Capítulo 08 - Parte VI

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Sem entender, ficou vendo-o sumir de seu campo de visão. Recolheu os pedaços de papel e então recordou-se de que o Guilherme havia dito que tinha algo importante para lhe contar. O tio parecia misterioso, o que estava acontecendo?

- Terminou menina? – a senhora indagou adentrando a sala de jantar, pondo-se próximo a mesa, a garota assentiu e então ela começou a retirar a louça colocando-a sobre a bandeja que trouxera consigo.

- Nana? – Anahí chamou e a senhora ergueu o olhar para encará-la – Sabe, por um acaso, o que o tio Guilherme tem para me contar? – perguntou curiosa, Nana assentiu minimamente e suspirou – Então me diga, estou cansada de mistérios.

- O senhor Guilherme proibiu qualquer empregado de tocar no assunto com a senhorita. – disse rapidamente - Ele lhe contará assim que julgar conveniente.

Nana pegou a bandeja e foi em direção à cozinha antes que a menina lhe cercasse de perguntas as quais ela não poderia responder. Anahí rolou os olhos e soltou o ar vagarosamente pela boca. Algo dentro de si dizia que não eram boas notícias que estavam por vir. E com certeza aquela noite seria longa, regada de muita insônia. 

Assim que o dia começou a clarear, a loira tocou a campainha ao lado de sua cama – que fora colocada para alguma emergência – e em questão de segundos Nana estava parada a porta respirando ofegante.

- Preciso me arrumar e ir à escola.

- São cinco horas da manhã, ficou louca menina? – resmungou Nana e Anahí segurou o riso, mal havia conseguido dormir - O que vai fazer tão cedo na escola?

- Tenho um encontro. – a menina disse rapidamente e corou.

- E quem é o sortudo? – perguntou curiosa sentando-se sobre a cama de Anahí.

- Não sei, vou conhecê-lo hoje. – falou dando de ombros – Por isso preciso que me ajude, quero estar linda.

- Você é linda menina, apenas precisa desfazer essas tranças, colocar um sorriso no rosto e pronto, não é necessário nem maquiagem.

Nana ajudou Anahí a arrumar-se. Penteou seus cabelos deixando-os soltos, e colocou um grampo de borboleta no lado direito prendendo a sua franja. Anahí sentiu-se estranha, estava tão acostumada a ver-se com tranças que mal recordava-se de como seu cabelo era sedoso, brilhante. A loira estava tão eufórica com esse encontro que, se Nana não a tivesse impedido, teria ido acordar Júlio para leva-la às seis horas para a escola. Nana ficou interrogando-a, perguntando tudo sobre o tal encontro a fim de distraí-la um pouco até chegar a hora exata de ir ao colégio. 

Quando o relógio marcou sete horas a loira estalou os dedos e gritou por Júlio alegando estar atrasada. Guilherme, que havia acordado cedo, se divertia ouvindo a sobrinha tagarelar sobre o tal garoto. Anahí estava prestes a descobrir o amor verdadeiro, forte e único. Ele sabia que a menina estava em boas mãos.

Ao chegar, pediu que Júlio a ajudasse a ir até os fundos da escola, próximo ao ginásio. De longe avistou Camila e Luciana paradas próximo ao local, conversando. Dispensou Júlio e foi ao encontro das amigas.

- Está pronta para conhecer o grande amor da sua vida? – Camila indagou batendo as mãos sorridente, estava ansiosa para aquele grande dia.

- Eu não sei se o cara que está aí é digno da minha vida – disse em tom de brincadeira, fez uma careta - Se é que ele é real, porque parece ter saído de um conto de fadas.

- Acredite, eles existem para pessoas especiais, assim como você. – Luciana pontuou e Anahí meneou com a cabeça.

- É impressão minha ou vocês estão mais empolgadas do que eu com esse encontro? – indagou estreitando os olhos fitando as amigas que negaram com a cabeça - Parece até que sabem quem está me esperando.

- Claro que não sabemos. – Camila disse rapidamente – Apenas estamos supondo algo, até pelo conteúdo daqueles bilhetes que recebeu.

- Apesar de estarmos curiosas, nem saímos daqui para ir verificar lá dentro, a porta está trancada. – Luciana falou, tentando parecer convincente, se Anahí continuasse insistindo, uma das duas poderia acabar dando com a língua nos dentes.

Anahí gargalhou. Com certeza se o caminho estivesse livre, as duas teriam checado todos os cantos do ginásio.

- Eu vou lá conhecer o meu príncipe encantado. – disse em um tom como se estivesse declamando algo.

- Não sairemos daqui. – Camila falou - Os meninos estavam esperando o Poncho chegar para dar reforço.

- O Poncho está sabendo disso? – perguntou em um sussurro e Camila assentiu. – E como ele reagiu?

- Não sabemos. – Luciana disse em um suspiro, fingindo estar preocupada e Anahí encolheu os ombros - Os meninos ficaram de contar a ele. Agora vá que está na hora.

Anahí chegou até a porta do ginásio e a viu entreaberta. Com um toque de mão a porta abriu-se completamente e seu coração quase saltou pela boca. As luzes se ascenderam e ao centro do ginásio havia um tapete felpudo em um tom bege, com almofadas vermelhas e ao redor velas em formato de coração. 

Fogo. Ela ficou estática olhando para as chamas. Respirou fundo, uma, duas, três vezes. 

Não tinha o que temer, os amigos estavam a pouco mais de um metro dali. Tragou saliva e foi até o local e então seus olhos marearam ao ver que sobre o tapete havia pétalas de rosas vermelhas que formavam a mensagem dos bilhetes. Seu corpo todo estremeceu e ela enxugou a lágrima que escorreu pela sua face.

- Eu tenho sorte e privilégio de ter em minha vida uma pessoa iluminada, especial, incrível, única. – a voz dele ecoou pelo ambiente e o coração dela quase saltou pela boca ao vê-lo a sua frente, com o uniforme da escola e os cabelos desgrenhados, trazendo em suas mãos uma rosa branca. Ele aproximou-se dela e abaixou-se, curvando um de seus joelhos - Você me faz sentir como se estivesse nas nuvens, você é a única pessoa que me traz sorrisos aos lábios quando estou triste. 

Love, AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora