belos olhos azuis herdados do pai.

- Preparada para uma nova vida? – indagou enquanto a colocava sobre a cadeira de rodas, a loira o olhou confusa, Guilherme abaixou-se a sua frente e segurou uma de suas mãos – Prometo que darei o melhor de mim por você pelos restos de meus dias de vida. – anunciou, inspirou fundo - Quando me ligaram avisando que supostamente você havia tentado cometer suicídio me desesperei. Foram horas de angústia até saber que estava bem, sem sequelas. Quando te vi nessa cama desacordada, um filme passou em minha mente e recordei os anos que perdi mantendo meus entes queridos afastados, incluindo minha única sobrinha que eu mal conhecia. – confessou, a loira sentiu um nó formar-se em sua garganta e uma vontade imensa de desabar em lágrimas. Guilherme levantou-se, deu alguns passos para trás, cruzou as mãos sobre o peito - Em poucos dias que esteve em minha casa colocou minha vida de pernas pro ar. – comentou soltando um riso pelo nariz, soltou os braços, então deu dois passos a frente, a fitou olhos nos olhos – Você iluminou aquela casa, trouxe mais cor para meus dias. – curvou o corpo e a beijou demoradamente na testa. Anahí queria gritar de felicidade, mas uma mudança repentina assim no comportamento do tio era de se desconfiar - Prometo tentar ser menos rude e cabeça dura, apenas peço paciência, Portillas costumam serem persistentes. – ele deu novamente alguns passos e pôs-se atrás dela, segurando firme na cadeira de rodas - Enfim, vamos para casa que temos muito trabalho a fazer. Temos uma casa inteira para redecorar.

- Você está bem? Quer que eu chame o médico?

- Estou perfeitamente bem, melhor impossível. – ele disse alto, a guiando em direção a porta.

- Serei eternamente grata ao ser que abduziu meu tio chato e rabugento. – comentou alto e Guilherme riu.

Ele meneou a cabeça, caminhou até a porta e abriu, depois olhou para a sobrinha. Talvez se contasse a ela uma parcela de seus motivos por não querer criar laços com a família, a fizesse acreditar que tudo seria bem diferente daquele dia em diante.

- Sempre achei que fosse bem antes deles, que nunca veria você crescer. – falou, tragou saliva - Então decidi que era melhor não estar por perto, não criar laços afetivos contigo.

- Não te entendo... - ela sussurrou balançando a cabeça.

- Estou velho Anahí, amanhã posso não estar mais aqui. – ele disse estalando os dedos da mão direita.

- Não diga isso, que horror tio! – ela exclamou virando os olhos - Ou você tem alguma doença grave? São aquelas idas constantes ao exterior?

- Vamos para casa? – desconversou, foi em direção a cadeira e a empurrou para fora do quarto, então a loira travou a cadeira.

- Quero saber a verdade. – murmurou entre os dentes, o tio grunhiu - Foi o senhor que jogou na minha cara que eu precisava abrir os olhos e enxergar a realidade.

- Não é o momento para saber disso.

- E quando será? Quando estiver me deixado sozinha?

- Prevejo que essa aproximação vai me dar dor de cabeça.

Algo dentro de si dizia que o tio escondia algo bem grave, e ela descobriria cedo ou tarde. Rapidamente arquitetou planos para vasculhar o escritório atrás de provas ou algo do tipo, na primeira oportunidade que estivesse apenas ela e os empregados em casa. E então depois não teria mais como Guilherme negar.

O caminho até em casa foi de total silêncio. Ao chegar foi recepcionada com flores e um belo lanche feito por Nana, sua ajudante.

- Fico imensamente feliz que esteja de volta menina. – ela falou carinhosamente.

- Sou osso duro de roer. – a loira brincou dando uma piscadela.

- Com licença. – pediu uma das empregadas – A senhorita Anahí tem visita.

- Anahí precisa repousar, diga que não poderá receber ninguém. E além do mais...

- Estou perfeitamente bem. – interrompeu-o, olhou para Nana e abriu um sorriso – Poderia levar alguns sanduíches e sucos até a sala para que possa recepcionar quem quer que seja que tenha vindo me visitar?

A senhora assentiu rapidamente e retirou-se.  Anahí fez o caminho até a sala, abriu um enorme sorriso ao ver quem estava ali. 

Love, AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora