Capítulo 06 - Parte II

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Anahí soltou o ar vagarosamente e olhou para o tio. Será que ele tinha razão e havia realmente alguém que a amasse mesmo estando daquela forma? Alfonso havia dito que ela era o amor de sua vida um dia após se conhecerem, mas como acreditar em algo que parecia ser tão surreal?

Por mais que tentasse, era difícil acreditar que um homem a olharia de uma forma diferenciada quando basicamente todos a sua volta a rejeitavam, humilhavam. Os novos amigos eram raros, únicos. Porém havia Ele, que fazia seu coração bater forte e acelerado quando aparecia em seu campo de visão.

- Tenho seis novos amigos. – contou e abriu um sorriso – Estar com eles é incrível, não me olham como uma aberração ou outra coisa, para eles eu sou apenas Anahí.

- Ainda há nesse mundo pessoas de bom coração Anahí. – Guilherme falou calmamente, puxou o ar e fitou a sobrinha - Acredite que, se esse garoto te ama de verdade, não se importará com a sua inacessibilidade temporária.

- Eu ficarei assim pelo resto de meus dias. – ela falou cruzando os braços sobre o peito e em seus lábios formou-se um bico, como uma criança birrenta.

- Quando o especialista lhe examinou, me garantiu que era temporário, uma espécie de trauma devido ao acidente. – ele explicou, ignorando a cara emburrada da loira - Permita que seguir com o tratamento querida, assim...

- Não! – interrompeu-o em um grito – Chega de torturas, eu não quero me iludir com algo que não voltará a acontecer.

- Sangue de Portilla é forte no quesito teimosia, dai-me paciência. – ele murmurou rolando os olhos e então meneou a cabeça – Pela primeira vez, em meses, estamos conseguindo manter uma conversa civilizada.

- Pela primeira vez na vida vejo o senhor demonstrar algum tipo de sentimento por mim. – ela rebateu e sorriu irônica.

Anahí era definitivamente Thalia sem tirar nem por. O gênio da sobrinha era tão forte quanto o da irmã, e ele adorava aquilo nela. Marca registrada das mulheres da família.

- Eu gosto de você, é sangue do meu sangue e não tolero que a tratem de maneira tão cruel, é inadmissível.

- O universo não conspira a meu favor tio. – sibilou, arrumou a mecha de cabelo atrás da orelha e deu de ombros - Sem status e dinheiro sou um zero a esquerda naquela escola.

- Porém tem algo que poucos naquela escola tem: humildade, amigos e caráter.

Toc toc.

- Estamos entrando! - anunciou e a loira abriu um sorriso ao reconhecer a voz da amiga.

Camila entrou primeiro, logo atrás Luciana seguida por Frederico e Axel. E por último, um tanto tímido apareceu Alfonso. Rapidamente e involuntariamente a loira passou a mão nos cabelos, ajeitando-os. Jurava estar com olheiras e completamente descabelada, feia e inapresentável para recebê-lo. Ao perceber a reação da sobrinha, Guilherme sorriu disfarçadamente e clareou a garganta, chamando a atenção dela.

- Vou dar uma volta, está em ótima companhia. – disse e deu uma piscadela, olhou para os jovens no quarto - Cuidem dela.

- Pode deixar capitão! - Camila bateu continência e riu.

Guilherme repetiu o gesto e retirou-se. Axel deu um passo a frente, aproximando-se da cama.

- O que aconteceu naquela sala? – inquiriu curioso.

- Sabemos que não é como dizem por ai. – Frederico comentou e Axel assentiu.

- Diga que o soco que o Poncho deu no Derrick não foi em vão. - Camila falou e a loira arregalou os olhos.

Será que ele tinha noção de que aquilo poderia complicar sua vida no Brockwood Park School? Olhou-o minimamente, comprimiu os lábios e logo em seguida esboçou um sorriso.

- Espero que tenha pelo menos quebrado o nariz dele – brincou arrancando risos dos amigos.

- Se quebrou não sabemos, mas que de brinde ele ganhou um olho roxo, isso sim. – Luciana falou rindo, deu alguns passos e sentou-se no pé da cama - Vai nos contar o que aconteceu?

- Fabíola. – sussurrou.

- Eu sabia, tinha certeza que tinha dedo podre daqueles dois. – Camila resmungou trincando os dentes.

- Recebi um bilhete de um suposto admirador secreto que queria me ver, eu toda ingênua cai como uma trouxa e quando cheguei ela estava lá.

- Prossiga. – Camila falou com cara de poucos amigos.

- Eu jurei que fosse virar churrasco naquela sala – Anahí tragou saliva e uma lágrima escorreu em seu rosto - A única coisa que lembrava era do acidente.


Love, AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora