Capítulo 03 - Parte VI

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Os olhares se voltaram para Alfonso, ele era sempre o mais nervoso no quesito seminários e apresentações, e além de tudo estava muito eufórico com a possibilidade de estudar na melhor escola do país. De uma família humilde e grande, Alfonso sente-se responsável em sustentar a mãe e os irmãos e devido a isso estava há semanas ansioso pela feira de ciências da escola. Soltou o ar pela boca, pediu mentalmente que conseguisse falar sem gaguejar e mirou os avaliadores e sorriu amigavelmente.

- Além dos benefícios para o consumidor, existe o benefício para toda a comunidade, uma vez que a natureza pode levar 180 anos para decompor o material – Alfonso fez uma pequena pausa, clareou a garganta e prosseguiu - e hoje em dia são recicladas apenas 14% dos 6 bilhões de embalagens produzidas por ano no pais.

Um dos avaliadores estreitou os olhos e levou a mão ao queixo, pegou a telha em mãos e a olhou, virou-a analisando, bateu a mesma sobre a mesa.

- Interessante a ideia de vocês, preocupados com a sustentabilidade. Caso vençam ou não, tenho interesse em levar esse projeto adiante, mas quanto a isso conversaremos mais tarde.

Alfonso sentiu a necessidade de gritar naquele exato momento, mas se conteve. Aquilo significaria benefícios sobre o projeto para ele e cada um dos colegas. Não que ele estivesse interessado em apenas lucros sobre aquele projeto, mas para alguém na situação financeira que ele se encontra é algo grandioso, mesmo que seja pouco. O pouco já lhe ajudaria muito, e talvez pudesse pagar o tratamento da mãe, dona Ágata.

Após perder o terceiro marido de forma drástica, Ágata ficou repulsiva quanto a casar-se outra vez, desencadeando em uma profunda depressão. E depender da saúde pública precária para liberar os medicamentos para que a doença se estabilize, não lhe rende bons resultados. Os medicamentos diários são escassos e caros. E com um bom emprego, o acompanhamento psiquiátrico e psicológico de Ágata poderia ser pago por Alfonso, trazendo melhores resultados.

O belo moreno de olhos verdes observou um a um dos examinadores se dirigirem a outra equipe, restando apenas Catarina.

- Muito bem alunos! Vejo que de todos que estivemos analisando até agora o de vocês me soou mais interessante, porém tenho que ouvir a opinião de meus colegas. - ela aproximou-se da mesa e fez um gesto com a mão para que os alunos se aproximassem - Se ficasse a meu critério a decisão, eu escolheria vocês de olhos fechados! – piscou para Alfonso e saiu dali deixando-o perplexo.

- Eu não disse? – Mila falou olhando para as unhas e empinou o nariz, jogando os cabelos cacheados para trás.

Luciana parou ao lado de Alfonso e o cutucou assim que Catarina estava longe e não os pudesse ouvir.

- Olha que bandida! – riu alto e comprimiu os lábios para conter a gargalhada ao receber um olhar nada agradável do primo - Estava te secando descaradamente. Será que ela sabe que pedofilia é crime?

- Essa velha é louca! – Alfonso reclamou rolando os olhos e sentou-se no chão, escorando as costas na parede. – Nós vamos vencer pela criatividade e benefícios que o projeto traz a nossa comunidade, e não porque uma velha tarada quer ganhos secundários com isso.

- É isso ai priminho! – Frederico cantarolou - Quem sabe nessa escola nova você não encontre o seu numero, o encaixe perfeito da mesma forma que Axel e eu encontramos o nosso?

- Eu me apaixonar por alguma menina daquela escola que só deve ter patricinhas fúteis? – ele negou com a cabeça – Isso nunca!

- Cuidado, nunca diga dessa agua não beberei.- Mila brincou e abraçou o namorado.

- Dessa agua não beberei! – falou irritado e saiu pisando fundo em direção ao banheiro masculino.

Love, AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora