Capítulo 02 - parte II

801 65 6
                                    


Batidas na porta a fizeram despertar, girou a cadeira em direção a ela, enxugou rapidamente as lágrimas.

- Entre.

- Com licença menina, vamos servir o jantar dentro de quinze minutos. – avisou e Anahí assentiu - Seu tio lhe espera na sala, disse que necessita falar contigo antes do jantar.

- Obrigada Nana. – sorriu amavelmente aquela senhora que era tão amável com ela - Diga-lhe que já vou.

Anahí suspirou e segurou a vontade de chorar. A adaptação as regras da casa do tio não era fácil.

- Nessa casa há regras Anahí. – Guilherme ponderou - A começar pelo café da manhã que é servido às seis horas e retirado as seis horas e vinte minutos. O almoço as doze em ponto, nem um minuto a mais nenhum a menos. O lanche apenas às três horas e o jantar as sete e meia. – ele clareou a garganta – Costumamos dormir as 8 e meia. Espero que siga as ordens da casa.

- Que casa? Isso aqui mais parece um quartel. – resmungou com irônica.

- Pois terá que se adaptar a todas as regras, ou caia fora. Há bons orfanatos pelo país. – ele ameaçou, a loira o encarou furiosa.

O tio não era nem um pouco amável, estava sempre de mau humor e era ele que escolhia quando julgava necessário falar algo pessoalmente com ela, caso contrário, os recados era passados por Nana. Durante as refeições não era permitido conversar, e o que quer que tivesse de ser dito deveria ser antes ou depois.

Apressou-se em ir até a sala ou logo o tio estaria aos gritos lhe chamando. Quando entrou pela sala, ele estava parado na grande janela de vidro e virou-se para ela.

- Como sabe amanhã terá de voltar à escola.

- Eu não quero voltar para lá. – a loira resmungou, cruzando os braços sobre o peito como uma menina mimada.

- Não banque a adolescente rebelde Anahí. – esbravejou impaciente - Comigo suas chantagens não colam, terá de ir a escola sim. E também irá três vezes por semana as aulas de fisioterapia, não tolerarei que falte. – disse em tom ordenativo.

- De que adianta essas aulas se nunca voltarei a andar? É dinheiro jogado fora. – comentou dando de ombros.

- O dinheiro é meu e usufruo dele como quiser. – rebateu, fitando-a.

- Tem vergonha de ter uma sobrinha inválida não é mesmo? - fitou-o com ar irônico enquanto arqueava uma sobrancelha.

- Você não sai a canto algum, não vai nem ao menos ao jardim tomar um sol, faz alguma diferença? – questionou, Anahí abaixou a cabeça encarando as mãos sobre as pernas - É pior do que um bichinho com medo do predador, a mim pouco me importa se é ou não inválida. – declarou rispidamente, não iria demonstrar sentimento algum a sobrinha - Quanto menos vê-la, será melhor. Como seu tutor tenho de prestar contas ao juizado, obrigá-la a ir a escola.

- Claro, tudo pela herança. – rolou os olhos, e havia monotonia em sua voz.

- Que herança Anahí? A única coisa que seus pais lhe deixaram foram dívidas. – ele negou com um sorriso irônico nos lábios - Fernando estava endividado, a casa penhorada e o pouco que sobrou mal deram para cobrir os gastos de sua internação.

Anahí encarou o tio com os olhos mareados, negou e girou a cadeira, dando as costas a ele. Guilherme caminhou até ficar bem próximo a sobrinha, a sua frente, mas ela voltou a lhe dar as costas.

- Eles não queriam que soubesse, vieram me pedir um empréstimo para poder mantê-la na escola e continuar lhe oferecendo do bom e do melhor. – confessou.

Love, AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora