Capitulo 05 - Parte VIII

698 52 13
                                    

O tamborilar dos dedos sobre o balcão fez com que Gertrudes novamente erguesse o olhar. A senhora rolou os olhos, largou o livro e caminhou calmamente até o balcão, pegou o pedaço de papel e encarou a garota.

- A senhora não me viu hoje ein tia Gê! – ela falou abrindo um sorriso e deu uma piscadela.

- O que está tramando menina? – Gertrudes perguntou desconfiada.

- Nada! – respondeu rapidamente e alargou o sorriso – Sou apenas uma boa menina ajudando um amigo a ter um encontro romântico com a garota que ele ama.

- Isso está me cheirando a brincadeirinha de mau gosto.

- Jamais faria isso com a pobre Anahí. – defendeu-se erguendo as mãos em frente ao corpo - Isso é coisa daquele menino novo, o Alfonso. – sussurrou, olhou a sua volta - Ele está apaixonado por ela e quer fazer uma surpresa. – contou, levou a mão sobre os lábios - Ops, falei demais, bem, tenho que ir.

Gertrudes meneou com a cabeça e com o pedaço de papel em mãos foi até Anahí e lhe entregou o bilhete sem dizer nada. A loira fitou o pedaço de papel imaginando que era mais um daqueles recadinhos que recebera no dia anterior. Abriu-o e ao terminar de ler, amassou-o com força. Não precisaria mais buscar pela caligrafia do seu admirador, o próprio estava marcando um encontro ali na escola dali alguns minutos.

Guardou alguns dos diários escolares e retirou-se da biblioteca, sob o olhar atento e curioso de Gertrudes. Não demorou muito para ela chegar ao local marcado. A sala onde guardavam mesas, cadeiras e toda a velharia de móveis da escola, estava um pouco diferente aquele dia. Em um canto havia um pano estendido ao chão com algumas almofadas azuis e vermelhas, uma rosa bem ao centro, e também algumas velas aleatórias sobre o tecido. Quem seria tão detalhista a ponto de preocupar-se com todos aqueles pequenos detalhes?

Olhou para seu celular e ainda faltavam alguns minutos para a hora marcada. O bilhete dizia que alguém que a amava em segredo queria vê-la. Seria seu admirador, ou melhor, a pessoa que brincava com seus sentimentos?

Um barulho atrás de si chamou sua atenção. E a pessoa que ela viu ali em nada lhe agradou.

- O que faz aqui? – Anahí perguntou assustada.

- O mesmo que você suponho. – zombou sorrindo.

- Por favor, volte para onde veio. – a loira rolou os olhos.

- Eu acho que não. – a menina sorriu debochada - Acha mesmo que alguém se apaixonaria por você? – indagou ironicamente, levou a mão a boca e gargalhou - Oh! Quanta inocência Anahí!

- Do que está falando?

- O bilhete que você recebeu. – a garota alargou o sorriso, encenou um suspiro apaixonado e fitou a loira - Linda, amada e doce Anahí, preciso vê-la e revelar todo o amor que sinto por você. – declamou debochadamente.

- Você é má, não tem coração. – a voz de Anahí saiu trêmula.

- Acredita mesmo que alguém irá te amar assim? – perguntou apontando para Anahí, balançou a cabeça negativamente - Nem o pobretão do Alfonso quer você. – ela se aproximou e apoiou as duas mãos na cadeira de Anahí - Aliás, ele já te viu nua? Eu teria vontade de vomitar.

Como um reflexo a loira lhe deu um tapa. Revoltada com o golpe, a garota a segurou pelos ombros, chacoalhando-a, fazendo com que a cadeira caísse ao chão. Anahí gemeu alto de dor, porém segurou o choro.

- Você é um lixo Anahí! E lixo a gente elimina. – a garota riu escandalosamente e ascendeu um fósforo, deixando-o queimar e então o apagou.

- O que vai fazer sua doente? – Anahí indagou temerosa.

- Queimar o lixo desnecessário que está no chão dessa sala. – ela falou e riscou outro fósforo, ascendendo em seguida uma das velas sobre o pano que estava no chão.

A loira observava minunciosamente cada movimento daquela garota. O que ela estava tramando?

- Aproveite seus últimos segundos de vida querida! – ela falou ironicamente, chutou a vela e uma lavareda se formou ali.

Um arrepio percorreu o corpo de Anahí, e aquela sensação de perigo fez seu coração acelerar. A garota gargalhou alto e retirou-se da sala deixando Anahí sozinha, caída ao chão.

- Fabíola! – Anahí gritou desesperada, começando a tossir devido a fumaça causada pelo fogo que aumentava - Por favor, alguém me ajuda! - pediu em súplica, tentando se arrastar pelo chão.

Por mais que fizesse esforço, não conseguiria sair daquela sala sozinha. O cheiro de gasolina impregnou no ar.

E agora, quem a salvaria?

Seria esse o seu fim?

Porque todas as tragédias em sua vida tinham de envolver o fogo?

Love, AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora