Capítulo 06 - Parte V

673 54 12
                                    


Não contendo a curiosidade do que o tal garoto havia escrito no bilhete, Guilherme tomou das mãos da sobrinha o pedaço de papel e sorriu triunfante mediante a cara de poucos amigos dela.

- A adolescente sou eu ou você aqui? – ela indagou arqueando uma sobrancelha.

- Curiosidade, apenas curiosidade. – ele respondeu balançando os ombros, estreitou os olhos para ler o que havia escrito no papel, então olhou sorridente para a sobrinha – Deveria dar uma chance a ele. Tenho absoluta certeza de que o que diz nesse papel é verdadeiro.

- Porque tem tanta certeza?

- Apenas sei que esse garoto te ama de verdade Anahí, acredite. Sabe, ele me faz lembrar o seu pai. – meneou a cabeça, Anahí o olhou confusa. Guilherme tragou saliva e prosseguiu – Seu pai costumava mandar bilhetes apaixonados para sua mãe, porém Enrique os assinava.

- Mamãe nunca me contou nada, apenas disse que foi amor à primeira vista. – pausou, puxou o ar vagarosamente e depois o soltou - O senhor nunca gostou do papai não é verdade?

- Muito pelo contrário. – enfatizou - Sempre o admirei, todo aquele amor incondicional pela sua mãe, a felicidade que emanava quando estavam juntos. – balançou a cabeça negativamente, largou o pedaço de papel sobre a cama sob o olhar atento de Anahí - O único erro foi esse vício abusivo nos jogos que o fez perder tudo.

- Ninguém é perfeito, sempre há um pequeno defeito para dar uma ofuscada. – ela disse dando um meio sorriso. – e além do mais foram bens materiais, coisa que com um pouco de esforço consegue-se novamente.

- Sim, mas alguns bens são necessários para podermos sobreviver. – pontuou e a sobrinha assentiu minimamente, Guilherme clareou a garganta, puxou a cadeira e sentou-se - Mudando de assunto, em breve terei de viajar e gostaria muito que fosse comigo. – falou calmamente e a loira virou os olhos - Em Nova York há médicos excelentes, podemos reverter a sua situação.

- Agradeço a sua preocupação comigo, mas não quero me iludir com algo que não irá acontecer.

- Apenas ouça o diagnóstico de um profissional uma única vez. – insistiu.

Anahí puxou o ar e soltou-o vagarosamente mais uma vez, cerrou os olhos enquanto balançava a cabeça negativamente. Enxugou rapidamente a lágrima solitária que caiu sobre sua face. O barulho da porta abrindo a fez abrir os olhos instantaneamente, deu um meio sorriso ao ver o médico parado a porta segurando um tablet.

- Trago boas notícias. – ele disse abrindo um sorriso – Por sorte seu organismo não foi comprometido devido a fumaça que ingeriu no incêndio, os bombeiros chegaram a tempo de salvá-la. – explicou, clareou a garganta - Pulmões fortes garota! – brincou – Sorria, poderá ir para casa assim que seu tio assinar sua alta.

A loira abriu um enorme sorriso, mirou o tio que também sorria. Ver Anahí sorrindo era algo raro de acontecer desde o acidente.

Guilherme saiu do quarto com o médico, assinou alguns papéis, quitou a estadia da sobrinha no hospital e quinze minutos depois estava de volta ao quarto.

- Poderia, por gentileza, chamar uma enfermeira para me auxiliar aqui?

- Não é necessário, eu mesmo posso lhe colocar na cadeira.

- Não estou a fim de ser o motivo de dores nas costas depois, afinal o senhor está bem velhinho. – debochou em tom de brincadeira, o tio cruzou os braços sobre o peito e estreitou os olhos a observando minunciosamente.

- Você não deve pesar nem quarenta quilos.

- Peso quarenta e oito quilos e meio. – falou orgulhosa empinando o nariz.

- Não faz a mínima diferença. - falou soltando os braços, a loira rolou os olhos, Guilherme caminhou até ela alegremente – Vamos para casa? – indagou e ela assentiu feliz.

Se analisasse pelas atitudes do tio desde o dia anterior, diria que as coisas estavam começando a tomar outro rumo. Talvez, pouco a pouco, o relacionamento entre eles seria agradável, com diálogos civilizados e assim teria alguém em quem confiar plenamente todos os seus sentimentos, loucuras, alegrias. O tio, única pessoa com quem mantinha laços de sangue, estava se tornando um segundo pai. 

Love, AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora