Capítulo 07 - Parte V

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O almoço na casa de Luciana foi agradável. A carne assada estava deliciosa, literalmente de lamber os dedos. E para fechar com chave de ouro, Juçara – a mãe de Luciana - serviu a sobremesa, algo que a loira nunca havia provado: sorvete caseiro. A loira gostou tanto que até pediu a receita para a mãe da amiga, que anotou tudo na última folha do caderno da loira.

Dona Juçara preocupou-se em fazer com que a loira se sentisse confortável naquele novo ambiente. Repetia várias vezes que era impossível não ser contagiada pelo belo sorriso daquela menina doce e encantadora. Anahí perdeu a conta de quantas vezes corou mediante tantos elogios. Realmente a amiga rica da filha era um anjo, bem diferente da maioria das pessoas com aquele status social. Anahí era uma enorme raridade para ela.

Após terem tomado quase todo o sorvete, Luciana a levou para seu lugar preferido da casa: o quintal dos fundos onde há uma grande árvore do tipo aroeira. Anahí observou extasiada a paisagem. O balanço sobre os galhos daquela árvore a fez recordar da infância quando o pai lhe embalava no parquinho do quintal de sua casa.

- É incrível não é mesmo? – Camila perguntou e Anahí assentiu minimamente, inebriada com seu campo de visão - Espere para conhecer o Bartolomeu e os outros bichinhos você vai pirar! – falou animada.

- Quem é Bartolomeu? – a loira perguntou confusa.

E como se surgisse do nada, Bartolomeu correu até a loira e pulou em seu colo assustando-a. Camila e Luciana soltaram uma gostosa gargalhada enquanto o cão lambia a amiga. O cachorro de pequeno porte e pelagem marrom trazia no pescoço uma bandana com seu nome. Anahí achou graça quando ele deitou em seu colo enquanto ela o afagava.

- Esse é o Bartolomeu, Bartô para os íntimos. – Luciana disse rindo - Bem temperamental, adora dar sustos e só aparece quando quer.

- Instinto protetor, parece o Poncho. - Camila brincou estendendo o riso.

- Adoraria ter um bichinho em casa, mas meu tio não gosta de animais. – disse a loira um pouco triste.

- Diz isso porque seu tio não conhece o Bartô! Uma semana com ele e pode ter certeza de que o velho muda de ideia. – Camila comentou confiante.

- Tratando-se do meu tio, tenho minhas dúvidas.

- Acho que perdi meu cachorro. – Luciana comentou cortando o assunto, observando Bartô no colo da amiga. Camila gargalhou alto assentindo. – Enfim, quero que conheça a melhor parte de mim. - falou caminhando até um portão mais ao fundo, que até então Anahí não tinha visto.

- Jurava que a melhor parte de você era o Fred. – a loira brincou e Luciana lhe deu língua.

- Prepare-se Any, agora você vai conhecer a melhor parte da casa. – Camila vibrou batendo palmas, pôs-se atrás da amiga para empurrar sua cadeira.

Assim que cruzou o portão Anahí olhou boquiaberta para o que via a sua frente: vários canis improvisados com pedaços de tábuas velhas e alambrado, com cães e gatos dentro. Imediatamente perguntou-se de onde haviam surgido tantos animais. Olhou boquiaberta para aquilo, percebendo que a maioria não eram cães ou gatos de raça definida.

- Aqui que coloco o meu trabalho voluntário em prática. – Luciana falou chamando a atenção da amiga - Retiro eles da rua, cuido e depois busco um lar adequado para cada um. – explicou e a loira abriu um sorriso - Mila ajuda sempre que pode, assim como Poncho, Axel e Fred.

- Estou basicamente sem palavras. – comentou Anahí - A energia que emana aqui é tão forte que me deixa inebriada, extasiada.

- É revigorante chegar em casa depois da aula e vir aqui. – Luciana falou gesticulando com as mãos - Toda aquela carga negativa vai embora assim que atravesso aquele portão.

-Toda ajuda é bem vinda. – Camila disse estalando os dedos - A tia Juçara vai adorar te ver todos os dias aqui.

- Eu adoraria poder ajudar de alguma forma, mas estando presa a essa cadeira se torna difícil.

- Sem esse mimimi de inacessibilidade Any! – Camila rolou os olhos - Se precisar de alguém para te carregar a gente chama o Poncho. – brincou deixando a amiga corada.

- E se eu por acaso quiser adotar um desses cachorrinhos, o que eu faço? – Anahí perguntou fugindo do assunto "Poncho".

- É bem simples. O adotante responde entrevista, que pode ser pessoalmente ou formulário. E se estiver tudo certo, assina contrato de adoção. – Luciana explicou - O cão ou gato adotado é castrado, vacinado e com chip. 

Love, AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora