Capítulo 06 - Parte VII

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Em pé e aparentemente impacientes estavam as amigas Camila e Luciana. Um pouco mais cedo, no hospital, nem tiveram tempo de conversar direito, pois ambas sumiram juntamente com Axel e Frederico, deixando-a sozinha com Alfonso. O bom humor e companhia delas fariam bem, e talvez a fizesse esquecer por alguns minutos Alfonso.

Por duas horas o trio tagarelou, entre risos e brincadeiras. Luciana e Camila sabiam exatamente o motivo por terem ido até a amiga. Precisavam ouvir da boca de Anahí o que há poucas horas haviam escutado de outra pessoa, para assim pensarem em algo.

A fim de não serem tão diretivas no tal assunto, Luciana e Camila deixaram Anahí a par dos últimos acontecimentos da escola, nesses dois dias em que esteve ausente. E a conversa tomou outros rumos, como a futilidade das meninas ricas, vulgo patricinhas.

- Sou muito mais do que uma garota rica que estuda em um colégio da elite com aquela felicidade estereotipada. – defendeu-se a loira.

- O Poncho sabe disso. – Camila aproveitou a deixa para chegar onde queriam.

- O que o Poncho tem haver com nossa conversa?

- Nós sabemos o que rolou no hospital. – Luciana confessou em um sussurro - Porque não acredita nele?

- Vocês não me entendem.

- Justifique sua resposta. – Camila falou secamente.

Anahí respirou fundo e escondeu o rosto nas mãos. Como explicar as amigas algo que nem ela mesmo conseguia fazer a si mesma? Camila puxou as mãos da loira, encarou-a com cara de poucos amigos, aguardando uma resposta sincera.

- Apenas não consigo. – sussurrou.

- Você não consegue ou não quer? – indagou Camila, impaciente.

- Camila! – Luciana repreendeu-a.

- Anahí tem de entender que nós somos diferentes daquele lixo que estuda naquela escola.

- Sei que são diferentes, apenas é difícil acreditar que um garoto tão especial se apaixone por uma inválida. – argumentou alterando um pouco o tom de voz.

- Talvez esse garoto tenha visto uma garota especial. - disse carinhosamente Luciana.

- Você é igualzinha a eles. Estou com nojo de você Anahí. - Camila falou revoltada, arremessou uma almofada em direção a loira e saiu dali com a cara fechada.

Luciana ficou sem reação. Ir atrás da amiga de infância ou ficar ali?

- Vá, ela precisa de você. - Anahí disse como se adivinhasse seus pensamentos.

- Você precisa mais. – falou rapidamente, puxou o ar - Não sou a melhor conselheira amorosa, mas meu primo gosta mesmo de você. Ficou tão vidrado na sua beleza e doçura, que apenas viu que usava cadeira de rodas quando chegou na aula de educação física. – contou e Anahí encolheu os ombros.

- Eu gosto dele. – murmurou, mordeu o lábio e encarou Luciana - Poncho é lindo de todas as formas, porém eu preciso de tempo, me acostumar com isso. Eu tinha tudo, e me foi tirado do dia pra noite. – contou e estalou os dedos - Aqueles que pensava serem meus amigos me viraram as costas quando souberam que estava assim. – gesticulou com as mãos - Sei que não posso generalizar, mas quando todos a sua volta fizeram isso, fica difícil acreditar que exista alguém que te olhe diferente. O meu coração grita sim constantemente, porém em minha cabeça, o temor de sofrer novamente rejeição de quem você ama, me faz criar uma barreira, transformar-me em uma pedra de gelo mediante as declarações e afins. – confessou angustiada.

- Eu sei que o Poncho te compreende, e por isso não desistiu de te provar o contrário.

- Persistente. – Anahí disse fazendo uma careta.

- Meu primo é bem seletivo. Quando escolhe alguém para chamar de seu, acredite, é para sempre.

Anahí abriu a boca para falar algo, porém calou-se ao ver que um dos empregados adentrou a sala carregando um ramalhete de flores. Sem dizer nada o serviçal estendeu as flores a loira e retirou-se.

Acompanhou com o olhar o homem sumir de seu campo de visão e então mirou as flores: eram as mesmas que recebera no hospital. E ali, entre elas havia um pequeno pedaço de papel.

"Eu amo o seu sorriso e amo ainda mais te fazer sorrir."

Novamente aquela grafia. A loira bufou e estendeu o papel para a amiga.

- Reconhece essa caligrafia? – indagou e Luciana deu um sorriso malicioso.

- Nunca vi. – falou rapidamente. 

Love, AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora