Anahí não soube ao certo o que houve, pois naquela mesma noite recebera uma ligação da escola avisando que sua suspensão estava anulada e que deveria vir a escola. A princípio teve medo de que aquele novo aluno teria dito algo a livrando da culpa, e se fosse isso, Alfonso seria expulso e ela nunca mais o veria. Pesadelos fizeram parte de sua noite mal dormida, e em todos eles estava o dono daqueles olhos verdes.
Acordou mal humorada por não conseguir dormir suas oito horas de sono, gritou com Nana a expulsando de seu quarto, quando a empregada apenas queria auxiliá-la em sua higiene. Estava totalmente decidida a virar-se sozinha, esforçar-se para fazer tudo como era antes, claro, limitando-se a caminhar, pois era algo que jamais voltaria a fazer. Diziam que sua paralização era apenas devido ao trauma sofrido já que exames não demonstravam sequela alguma. Em nada disso Anahí acreditava, para ela aquele era seu castigo por ter sido uma filha desobediente, quando seus pais a alertava sobre Derrick. E agora havia Alfonso. Um dia e já o queria como uma louca, porém sua realidade era outra e sonhar não custava nada a ela além de dor e angústia. Olhou-se no espelho enquanto penteava os cabelos que já estavam sem brilho.
- Nem o meu cabelo colabora, nada mais faz sentido. – reclamou arremessando a escova contra o vidro da penteadeira partindo-o em pedaços que por pouco não a atingiu.
Ao ouvir o barulho de vidro sendo quebrado, Nana preocupou-se e entrou sem bater no quarto, irritando-a ainda mais. Anahí apenas a olhou friamente pelo pedaço de vidro que ainda estava sobre a penteadeira, percebendo o semblante preocupado daquela que a queria tão bem.
- Está tudo bem Nana, foi apenas o vidro. – sussurrou, acalmando-a.
- Precisa de ajuda para vestir o uniforme? – perguntou, ainda preocupada, mas também um tanto receosa.
- Eu posso me vestir sozinha, deixe-me! – Anahí foi rude, estúpida, respirou fundo - Peça que Júlio venha me buscar dentro de vinte minutos.
- E o seu café?
- Não estou com fome. – respondeu rapidamente, de fato perdera o apetite e não teria tempo para isso, mais tarde comeria uma barra de cereal e seria o suficiente - Anda Nana! – gritou estalando os dedos - Vou me atrasar para a escola!
Com dificuldade, entre pausas para lágrimas, vestiu-se em meia hora. Júlio já a aguardava para levá-la a escola. O caminho até lá foi silencioso, não trocou uma palavra se quer com Júlio, apenas ouvia sua música preferida com o fone de ouvido. A pedido de Anahí, o motorista parou o carro há poucos metros do portão da escola, retirou a cadeira de rodas do porta malas e em seguida a pegou no colo colocando-a na cadeira de rodas e cobrindo suas pernas com um pequeno cobertor rosa escuro com estrelas brancas.
- Qualquer coisa me ligue querida! - Júlio falou carinhoso, curvou o corpo para a frente lhe dando um beijo na testa.
- Obrigada Júlio!
Com calma foi até o portão, e logo seus olhos se encontraram com Fabíola e Derrick abraçados, e o grupinho de fiéis seguidores sentados na porta da escola, mais precisamente sobre a rampa que fora colocada para que pudesse entrar. Estreitou os olhos, analisando o ambiente e sentiu cheiro de problemas no ar. Empinou o nariz e foi até eles.
- Por gentileza, poderiam levantar esses traseiros gordos e nojentos por uns minutos para que eu e os demais alunos possamos entrar na escola? – sua voz soou irônica, e um sorriso cínico britou em seus lábios.
Alguns curiosos aproximaram-se para assistir a discussão já esperada, outros, que estavam ali sentados levantaram-se. Fabíola já havia alertado a todos de que se ficassem ao lado da inválida, como se referia a loira, teriam que pagar taxas para poderem entrar na escola. Temida pelos colegas, Fabíola mandava e desmandava neles. Ela não apenas ameaçava, e sim fazia o que mencionava quando afrontada. E nessa volta, seu alvo diário era Anahí.
- Não! – Fabíola falou em alto e bom som para que todos ouvissem - A você ninguém aqui faz favores. – ela sorriu tão cínica quanto antes a loira havia sorrido - Ninguém sai do lugar, se saírem estarão com sérios problemas. – ameaçou e alguns que estavam de pé voltaram a sentar-se - Temos que impedir que o lixo entre em nossa escola e contamine os corredores com sua podridão.
- Por isso estão sentados ai? – questionou, encarando Fabíola.
- O que está insinuando? – indagou, pondo-se em pé, pronta para a briga.
- Eu nada. – Anahí disse com desdém, dando de ombros.
- Você não é nada nessa escola Anahí. – acusou, e voltou a se sentar - Não passa de um vegetal, de alguém sem serventia alguma.
Anahí soltou um riso pelo nariz, nervosa. Se pudesse pularia no pescoço daquela loira falsificada com pernas de saracura e torceria, assim como matam galinhas. Desde o jardim de infância que tinham rixas entre elas, o que nunca foi compreendido o porquê dela sempre bater de frente com Anahí. A loira era amada na escola, no passado, e nunca teve inimigos. Mas apenas agora via onde realmente estava: em um ninho de cobras peçonhentas prontas a dar o bote quando ameaçada.
- Antes estar assim do que estar rodeada de pessoas falsas, fúteis e sem escrúpulos.
- Falou a amiga dos pobretões da escola! – Derrick ergueu o tom de voz batendo palmas, colocando lenha na fogueira fazendo Fabíola sorrir largamente do tipo "ele é meu" e Anahí apenas rolou os olhos.
- O que está acontecendo aqui?
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Love, Anahí
FanfictionQual o valor da verdadeira amizade? A popular loira de olhos azuis, que antes arrancava suspiros dos meninos e chamava atenção devido a sua beleza por onde passava, tem o seu brilho ofuscado devido a uma cadeira de rodas. Até o namorado decide que...