Capítulo 07 - Parte VI

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- Parece fácil adotar.

- Com a Luciana? – Camila indagou e soltou um risinho irônico - O questionário tem mais de quarenta perguntas e ela faz o FBI na sua vida. Mentira em hipótese alguma é admitida, caso contrário, sem chances de adotar.

Anahí arregalou os olhos e fitou Luciana que afirmou com a cabeça.

- Sou extremamente rigorosa com o adotante. Além disso, exijo um relatório completo da adaptação do animal adotado. E se for um gato, só permito se for para lares telados.

- Porque tantas regras?

- Porque muitas pessoas adotam e depois querem devolver, isso quando não abandonam na rua. - explicou Luciana.

- Sem falar dos maus tratos. - pontuou Camila.

- É muita crueldade maltratar um animalzinho. – Anahí disse um pouco triste e do nada Bartolomeu apareceu em sua frente e latiu, abanando o rabo.

- Até tu Brutus? – Luciana brincou olhando para o cãozinho.

Anahí bateu as mãos sobre as pernas e o cão pulou em seu colo. Camila caiu na gargalhada devido a expressão facial de Luciana mediante a atitude do cão.

- Aceita que dói menos. – Camila zombou fazendo as amigas rirem.

- Se quiser ele é todo seu. – Luciana disse dando de ombros.

- Se eu passar em todos os critérios de adoção você quis dizer. - lembrou-a Anahí.

- O pouco que te conheço é suficiente. – Luciana falou – Você será uma raríssima exceção. – deu uma piscadela para a loira que sorriu - Não há melhor lugar para Bartô do que ao seu lado, olha só pra ele todo feliz contigo. Mas devido aos critérios de adoção precisarei que responda o questionário.

- Vamos descongelar o coração do tio Guilherme juntos amigão! - disse a loira enquanto afagava o cão que latiu como resposta.

Talvez enfrentasse um tio furioso por ter levado um animal pra casa, mas no fundo sabia que logo essa ira cessaria. Bartolomeu é um cão carismático, em poucos dias ganharia o carinho e confiança de Guilherme.

- É hora de ir. - Camila falou olhando para o relógio.

- Podemos ficar aqui. - sugeriu Anahí - Vocês me ensinam sobre os cuidados com cada um deles.

- Não. – Camila disse rapidamente - Nos vamos ao parque. Podemos levar Bartô com a gente. - disse sorrindo para Luciana que entendeu que a amiga estava aprontando algo. – E lá falamos para você sobre todos os cuidados e afins.

Três quarteirões após a casa de Luciana havia o parque do bosque. Anahí observou vislumbrada o local. O lugar era magnifico: árvores de portes diferenciados, flores brancas, amarelas e vermelhas davam um toque especial. Aquele dia parecia completamente colorido, tudo a deixava encantada. Uma realidade totalmente oposta a qual era acostumada a viver. Segurando o cão Luciana sentou-se em um banco debaixo de uma das árvores. Camila seguiu a amiga, tomou posse da corrente a qual estava preso Bartolomeu, e Anahí parou a cadeira em frente a elas.

- Moro nessa cidade desde que nasci e nunca havia escutado sobre esse lugar.

- Não é de se admirar pra quem nunca andou de ônibus - Camila riu - Há muitas coisas maravilhosas por aqui que a elite desconhece.

- Os ricaços tem medo de chegar até essa área da cidade, então ficamos com toda essa beleza natural para nós.

- Precisamos falar sobre Poncho. - Camila foi direta, mudando o assunto pois tinha de ser rápida se queria que Anahí fosse pega com a boca na botija, como diz o velho ditado popular.

Anahí soltou o ar pela boca e meneou a cabeça, encolhendo os ombros. Porque insistir novamente nesse assunto? Aquele era o real motivo do passeio?

- Meninas, por favor, entendam o meu lado.

- Entenda você que o Poncho te ama. - Camila rebateu.

- Eu não posso. – ela sussurrou.

- Você pode tudo, para de cu doce.

- Sem agressividade e grosseria Mila! - Luciana bronqueou.

Anahí segurou o choro preso na garganta. Como explicar a elas a angústia, medo e todos os sentimentos que borbulhavam em si?

- O que eu tenho a oferecer a ele? Que futuro poderemos ter juntos?

- Você está com preconceito de si mesma. – Luciana falou calmamente, tocou no braço da amiga e lhe fez um leve carinho - O Alfonso é diferente, nós somos diferentes Any.

Camila abriu um sorriso, cutucou a amiga de infância. Sem entender, Luciana a cutucou de volta.

- Seja sincera, você ama o Alfonso?

Luciana arregalou os olhos e levou um dos dedos a boca. Agora havia entendido o cutucão da amiga. Camila havia feito uma pequena armadilha e ambos haviam caído. Agora era só aguardar o desenrolar dessa história.

- Eu amo o Poncho, tanto que chega a doer.

- Se me ama tanto, porque não fica comigo?

Love, AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora