Trêmula e completamente apavorada ela mal conseguia digitar o número da emergência. Errou algumas vezes, antes de por fim conseguir falar com a atendente. Em poucos minutos uma ambulância estaria ali no jardim. Anahí ajoelhou-se ao lado do tio, Guilherme parecia sem vida ali ao seu lado. Perdê-lo seria tão doloroso quanto perder os pais. O velho, antes carrancudo e amargurado, havia ganhado um espaço em seu coração. O amava demais. Chorava compulsivamente, as lágrimas caiam descontroladamente sobre sua face, seu coração doía. A sensação era horrível, como se estivessem esmagando, estraçalhando seu coração.
Percebendo o desespero da dona, Bartolomeu latia euforicamente. Anahí sentia adrenalina correndo por suas veias, seu coração batia descompassado. Em um impulso ela levantou-se, sentiu uma tontura e suas pernas pareciam duas gelatinas. Caminhou cambaleante até a escada que dava acesso a casa. O cachorro deitou-se ao seu lado, apoiando a cabeça sobre sua perna. Assustada, não conseguia compreender como conseguira andar. Teria sido um efeito da adrenalina?
Fitou o tio imóvel a sua frente e um arrepio percorreu o seu corpo. Medo. Sentia muito medo do que poderia acontecer. Olhou para o portão da casa fechado, então se lembrou de que precisaria do controle para abri-lo para que a ambulância entrasse. Engatinhou escada acima, estava tão tremula que mal conseguia ficar em pé. Foi em busca do controle, caminhando com cuidado, a passos lentos. Ao longe pode ouvir a sirene da ambulância, o que a fez apressar-se e correr para fora, voltando a sentar na escada. Abriu o portão e a ambulância apareceu. Havia dois paramédicos e uma enfermeira em volta do tio. A loira mal se movia, os observava como se estivesse em um transe.
- Por quanto tempo ele está assim? – um dos paramédicos perguntou, chamando sua atenção.
- Eu não sei. – ela sussurrou, então olhou para o homem a sua frente – Por favor, salva o meu tio. – implorou com lágrimas nos olhos.
- Fique tranquila menina, farei o possível para que seu tio fique bem. A princípio ele teve um AVC, mas só com exames poderemos confirmar. – explicou.
O homem deu meia volta e entrou na ambulância que saiu pelo portão apressadamente.
No momento em que a ambulância saia da residência, Antônia chegava carregando umas sacolas. Ao ver o veículo a senhora jogou as sacolas ao chão e correu em direção a casa, com a mão direita sobre o peito. Teria acontecido algo com a sua menina? Se Anahí tivesse se machucado, não se perdoaria por tê-la deixado sozinha.
Travou ao ver a loira sentada sobre a escada, com a cabeça apoiada entre as mãos. Como ela havia chego até ali?
- Anahí?
A loira ergueu a cabeça e fitou Antônia.
- O tio Guilherme...
Antônia juntou as mãos e olhou para o céu, agradecendo por sua menina estar bem. Sentou-se ao lado de Anahí e tocou em suas costas, acariciando.
- Seu tio ficará bem.
- Ele não pode me deixar Nana.
- Ele não vai te deixar menina. – disse tentando ser convincente, mas também tinha medo de que dessa vez Guilherme não resistisse - Carlos cuidará bem dele. Mas me diga, como chegou até aqui?
- Eu não sei. – Anahí sussurrou balançando a cabeça negativamente – Eu apenas vi o tio Guilherme cair e a primeira coisa que me veio a cabeça foi ir socorrê-lo. E depois minhas pernas pareciam duas gelatinas.
- Venha, vamos entrar. Vou ligar para Júlio nos levar ao hospital e ver como está seu tio.
Júlio não demorou a chegar, e o trio foi ao hospital, onde permaneceu até quase dez horas da noite, quando por fim tiveram notícias de Guilherme. Como o paramédico que havia dito, Guilherme teve um AVC que se não tivesse agido rapidamente, poderia acarretar em morte.
Como o tio estava sedado, não teve alternativa a não ser ir para casa e voltar no dia seguinte. Claro que, antes de aceitar ir embora, a loira tentou de todas as formas convencer Antônia e Júlio a permitir que ela passasse a noite no hospital.
O que Anahí não esperava era que no hall de entrada do hospital havia cinco pessoas aguardando por noticias, completamente preocupadas. O choque ao ver a loira caminhando foi grande. Eles a olhavam assustados, boquiabertos. Anahí caminhou lentamente até eles e suspirou.
- Eu não sei como isso aconteceu. – falou gesticulando, apontando para suas pernas.
- Mas eu sei. – um homem de jaleco branco falou sorridente, parado próximo a Antônia e Júlio.
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Love, Anahí
FanfictionQual o valor da verdadeira amizade? A popular loira de olhos azuis, que antes arrancava suspiros dos meninos e chamava atenção devido a sua beleza por onde passava, tem o seu brilho ofuscado devido a uma cadeira de rodas. Até o namorado decide que...