Capítulo 04 - Parte VII

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- Não se trata de algo fútil senhora professora. – Camila ergueu a voz, apoiando as mãos sobre a mesa, curvando o corpo para frente pronta para a briga – Acessibilidade é um direito de todos, a senhora nunca ouviu falar de leis, direitos do cidadão?

- Seria péssimo a essa renomada escola ter seu nome envolvido em um escândalo. – sugeriu Luciana, como quem não quisesse nada, colocando a famosa lenha na fogueira.

- O que é isso? – Suzana gesticulou com as mãos, como se mostrasse algo - Uma revolução dos bolsistas a favor de uma zero a esquerda? – negou com a cabeça e riu alto - Poupem-me!

Um estrondo de uma mesa caindo no chão assustou a todos. Os olhares foram direcionados ao fundo da sala, como imãs: Alfonso estava com os punhos cerrados ao lado do corpo, músculos da sua face enrijecidos e os dentes trincados. Sua respiração era visível no subir e descer de seu peito.

- Anahí é aluna dessa escola como qualquer um dessa turma e acredito que todos aqui deveriam colaborar para que ela sinta-se melhor e não humilhá-la como se isso fosse algo contagioso! – desabafou, com a voz carregada de raiva.

- PARA A DIRETORIA OS SEIS! – Suzana gritou, estava nervosa devido ao rumo daquela conversa que sabia onde poderia chegar e dar adeus a seu emprego.

Ao ouvi-la o moreno riu alto de nervoso, deixou o corpo cair sobre a cadeira como um saco de batatas. Aquela professora não tinha noção de quão ridícula e antiética estava sendo. Talvez ele devesse, com suas economias, lhe comprar um manual sobre a ética do professor perante alunos com necessidades especiais. Preocupado, olhou rapidamente para Anahí e ela estava encolhida, parecia ter medo. Sentiu-se um monstro por tê-la assustado. Ela, percebendo a preocupação do amigo, sussurrou um "tudo bem" e recebeu um meio sorriso em troca.

- O que estão esperando? – Suzana perguntou impaciente, olhando no relógio.

Luciana, Frederico, Axel e Camila foram os primeiros a saírem. Alfonso demonstrando a maior calma do mundo foi até sua mesa, a ergueu colocando-a no lugar enquanto assoviava. Se aquela professora queria guerra, ele já estava com sua armadura pronta e não hesitaria em fazer valer os direitos da bela loira de olhos azuis que o havia encantado. Olhou de canto de olho para a professora que bufava de raiva. Assim que ele colocou a mesa no lugar, Anahí fez menção de sair. Ele girou o corpo para olhá-la.

- Eu te ajudo.

- Não preciso de ajuda. – falou rapidamente, ele parou em sua frente a impedindo de passar.

- Eu faço questão. – sorriu para ela, que rolou os olhos.

- Eu não quero a sua ajuda. – a loira falou pausadamente.

- O casalzinho pode ir discutir lá fora pra não atrapalhar minha aula? – Suzana indagou, fazendo-os olharem para ela.

Saíram calados, com ele empurrando a cadeira dela. Apenas os passos eram ouvidos naquele momento. No corredor ela travou a cadeira irritando-o.

- Qual é a sua garota?

- Eu sei me virar sozinha, não precisa disso. – ela deu de ombros, enrolou o dedo indicador no cabelo - Porque você e seus amigos não ficam calados e me deixem em paz?

- Porque eu e meus amigos concordamos que é injusto o que fazem contigo! - ele se alterou.

- Eu não me importo!

- Não mesmo? – ele deu a volta e parou em sua frente, cruzou os braços sobre o peito e a encarou - Então porque estava chorando quando te encontrei no jardim?

- Eu não estava chorando, estava apenas...

- Lavando os olhos de dentro para fora? – ele soltou os braços ao lado do corpo, riu baixo e balançou a cabeça negativamente - Por favor, você está sendo patética!

Virou-se e foi em busca dos amigos. De nada adiantaria continuar ali e discutir com ela. Linda, sedutora, porém amarga e com a alma carregada de rancor. Em apenas um dia que havia a conhecido, seu coração batia descompassado apenas por estar ao seu lado. E ele a queria, mal sabia ela como ele a queria. Anahí apenas o observou sumir no corredor.

- Afaste-se de mim Alfonso Herrera. – a loira falou um pouco mais alto do que desejou, tragou saliva.

Love, AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora