Capítulo 06 - Parte I

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O fogo aumentava a cada segundo e Anahí não conseguia se mover. Era como se tivesse perdido também os movimentos da cintura para cima, impedida de sair de onde estava. O seu coração batia acelerado enquanto observava o fogo se aproximar. Ouviu gritos, seguido do alarme de incêndio. O fogo era tanto que ela mal conseguia ver a um palmo ao seu redor. A tosse apenas aumentava, sentia-se sufocada. Flashes do acidente sofrido com seus pais lhe vieram a mente, e como naquele dia, tudo escureceu.

- Socorro! Socorro! - gritou apavorada e assustou-se ao se deparar com paredes brancas.

Onde estava? Havia morrido e ido ao céu?

- Está tudo bem minha menina. - ele falou carinhosamente acalmando-a - Você está no hospital.

A loira respirou aliviada e olhou para o senhor ao seu lado, ele a ajudou a sentar-se.

- O que aconteceu? – perguntou em um sussurro.

- A sala onde estava pegou fogo. – ele explicou e sentou-se na cadeira, puxou-a para mais perto, então clareou a garganta - Estão dizendo por aí que você quis cometer suicídio.

- Escolheria morrer de uma forma mais rápida, não como... - pausou, tragou saliva e enxugou uma lágrima. - Foi Fabíola. – contou encolhendo os ombros.

- Quem é Fabiola?

- A atual namorada, ficante, foda do dia ou sei lá o que do Derrick.

- O idiota do teu ex? - ele indagou e a loira assentiu - E que motivos ela teria para te matar? Ciúmes?

- Fabíola sempre me odiou por ser mais popular que ela. – falou e soltou um riso pelo nariz - Ela simplesmente me disse que o lixo da escola teria que ser eliminado.

Ao ouvir ele socou sobre a cama e grunhiu. O que há de errado com as pessoas daquela escola? Onde está a humildade, companheirismo, amor e demais sentimentos pelo próximo?

- Lixo são essas pessoas sem coração, insensíveis e fúteis que há naquele lugar o qual chamam de escola. – esbravejou, cerrou os punhos e a loira pode jurar que viu a veia saltar no pescoço dele - Me encarregarei de que a justiça seja feita.

- Quanto mais mexer, mais ira feder.

- Pois que vire um odor insuportável. – ele replicou, a olhou, segurou sua mão - É inadmissível o que andam fazendo contigo.

- Está falando sobre? – ela indagou franzindo o cenho.

- Sei mais do que imagina Anahí. – confessou - Tenho meus informantes e lhe garanto que todos irão pagar muito caro por todas as injustiças contigo.

- O senhor mandou alguém me vigiar? – perguntou incrédula.

- Cuidar de você, ser meus olhos na escola.

- Eu não preciso de babá. - falou emburrada, cruzou os braços sobre o peito.

Ele sorriu e meneou a cabeça, a sobrinha era exatamente como a irmã, sua cópia fiel.

Toc toc.

- Com licença. - a mulher disse adentrando o quarto com um ramalhete de flores - Deixaram essas flores pra você na recepção.

Anahí sorriu e estendeu as mãos. Eram lindas, orquídeas brancas, suas favoritas. Aspirou o perfume, fechou os olhos e então viu o cartão entre as flores.

"Os meus olhos encontraram os seus eu soube que jamais voltaria a ser feliz longe deles."

Tão romântico quanto aquele primeiro bilhete e a caligrafia era a mesma, bem diferente daquela que continha no bilhete enviado por Fabíola. Como pôde ser tão ingênua a ponto de cair naquela armadilha? Estava tão focada em conhecer o tal admirador secreto que nem pensou na possibilidade de que pudesse ser uma brincadeira.

- Quem mandou? - ele interrompeu seus pensamentos e ela deu de ombros.

- Não está assinado – disse e lhe estendeu o bilhete para que ele pudesse ver, talvez reconhecesse a caligrafia.

- Tem alguém apaixonado pela minha linda sobrinha? – inquiriu Guilherme.

- Pelo que diz ai, parece que sim. – falou sem demonstrar muita importância – Mas a mim parece uma brincadeirinha de algum garoto da escola.

- E por qual motivo julga que não há alguém que goste de você? – questionou, estreitando os olhos.

- Olhe para mim tio, eu não possuo atrativo algum, estou presa a uma cadeira de rodas.

- Já pensou que talvez esse garoto veja muito além do que uma cadeira de rodas?


Love, AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora