Desde que momento teriam visto? Ou haviam visto tudo? Alfonso parecia não perceber, mas o sorriso bobo estampado nos lábios não passou despercebido por nenhum dos amigos. E claro, Camila não deixaria passar em branco.
- Meu coração dispara se eu te vejo passar, meu mundo se acende com a luz do teu olhar. – Camila cantou estalando os dedos e balançando o corpo de um lado para o outro - Magia do destino que me encantou, o que você fez comigo, você me enfeitiçou. – fez um gesto demonstrando que estava com uma varinha de condão, os amigos riam e Alfonso ora balançava a cabeça, ora rolava os olhos - Agora só depende de você, o que você disser eu vou fazer. – deu de ombros ao ver que o amigo estava ficando irritado, porém continuou - Eu estou enfeitiçada de paixão apaixonada! – riu alto, Axel tocou-lhe o ombro e sussurrou um "pare", ela soltou o ar pela boca irritada – O que foi, é proibido cantar aqui?
- Cai numa armadilha não dá pra acreditar, sou uma prisioneira que não quer escapar, bastou o primeiro beijo pra me conquistar, invade esse desejo, não quero nem pensar. – Luciana continuou a música arrancando risos de Camila.
- Beijo? Não seria olhar? – Frederico indagou e ambas caíram na gargalhada.
O sinal tocou e apressaram-se para entrar na escola. Alfonso girava o corpo, andando de costas, ficava na ponta dos pés, olhava aos arredores buscando por algum sinal de Anahí. Não sabia se ela já havia entrado na escola, se participaria das aulas. Ao chegarem na sala notaram que os únicos lugares desocupados eram os deles e o de Anahí. Onde ela estaria?
A professora de artes, Regina Montevidéu, entrou na sala com a cara fechada. Bastou isso para que todos ficassem em silêncio, Camila franziu a testa curiosa. O que aquela professora com cara de quem comeu e não gostou tinha de tão tenebroso que deixava todos com medo visíveis estampado na face?
Bastou ela abrir a boca e começar a dar ordens para os novatos descobrirem. Regina era estúpida, mal humorada e nem cinco minutos que estava na sala já mandou um dos alunos para a diretoria apenas pelo fato dele não lhe responder sobre a última aula.
Toc. Toc.
O bater na porta chamou atenção de todos. Quem ousara interromper a aula de Regina, mais conhecida como a bruxa mal amada? Quem quer que fosse havia assinado sua sentença de morte. A porta se abriu e puderam ver Anahí. Regina deu um tapa com a mão fechada sobre a mesa, a olhou fuzilando com o olhar.
- Como se não bastasse todas as modificações que obrigou a escola a fazer, ainda chega atrasada? – gritou irritada, levantou-se – Não permito atrasos senhorita Puente.
- Desculpe professora. – sussurrou.
- Será punida pelo seu atraso Anahí. – disse em tom ameaçador, um "iiih" ecoou na sala - Vá ao seu lugar imediatamente.
O decorrer da aula foi no mais absoluto silêncio. Alfonso passava a maior parte do tempo olhando para Anahí, e quando era pego pelo olhar dela, disfarçava. Vez por outra, quando isso acontecia os olhares se encontravam e ela sorria para ele.
Regina levantou-se e caminhou em direção ao fundo da sala. Temerosa de que ela poderia ter visto algo, Anahí encolheu-se em sua cadeira. Porém a professora lhe largou um livro sobre a mesa, onde na capa havia um pedaço de papel preso em um clipe onde estava escrito "resumo para a próxima aula".
Alfonso tentou ler o que lá estava escrito, ao ver Anahí sorriu e ergueu a capa para que ele pudesse ler, fazendo uma careta. Alfonso sussurrou um "sinto muito" e a loira deu de ombros.
E como se acendesse uma luz sobre sua cabeça, o moreno teve uma ideia para fazer com que, aos poucos, Anahí estivesse novamente em seus braços. Rasgou um pedaço de papel e rascunhou algumas palavras. Ficou olhando para o que escrevera, recordando-se do beijo que trocaram a pouco mais de uma hora, e já queria estar unindo seus lábios aos dela outra vez. Poderia passar o resto de sua vida com os lábios colados aos dela, provando de seu mel.
Antes de sair para o intervalo, rasgou o pedaço de papel escrito em seu caderno e colocou dentro do estojo de Anahí. Claro que para isso ele aguardou que a loira saísse. Seriam bilhetes anônimos e ao final de alguns dias revelaria o seu nome a ela.
Anahí apenas havia ido até a cantina em busca de um suco, voltando em seguida para a sala de aula. Ficar a deriva daqueles lobos em pele de cordeiro não era nada agradável. Poderia gritar com eles, expressar sua raiva e revolta por conta das humilhações, porém de nada adiantaria. Então se mantinha calada. Há quem diga que o silêncio é a pior ofensa a que lhe ofende.
Notou algo diferente em seu estojo, um bilhete. Quem o teria colocado ali? Tomou-o em suas mãos e ao ler rolou os olhos.
"Linda, incrível e doce menina, dona de um sorriso encantador! E basta um sorriso seu para que tudo ao redor se transforme".
Amassou o papel e jogou-o dentro de sua mochila. Quem quer que fosse dono daquele bilhete não a faria cair na brincadeira.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Love, Anahí
FanfictionQual o valor da verdadeira amizade? A popular loira de olhos azuis, que antes arrancava suspiros dos meninos e chamava atenção devido a sua beleza por onde passava, tem o seu brilho ofuscado devido a uma cadeira de rodas. Até o namorado decide que...