Eles passaram toda a refeição em silêncio. Quando Anahí já se sentiu satisfeita, Alfonso se levantou levando a bandeja até a mesa, e voltou com um remédio e um copo com água. Sem questionar, ela o tomou.
Alfonso: Pronto, tomará outro daqui a quatro horas. –falou olhando o relógio em seu pulso- Durma, eu a acordo quando chegar a hora.
Anahí: Você também pode ir dormir. Eu acho que consigo tomar um remédio sozinha. –falou se aconchegando sobre a cama e puxando o cobertor para cima de si- Sua namoradinha deve estar morrendo de saudades de você. –provocou, já sentindo a mente sonolenta-
Alfonso: Não se preocupe com isso. Apenas durma. –pediu em pé de frente para a cama, os braços cruzados a observando-
Ela não falou mais nada, e fechou os olhos, concentrando-se no enorme cansaço que seu corpo começava a demonstrar. Logo o sono a dominou e ela perdeu completamente os sentidos ao seu redor. Alfonso não saiu do quarto, como ela mesmo havia sugerido. Velou seu sono o quanto pôde, para logo deitar-se ao lado dela na cama, adormecendo também.
Quatro horas depois, o relógio de Alfonso o acordou para que Anahí tomasse novamente seu remédio. Ele olhou pela janela e já havia sinais nas brechas da cortina que o dia começava a amanhecer. Foi até a mesa onde estava a bandeja e pegou o remédio com um copo com água. Ele se aproximou da cama outra vez, no mesmo lugar onde havia dormido e a chamou.
Ela não demorou a acordar, apenas com a voz dele chamando seu nome. Ela abriu os olhos e ele estava a sua frente, tão próximo que conseguia sentir sua respiração. Ele lhe mostrou a mão com o remédio e ela se ergueu um pouco sobre a cama para tomá-lo. Quando o fez, esqueceu por um segundo que tinha um braço machucado e gemeu de dor por tentar se apoiar sobre ele.
Alfonso: Cuidado, Anahí. –pediu com a voz rouca-
Ela o ignorou tomando o remédio que ele lhe oferecera e bebendo a água. Ela o entregou o copo de volta e ele apenas se virou, colocando no criado-mudo ao seu lado. Quando ele voltou para a posição de volta, Anahí já estava deitada de lado, sobre o braço bom, com o rosto encostado no travesseiro, lhe olhando. Ele deitou do mesmo modo, de frente para ela, e os dois ficaram segundos frente a frente, apenas se encarando.
Alfonso: Está doendo? –perguntou segundos depois com a voz baixa. Eles estavam tão próximos que Anahí sentiu o hálito dele, quase chorou de saudade-
Anahí: Nada insuportável. –respondeu, sentindo leves latejações no curativo em seu braço-
Alfonso: Deve passar logo com o remédio que você tomou agora. –falou, e ela deu de ombros. Aquilo não a incomodava, aquela dor era o de menos pra tudo que sentia-
E mais uma vez, o silêncio.
Alfonso: Anahí... –a chamou, quebrando mais uma vez o silêncio, eles ainda se encaravam- Por que você se meteu na frente daquela bala? –perguntou cauteloso. Ainda estava completamente confuso- Ela poderia ter matado você. –continuou, os olhos não deixaram os dela, que lhe encarava receosa. A voz baixa, fazia com que o corpo dela inteiro se arrepiasse- Poderia ter acertado seu peito, e dificilmente teria volta com você tendo que aguentar chegarmos aqui. –suspirou. A ideia lhe atormentava desde quando tudo aconteceu- Por que não deixou com que me acertassem? –perguntou e ela o olhou ofendida-
Anahí: O que? –perguntou incrédula. Aquilo era um absurdo-
Alfonso: Isso não seria um problema para você, seria? Você já o fez uma vez. –lembrou, e ela fechou os olhos por longos segundos-
Anahí: Isso é passado, eu já disse que me arrependi. –respondeu num suspiro- Não o faria novamente. –e pela primeira vez, ela desviou do olhar dele que estava fixo nela-
Alfonso: E por que não? –insistiu- Me responda, por que se meteu na frente do tiro?
Ela voltou a encará-lo, e ficaram assim novamente, em silêncio.
Anahí: Porque sim Alfonso. –respondeu finalmente. Não era a resposta correta, mas era a única que ela se permitia dizer- Posso parecer, mas não sou o monstro que você acha que sou. Eu não permitiria que James fizesse mal a alguém por culpa minha. –ela desviou o olhar outra vez, enquanto ele absorvia suas palavras-
Alfonso: Mas você arriscou sua vida. –rebateu-
Anahí: Não era isso que eu tinha em mente. Eu pretendia avisar você antes que tudo acontecesse, mas já era tarde, eu ia empurrar você, gritar, mas o tempo não foi ao meu favor. –mentiu, ela nunca seria capaz de confessar que sabia exatamente tudo que estava fazendo, e fez porque quis-
Alfonso: De qualquer maneira, obrigado. -falou num suspiro-
Anahí: Alfonso, você não me deve nada. Não precisa ficar como minha babá para se sentir melhor. –falou com a voz embargada- Está tudo bem, eu vou sobreviver. –falou num riso fraco. Os dois voltaram a se encarar- Libere sua consciência disso e vá descansar com su... –ela não completou a frase. O polegar dele tocou os lábios dela, fazendo com ela se calasse-
Ele desviou os olhos dos dela e olhou seu dedo tocar os lábios dela. Era tão lindos e macios que mesmo depois de tanto tempo, ele tinha a lembrança viva deles encostando nos seus.
A respiração de Anahí acelerou, pelo amor de Deus, ela estava morrendo de tanta saudade.
E pensando nisso, se aproximou dele, estavam tão próximos que não precisou fazer muito esforço para o que queria. Ela uniu seus lábios aos dele, primeiro, levemente. Alfonso fechou os olhos, sentindo aquilo como se fosse algo raro. Ele tinha que se afastar dela, e não aproveitar daquilo. Mas forças para isso lhe faltavam.
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Criminal Love.
FanfictionDiversos motivos levaram Anahí e Alfonso para o mundo do crime, porém, apenas um os levaram para o mesmo caminho. E não foi o amor. O amor é ar fresco, é paz, é calor, é felicidade. Amor é sorriso, suspiro, sonho. Amar é se sentir bem, é estar bem...