Capítulo 05 - Parte III

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- E o defensor dos inválidos chegou! – Fabíola exclamou cantarolando, voltou a levantar-se e se aproximou de Alfonso lhe tocando o peito - Diga-me, Anahí lhe paga para isso? – perguntou, o moreno retirou a mão dela com repugnância, deu um passo para trás.

- Não volte a me tocar. – Alfonso falou entre os dentes. – Agora deem licença que vamos entrar. – pediu gentilmente, parou atrás da cadeira de Anahí, segurando firme e indo em direção a entrada, porém ninguém se moveu.

- Lixo não entrará mais nessa escola. – Fabíola avisou, como se fosse dona do local.

- É isso aí! – um coro ecoou.

- Você deveria ficar em casa Anahí e não vir até essa conceituada escola para envergonhá-la. – a garota abriu um sorriso enorme, falando como se fosse a dona da razão e muitos risos foram ouvidos.

- Vai embora inválida! – um menino de óculos gritou e todos olharam para ele assustados, pois o menino nunca abria a boca para nada.

- Você vai pagar por tudo Anahí. – Fabíola falou enquanto se aproximava mais deles, dando de dedo - Por cada humilhação que me fez passar. – bufou e Anahí deu um riso fraco, pensou "parece uma vaca", Fabíola levou uma das mãos a cintura e prosseguiu estalando os dedos da mão livre - Agora o jogo virou, quem ri por último sempre ganha.

- Não se iluda, Anahí é mais fria que uma geladeira e nunca te dará o que quer. – Derrick aproximou-se também – Vai por mim, vai viver no... – ele gesticulou um vai e vem com a mão direita fechada.

- Vai passar o resto da vida sozinha. – Fabíola zombou, rindo alto, sendo acompanhada pela sua patotinha de aspirante a amigos falsos.

- Vocês são nojentos! – Alfonso exclamou fazendo cara de nojo, negando.

- Poupe sua saliva Alfonso, não vale a pena. – Anahí sussurrou para que apenas ele pudesse ouvir, mas Fabíola que estava com os ouvidos bem atentos, conseguiu escutar e riu.

- Ela está apaixonada pelo bolsista pobretão! Isso é tão romântico! – ironizou e um coro de riso explodiu.

- Estamos a fim de estudar, será que dá para tirar o entulho da porta? – o moreno perguntou, ignorando Fabíola.

- Ninguém irá se mover. – Fabíola cruzou os braços, sendo seguida pelos demais.

Alfonso balançou a cabeça e saiu dali empurrando Anahí para outro lado, mais precisamente aos fundos, contornando o prédio da escola. Logo chegaram ao antigo refeitório ao ar livre, ele parou próximo a um dos bancos e sentou-se de frente para ela.

- Que escola é essa?

- Bem vinda ao meu mundo Alfonso. – a loira gesticulou com as mãos, abrindo os braços.

Ele puxou a cadeira dela mais para perto e fez uma careta. Aquela aproximação fez o coração dela quase saltar pela boca, e ficou com receio de Alfonso perceber seu nervosismo.

- E você era assim como eles?

- Não. – ela apressou-se em dizer – Não sei o que aconteceu com essa escola. – puxou o ar, tragou saliva - Depois do acidente tudo mudou, tudo ficou mórbido e sem vida nesse lugar.

- Isso deve ser porque a garota mais linda dessa escola está um pouco debilitada. - Ela gargalhou alto. - Você deveria sorrir assim sempre, seu sorriso é lindo. – Alfonso disse tocando o rosto dela, Anahí tímida e envergonhada baixou o olhar, fugindo do encontro dos olhos. - Seu sorriso tem o dom de cativar e alegrar a todos...

- Não há motivos para sorrir, sonhar... – ela murmurou.

- Não diga isso, você é jovem, linda, tem uma vida toda pela frente. – mencionou, segurando-a delicadamente no queixo, obrigando-a a olhá-lo.

- Que vida Alfonso? – jogou a pergunta no ar, soltou o ar pela boca - Isso aqui para mim não é vida. – torceu a boca, tentou fugir do olhar dele, porém Alfonso foi rápido e segurou o rosto dela com as duas mãos - E já chega dessa falsidade toda, não preciso da pena de ninguém. – ralhou, e tentou, em vão tirar as mãos dele de seu rosto, segurando firme nos pulsos do moreno.

Por alguns instantes ela desviou o olhar, mas foi inevitável o contato. Aqueles olhos verdes eram como imãs, a chamando.

- Eu não tenho pena de você. – ele afirmou calmamente, sorriu e Anahí quis se perder naquele sorriso - Eu te olho e vejo uma menina incrível, com um coração enorme. – ele passou a língua nos lábios, a olhou pensativo e acariciou-lhe as bochechas com os dedos polegares - Me deixa cuidar de você, te proteger dessa gente mesquinha.

- Não preciso de proteção. – sua voz quase falhou, ela forçou as mãos, que ainda continuavam sobre os pulsos de Alfonso, querendo a todo custo que ele a soltasse.

Aquela aproximação toda poderia se tornar extremamente perigosa, e ela tinha muito medo do que estava por vir. Por mais que desejasse sentir o sabor do mel dos lábios daquele moreno, não podia se dar o luxo da doce ilusão de que alguém a olharia de uma forma diferente, muito menos ele que era tão carinhoso. Ninguém lhe faria mudar de ideia de que aquele olhar era apenas por pena.

- E de um amor? – disparou, fazendo-a arregalar os olhos o encarando e aquela famosa corrente elétrica percorrer os corpos de ambos.


Love, AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora