Capítulo 05 - Parte VII

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Parada em frente ao portão com a mochila sobre o colo ela repassava mentalmente todos os passos a serem seguidos naquela manhã. Era obrigada a ir a escola, porém assistir aula aquele dia estava fora de cogitação. Buscaria nos diários escolares o dono daquela caligrafia e o surpreenderia com um belo recado alertando-o de que já sabia quem era o individuo responsável por aquela brincadeira de mau gosto.

- Madrugou hoje menina? - o porteiro perguntou sorridente.

De todos os funcionários da escola, Joaquim era o mais simpático e nunca a tinha tratado com indiferença devido a seu novo estado.

- Tenho uma investigação a fazer. - Anahí sorriu fracamente.

- A escola é toda sua Sherlock Holmes! – ele disse abrindo os portões e riu alto.

- Obrigada caro... - pausou, fez uma careta e coçou a cabeça franzindo a testa - Como chama o comparsa dele?

- Me recuso a responder perguntas difíceis. - Joaquim gargalhou com a loira.

- Pulga. – ela disse e Joaquim a olhou interrogativo. - Esse será seu codinome.

- Certo Sherlock! – o homem bateu continência. - Pulga ficará de olhos bem abertos para a sua missão.

- Grata por cooperar em minha missão.

- E posso saber do que se trata?

- No momento não posso revelar esse pequeno segredo. – ela piscou.

- Mas como irei lhe ajudar se não sei do que se trata?

- Comparsas não questionam. – brincou, levou o dedo indicador sobre os lábios - Sigilo total. – ela piscou e sorriu, o que fez o senhor rir e bater continência.

Joaquim a viu sumir de seu campo de visão e quando virou-se de cara com Fabiola e Derrick.

- O que tanto conversava com a inválida? – Fabíola indagou curiosa.

- Bom dia pra vocês também! – Joaquim sorriu - O que eu falava com a menina Anahí? – perguntou e balançou a cabeça enquanto estalava a língua - Não diz respeito a vocês, agora circulando que eu tenho mais a fazer do que ficar de papo furado com gentalha.

- E o que fazia com a inválida?

- Anahí não é como vocês.

- Deixe Fabi. – Derrick disse rolando os olhos - Vamos ir até a direção e abrir uma reclamação contra esse tipo.

Joaquim gargalhou debochadamente.

Gertrudes, a senhora responsável pela biblioteca, estava abrindo a porta quando Anahí dobrou o corredor que levava a biblioteca. Aguardou um pouco, contando até dez bem baixinho para que ela apenas pudesse ouvir e só depois entrou.

Gertrudes a olhou estreitando os olhos. Anahí madrugando na escola, ainda mais chegando a biblioteca tão cedo era de se estranhar. E ainda mais quando a viu adentrar o corredor dos diários escolares do primeiro ano.

Pensou em ir atrás descobrir o que se passava, mas lembrou-se de que tinha muitos livros para catalogar e encadernar. Então se sentou em sua mesinha atrás do balcão, ajeitou os óculos no rosto e iniciou seu trabalho.

- Bom dia tia Gê! - disse animada, a senhora ergueu o olhar, meneou a cabeça e voltou a atenção para os livros.

Hoje realmente o dia estava muito estranho. Anahí entrara sem a cumprimentar, e agora quem nunca a cumprimentou estava ali escorada em seu balcão lhe dando bom dia? O mundo estava do avesso e ninguém a havia avisado?

A pessoa pigarreou e deu duas batidinhas no balcão. Gertrudes olhou novamente e apenas fez um aceno com a cabeça.

- Poderia entregar esse bilhete a Anahí? - disse mostrando um pedaço de papel - Um amigo pediu que eu entregasse a ela - fez uma careta - e eu não estou falando com Anahí, e se eu mesma entregar ela não vai nem querer ler. E é importante que ela leia.. Garotos! - disse sorrindo falsamente.

- Deixe ai em cima, daqui a pouco eu entrego pra menina.

Love, AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora