Capítulo 08 - Parte V

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Por qual motivo precisava levar os bilhetes?

Espalhou-os sobre escrivaninha do quarto e observou um a um minunciosamente. Haveria alguma mensagem secreta? Organizou-os na ordem que recebeu e novamente observou os pequenos pedaços de papel. Só então se deu conta que em todos eles a primeira letra da frase estava destacada.

Recordou-se de histórias que o pai lhe contava onde pessoas mandavam mensagens secretas de forma parecida, descantando letras em meio a textos. Como não percebeu isso antes? Estava tão focada em descobrir quem era o do o dos bilhetes que não observou os mínimos detalhes. Anotou as letras em uma folha de caderno para decifrar a possível mensagem.

O olhar da loira brilhou ao conseguir visualizar o que as letras destacadas formavam. Quem seria tão criativo assim?

Com certeza essa noite ela mal dormiria, tamanha a ansiedade em conhecer esse garoto. Tomou o celular em mãos e digitou uma mensagem no grupo de whatsapp que tinha com as amigas Camila e Luciana.

"Amanhã vou me encontrar com o garoto dos bilhetes no ginásio. Se eu não voltar liguem para a polícia."

Sorriu após reler o que havia digitado. Quem melhor do que as amigas para saber onde estaria? Puxou o ar profundamente e viu que Camila estava digitando uma resposta.

"Estaremos de olhos abertos para qualquer movimento suspeito. Leve o celular e se for uma pegadinha ligue imediatamente, mande um SOS. Gostaria de ir com você, mas não estou a fim de segurar vela. Boa sorte!"

Anahí cerrou os olhos e cogitou a hipótese de pedir que as amigas ficassem na porta aguardando qualquer movimento suspeito, como Camila havia mencionado na mensagem. O temor de que alguém brincasse com ela novamente a fez decidir não ir ao tal encontro.

O bip de uma nova mensagem a fez abrir os olhos e encarar a tela do celular.

"Não há o que temer, estará segura. Descanse, amanhã será um grande dia."

O que Luciana queria dizer com aquilo? Pensou em perguntar sobre o que a amiga dizia, porém Nana entrou no quarto avisando-a de que o tio havia chego de viagem e a aguardava para jantarem juntos.

Anahí sorriu largamente e com a ajuda de Nana arrumou-se para ir jantar com o tio. Encontrou-o em pé no meio da sala. Ele sorriu abrindo os braços ao vê-la.

- Minha amada sobrinha! – ele disse declamando e fez uma reverencia, Anahí gargalhou.

- Estava com saudades de você também tio! – respondeu rindo – Como foi de viagem?

- Maravilhosamente bem. Tenho coisas a lhe contar, porém antes vamos jantar que o meu estomago está implorando por uma saborosa refeição.

Uma travessa de macarronada estava sobre a mesa, juntamente com salada de alface e tomate cereja. Anahí estranhou aquilo, o jantar geralmente era composto por saladas e algo mais leve e saudável. Não questionou o fato de experimentar, pela primeira vez naquela casa, uma macarronada. Estava com um aspecto maravilhoso.

Enquanto degustavam o prato preparado com carinho pela cozinheira da mansão, Guilherme contou a Anahí algumas coisas sobre sua viagem de negócios, e da possibilidade de ele ter de passar mais tempo no exterior.

- Tenho algo para lhe contar. – ela disse largando as talheres sobre a mesa.

Talvez essa seria sua cartada para que o tio não a obrigasse a mudar-se para longe.

- É sobre o seu namorado?

- Quase isso. – ela sorriu – Há alguns dias venho recebendo bilhetes secretos, com frases lindas, românticas. – disse e estendeu-lhe os pedaços de papéis - E amanhã essa pessoa quer me ver no ginásio da escola.

- E quer que eu diga para você não ir? – ele indagou encarando-a e a loira encolheu os ombros – Tenha certeza de que Fabíola, Derrick ou quem quer que tenha participado daquilo não fará novamente.

- Já pensei nisso, mas estou com medo.

Guilherme observou os papéis e sorriu. Realmente aquele garoto estava muito apaixonado pela sobrinha. Uma pena de que ele não estaria ali para presenciar o futuro dela com o jovem.

- Vá sem medo. – encorajou-a sorridente - Esse garoto vale ouro e dou o meu consentimento para que possam namorar.

- Não o conheço, muito menos o senhor. Como pode consentir? – perguntou indignada.

- Porque eu tenho absoluta certeza de que ele é o amor da sua vida, assim como seu pai era o da sua mãe.

Guilherme disfarçadamente enxugou uma lágrima no canto do olho esquerdo e retirou-se da sala de jantar, trancando-se no quarto. Não poderia contar a verdade a sobrinha e preocupá-la.

Love, AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora