Capítulo 08 - Parte IV

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Não demorou muito para o fim da aula chegar, Alfonso despediu-se dela quando já estavam no pátio, com um beijo no rosto e saiu correndo para não perder o ônibus escolar.

- Anahí! – a voz masculina chamou-a antes que ela saísse pelo portão da escola.

A loira girou a cadeira e seus olhos encontraram-se com um diretor esbaforido, com certeza ele deveria ter corrido para conseguir alcançá-la.

- Como foi sua visita hoje? – indagou levando as mãos a cintura, ela meneou a cabeça, ignorou-o voltando a andar – Espero que não tenha dito nada que possa prejudicar ainda mais a nossa querida escola.

Anahí gargalhou alto, parando a cadeira, sem olhar para trás.

- Não perderia meu tempo ou gastaria saliva enumerando a lista de atrocidades que ocorrem nessa escola. O tiver de ser dito será nos tribunais em frente ao juiz, e assim ele poderá julgar o que achar correto como sentença a vocês.

Saiu do pátio deixando Jaime pensativo e furioso. O que aquela mulher desejava com Anahí? Por mais que a tivesse questionado, apenas dizia tratar-se de uma velha amiga dos pais da garota, porém a face meio assustada da aluna não o convenceu. Investigaria a fundo quem era ela. Seria alguém a mando do tribunal a fim de inspecionar minunciosamente a escola? Ou alguém do FBI? Perguntas sem respostas assombravam-no. 

Um novo dia raiou, mais um dia de aula e um dia a menos para Anahí pensar. Teria que dizer sim ou não para Alfonso no sábado. Durante a noite anterior colocou em prática o que a mãe sempre lhe dizia: colocar os prós e contras em um papel em forma de colunas e analisar qual melhor decisão tomar. E em consequência disso já tinha sua resposta para Alfonso. 

De dentro do carro, parado em frente a escola, o viu correr ao seu encontro todo sorridente. Os cabelos desgrenhados e a cara amassada davam um ar sexy ao amigo. Anahí abriu a porta e Júlio deu a volta em busca da cadeira. Alfonso apressou o passo e a pegou no colo colocando-a na cadeira e em seguida lhe deu um beijo na testa.

- Bom dia raio de sol! – ele exclamou alegremente, arrancando um belo sorriso dela.

- Bom dia Poncho! – ela lhe respondeu corada - Sozinho hoje? – perguntou ao perceber que ele estava desacompanhado.

- Resolvi sair mais cedo e vim caminhando. – falou dando de ombros. A verdade é que o moreno queria ficar sozinho, refazer todos os passos de seu plano mentalmente para que tudo ficasse da forma mais perfeita possível, afinal ela merecia algo inesquecível.

- Traidor! - a voz de Camila soou atrás deles e Alfonso estourou na gargalhada.

- Eu disse que vinha a pé hoje.

- Eu apostei R$50,00 que você não viria! Traidor! - Camila reclamou arrancando risos dos demais amigos chamando atenção da oposição.

- Pobre quando se reúne só da vexame. - Fabíola comentou alto passando por eles.

- Sentiram o cheiro da podridão? - indagou Camila fingindo cheirar algo e fez careta - Algo estragado passou por aqui, devem ser as vacas.

Risos. Fabíola irritou-se e entrou na escola pisando fundo. E para a tristeza dos alunos o sinal soou anunciando o inicio das aulas. O sexteto demorou um pouco mais para ir até a sala, e quando ali chegaram estranharam o fato da professora não ter chego. Logo atrás deles Raul, o inspetor entrou na sala com os braços cruzados.

- A professora de artes teve um imprevisto e não virá hoje, portanto a primeira aula está vaga. Aproveitem esse tempo e estudem para as provas da semana que vem. Se houver alguma reclamação de algazarra, a turma inteira será suspensa. – anunciou e deu as costas saindo dali.

A sala esvaziou-se rapidamente, ficando apenas Alfonso, Anahí, Axel, Camila, Frederico e Luciana. O sexteto aproveitou bem a aula vaga entre risos e brincadeiras. Perto da aula vaga acabar, Alfonso olhou para Camila e gesticulou algo, a menina entendeu a mensagem e fitou seria Anahí.

- Podemos conversar Any? - Camila indagou. - Em particular, é importante e precisa ser agora.

- Estaremos pelos corredores. - Luciana gritou quando ambas estavam na porta, Camila girou o corpo e fez sinal de positivo.

Ele nem aguardou elas saírem e retirou uma folha do caderno, pegou a caneta em mãos.

- Esse é o último, e ela nem captou a mensagem. - disse meio aborrecido.

- Você está a deixando confusa. Está muito duas caras. - brincou Luciana.

- Me divido em três, quatro, dez se for preciso para conquistá-la.

- Isso você já conseguiu, ela apenas precisa permitir-se amar novamente. – Frederico disse dando tapinhas nas costas do amigo.

- Pronto, agora é contigo Axel. – o moreno falou e suspirou.

Axel bateu continência e Alfonso lhe entregou o pedaço de papel. Onde deixaria dessa vez? Apressou-se para encontrar um lugar, pois ouviu vozes conhecidas. Ninguém, em hipótese alguma poderia ver o que ele faria. O sinal bateu e o garoto saiu correndo da sala, com medo de ser pego, trombando em Fabíola que reclamou algo que ele não ouviu.

- Está fugindo de quem? – Frederico perguntou rindo ao ver Axel vindo correndo na direção deles.

- Pensei que estava atrasado, muita gente tirando água do joelho hoje. – falou a primeira coisa que lhe veio a cabeça.

- Você não me disse o que tinha pra falar. – a loira lembrou estalando os dedos fitando Camila.

- Não ouviram o sinal alunos? – soou voz estridente do inspetor.

Anahí fez careta, assim como os demais colegas. Ignoraram-no e foram até a sala, onde o professor de história, Orlando, aguardava, sentado sobre a mesa, os alunos retornarem Ao ver seu estojo aberto e canetas sobre a mesa a loira bufou. Quem teria mexido em suas coisas novamente? Olhou rapidamente dando falta de seu lápis rosa com estrelas, abriu seu estojo e lá estava ele, porém não estava sozinho. Havia um pedaço de papel.

"Incrivelmente indescritível e inesquecível. Bastou um olhar e a brevidade de um sorriso para eu saber que seria amor para sempre".

Ps. Estarei lhe aguardando amanhã no Ginásio do Colégio. Espero que tenha guardado todos os bilhetes que te enviei, pois precisará deles.

Podia jurar que seu coração quase saltou pela boca. Ele queria vê-la.

Love, AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora