Capítulo 04 - Parte III

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Os novos alunos pareciam perdidos na explicação da professora de química, era como se ela falasse em outra língua e eles precisavam de um google tradutor para salvar suas vidas.

Alfonso a todo momento desviava sua atenção para aquele rosto angelical ao seu lado, que parecia um imã aos seus olhos. Admirá-la calmamente era algo que lhe trazia uma paz que não conseguia explicar. Delicada e diferente das demais, tinha a certeza de que era única e talvez seria uma grande amiga.

O olhar de Alfonso sobre si a incomodava, mesmo fugindo do contato visual com o belo moreno de olhos verdes a seu lado, sentia quando a olhava fazendo suas bochechas queimarem.

Ele seguia a observando, detalhe por detalhe, com os olhos fixos em seu rosto, ainda não ousaria admirar seu corpo, ou teria uma pequena ereção durante a aula, pois ele sabia que o que encontraria abaixo do pescoço daquele anjo o deixaria louco. Anahí passou a língua nos lábios, gesto o qual não passou despercebido por Alfonso. O moreno repetiu o gesto e sentiu sua boca salivar, imensa a vontade que teve de provar o sabor daqueles belos lábios.

O sinal tocou e o ruído das cadeiras tomou conta da sala.

- Aula de educação física em vinte minutos, Carlos os aguarda e pediu que não se atrasassem. – a professora gritou, mas parecia não ser ouvida.

Conforme o manual recebido, teriam que ir aos vestiários trocar de roupa e depois seguir para as quadras esportivas. Os alunos saiam apressados, como se estivessem fugindo e Anahí apenas observava. Alfonso levantou-se apressado e seguiu os demais colegas, juntamente com os amigos, em direção aos vestiários. Porém ao chegar na porta instintivamente parou e olhou para a sala vazia, ou melhor, quase vazia. A dona do sorriso mais lindo que já havia visto continuava ao fundo, imóvel e rabiscando seu caderno.

O que ela tanto desenhava ou escrevia?

Mirou os amigos se distanciando, girou o corpo e caminhou até o fundo da sala e sentou-se a frente de Anahí.

- Você não vem? – perguntou rapidamente, ela ergueu o olhar e mais uma vez o verde se chocou com o azul.

Como dois imãs, ficaram encarando-se por um tempo, até Anahí abaixar o olhar e voltar a atenção ao seu caderno.

- Belo desenho. – ele elogiou apontando para a folha, Anahí murmurou um obrigado quase inaudível – Então, você não vem? Sem atrasos. – a lembrou.

- Preciso resolver algumas coisas, não vou à aula hoje.

Ele levantou, deu alguns passou indo em direção a porta fazendo-a respirar aliviada, poderia ter paz e ficar sozinha. Soltou o ar pela boca liberando toda a tensão e mais uma vez voltou a atenção para o seu desenho.

- Se quiser eu te ajudo a resolver e vamos a aula juntos. – a voz dele ecoou na sala e mentalmente ela contou até dez, o olhou friamente.

- Não preciso da sua ajuda, vá para a sua aula. Não há necessidade de ter pena de mim.

Alfonso pensou em dizer algo, balançou a cabeça e saiu.

- Fútil, arrogante e sem educação como todos os outros. Alfonso um belo sorriso e os olhos mais belos não mudam a pessoa. – disse a si mesmo.

Anahí respirou aliviada novamente, olhou para a mesa dele e sussurrou um "desculpa". Com dificuldade saiu da sala, cadeiras e mesas pareciam estar sempre de propósito a sua frente.

Impossibilitada de participar das aulas de educação física, teria um tempo vago que poderia ser aproveitado lendo ou estudando, mas talvez hoje fosse uma boa opção assistir a aula do professor Carlos. Porém, Anahí equivocou-se de que aquela seria a sua melhor escolha.

Uma onda de risos tomou conta da quadra e todos se voltaram para a Anahí.

- Olha quem apareceu querendo participar dos jogos. – Derrick zombou.

Risos. Risos altos e debochados.

- Jogar ou atrapalhar? – Fabiola questionou, parada ao lado de Derrick

Risos. Mais risos, e cada vez mais altos e debochados. Ela apenas olhava com os olhos mareados.

Alfonso tinha o olhar fixo em Anahí, estático. Como não havia percebido isso antes?

Love, AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora