Capítulo 04 - Parte IV

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- E qual o problema dela participar dos jogos? – a voz firme de Frederico chamou atenção de todos, principalmente de Carlos que o olhou estreitando os olhos.

- É, eu também gostaria de saber. – Camila empinou o nariz - Até onde eu sei, cadeirantes podem muito bem ter uma ótima condenação motora, melhor do que qualquer um de vocês. – ela sorriu cinicamente apontando para os colegas.

- Anahí é uma morta viva. – Fabiola falou com nojo e rolou os olhos.

- Acabaram de chegar e já querem fazer a boa ação do dia? – a voz de Derrick saiu em tom de deboche – Estão com peninha da inválida?

- Pena é o que se deve ter de pessoas fúteis, podres e sem coração como vocês. – Alfonso rebateu, cerrou os punhos segurando a sua vontade de sujar suas mãos de sangue naquele sorriso tão falso como o da propaganda de margarina.

- Só podiam ser os novatos. – Carlos reclamou – Ignorem a inválida, temos muito a aprender hoje.

Anahí girou a cadeira e saiu dali, segurando as lágrimas. Alfonso ignorou o professor e correu atrás dela.

- ANAHÍ! – gritou tentando alcançá-la.

- O amigo de vocês levará uma advertência por não participar da aula e por faltar com respeito aos colegas. – Carlos alertou-os e Luciana não conseguiu conter o riso.

- O senhor tem certeza de que quer acusar o meu primo disso? Porque podemos conversar também os maus tratos e humilhações a Anahí.

- Não me subestime. – ele ergueu a voz, tentando demonstrar autoritarismo - As coisas funcionam de uma maneira bem diferente aqui.

- Dinheiro, status, posição social, zeros em uma conta bancária. – a morena rebateu, encarando sem medo o professor.

- Professor, o senhor com tanto estudo, sabedoria, deveria saber que a minha colega tem os mesmos direitos que qualquer um aqui, independente de ser cadeirante ou não. – Frederico interviu, buscando amenizar para o lado da namorada, e consequentemente Anahí também - Podemos juntos incluí-la nas atividades, basta ter paciência.

- Paciência é o que mais me falta, e não sou pago para ser babá.

- Vendo o senhor, tive a primeira impressão que era diferente dos demais professores, mas ao que parece não superou minhas expectativas. – Camila não deixaria de dar o ar da graça, ou permitir que os amigos se queimassem sozinhos.

- Aqui não há tempo para expectativas minha cara aluna. – Carlos levou as mãos a cintura - Tempo e dinheiro são armas valiosas, e se me derem licença, já perdemos quinze minutos preciosos de aprendizado de nossa aula. – ele então olhou para o lado buscando por alguém - Fabíola, por favor, lembre-me de comunicar ao senhor diretor o ocorrido.

- Claro, se me deixar ferrar com a Anahí.

- Fica a seu critério, ela expulsa da escola seria ótimo. Precisamos retirar o lixo do ambiente escolar. – disse olhando fixamente os novos alunos.

É, não seria nada fácil conquistar espaço e fazer amigos naquela escola. Mais parecem monstros do que seres humanos. Tanto para Camila, Axel, Luciana e Frederico, o que haviam dito sobre Anahí era completamente desumano. E se dependesse deles, não permitiriam que aquilo continuasse. 

Love, AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora