Capitulo 06 - Parte III

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Um silêncio pairou no ar. Anahí baixou a cabeça e permitiu-se chorar, desabafar. Os amigos eram diferentes e ela sabia que nenhum deles a julgaria por isso. Perante o tio tentava mostrar-se forte e sem se importar muito com a rejeição, porém aquilo lhe doía muito, a machucava profundamente. As cicatrizes daquele trágico acidente que perdera os pais sangravam.

Sem saber o que fazer, os amigos apenas a observavam calados, com medo de falar ou fazer algo e agravar a situação. Alfonso a olhava se corroendo por dentro. Ele a queria de uma forma assustadora, e vê-la tão fragilizada era extremamente doloroso, assim como fora quando soube que a loira estava presa na escola enquanto uma parte do prédio estava em chamas.

- O que está acontecendo? - perguntou procurando se atualizar, pois acabava de chegar.

- Fogo em uma das salas. - uma menina ruiva falou rapidamente.

- E parece que a cadeirante esta lá dentro. - Um dos colegas, o qual Alfonso não sabia o nome, disse em tom de deboche.

Sem pensar, o moreno jogou a mochila no chão, correu em direção a entrada, tentando passar pelo cordão de isolamento feito pelos bombeiros.

- Eu preciso salvar minha amiga, deixem-me passar. – pediu em súplica, enquanto um dos homens o segurava firme pela cintura.

Engoliu em seco e a olhou, a loira ainda estava de cabeça baixa. Então observou os amigos, estavam imóveis, receosos. O que fazer ou falar? Qual a melhor opção naquele momento, de modo que não constranja mais Anahí?

- Ficou louco Poncho? - Luciana perguntou desferindo golpes no primo, logo após saber o que o mesmo havia tentado fazer.

O moreno manteve-se imóvel enquanto Frederico tentava acalmar a namorada. Camila e Axel observavam calados, receosos de que se interferissem acabasse sobrando para eles.

Alfonso deixou o corpo cair, ficando de joelhos no chão e logo após sentou-se. A angústia era tanta, o seu coração doía, sentia-se sufocado. Abraçou-se e cerrou os olhos.

- O que há de errado com ele? – Camila indagou preocupada, estranhando o comportamento do amigo.

- Poncho olha que maravilha, não teremos aula hoje! – Axel vibrou tentando animá-lo, mas o moreno não esboçou nenhuma reação - Que tal a revanche no vídeo game? Dessa vez eu ganho de você!

- Um dia a menos nessa escola chata sem ter que conviver com gente fútil, maravilha. – Camila comentou, erguendo as mãos ao céu e Luciana a olhou repreensiva - Não sou obrigada ok?

- Levanta dai Poncho, vamos pra casa. – Luciana o chamou e ele não se moveu.

- Anahí está lá dentro. – Alfonso disse em um sussurro e sentiu como se cravassem facas em seu coração.

O soluço alto de Anahí chamou sua atenção e involuntariamente ele caminhou até ela, sentou-se sobre a cama e a fez olhá-lo tocando levemente em seu queixo.

- Nunca mais, nunca, nunca mais permitirei que façam algo para te machucar. - falou carinhosamente.

- Não pode me proteger de todas as injustiças Poncho.

Os demais percebendo o clima retiraram-se sem fazer barulho. Alfonso talvez fosse o único que poderia dar um pouco mais de cor a vida cinzenta da loira. E o quarteto sabia que ambos mereciam toda a felicidade do mundo.

- Posso fazer muito mais do que isso, basta você permitir. – ele rebateu abrindo um pequeno sorriso.

Anahí sentiu suas bochechas queimarem, olhou a sua volta. Meneou a cabeça e agradeceu por ninguém ter o escutado.

- Parece que estamos sozinhos. – comentou.

Ele olhou para trás rapidamente e a encarou.

- E então, você permite que eu quebre essa muralha que colocou em torno de si? – indagou fitando-a.

- Isso é loucura. – sussurrou e abaixou o olhar.

- Eu sei, mas o que eu sinto por você é tão forte, único. – assegurou e ela ergueu o olhar, encarando-o. Alfonso lhe tocou o rosto e acariciou-a na bochecha com o polegar - Permita que eu te faça feliz Any. Posso te garantir que sou bem diferente de qualquer estereotipo de homem que você conheça.

- Eu sei que você é diferente. - falou abrindo um pequeno sorriso, segurou em suas mãos - Mas não tenho nada pra te oferecer, olhe pra mim Poncho.

- Eu olho e vejo uma garota incrível, linda, meiga, carinhosa. – disse apaixonado, e ela o olhou encantada.

- Não falo sobre isso... – murmurou envergonhada.

- Desde o primeiro dia que te vi.. – ele pausou, beijou-lhe demoradamente nas mãos - Foi amor a primeira vista. – confessou - O fato de estar em uma cadeira de rodas não muda nada. Eu, Alfonso Herrera quero você Anahí Portilla.

Love, AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora