Capítulo 16

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Dulce se juntou aos demais, e as horas passavam com eles reunidos ali, bebendo socialmente.

Paul: Dulce, veio para a nova missão?

Dulce: Parece que sim, Richard já avisou como vai ser? –perguntou dando um gole em sua taça de vinho-

Alfonso: Ainda não, não falou nada sobre isso.

As conversas foram jogadas fora, eram raros os momentos em que todos estavam juntos num mesmo lugar, quando não estão em missão. Todos se dão muito bem, Richard sempre deixou claro que não admitia desavenças entre eles. Tudo que tivessem para resolver, que resolvessem e que ficassem na santa paz.
Com o passar das horas, todos foram se recolhendo, já era madrugada quando restou apenas Alfonso na sala, olhando a lareira.

Ele olhava o fogo como se assistisse um clássico. Os pensamentos voavam... As lembranças o levaram até a mãe, e como sentia sua falta, levaram ele a infância, mas somente às coisas boas. Lembrou-se da época do exército, a entrada na máfia, e como se sentia feliz com a vida que tinha. Inevitavelmente, as lembranças trouxeram Anahí, e o peito doeu ao lembrar. Ele a amou miseravelmente, como nunca pensou ser possível. Ele se entregou a ela, de corpo e alma, e tudo o que recebeu foi sua frieza, sua traição, e a indiferença ao sentimento que ele tinha por ela.

A cabeça ia longe, quando ele ouviu um barulho de um móvel se arrastar sobre o piso... Ele se levantou, indo na direção do som, e quando encontrou, se surpreendeu.

Alfonso: Está tudo bem? –perguntou vendo Lauren com a mão sobre um dos pés-

Lauren: Sim, eu só topei em uma cadeira, estava indo a cozinha. –respondeu com uma careta de dor, ele sorriu se aproximando-

Alfonso: Quer ajuda? –ofereceu, se colocando ao lado dela, e a segurando pela cintura. Ela aceitou a ajuda colocando um braço sobre o ombro dele-

Lauren: Obrigada. –agradeceu, quando ele a colocou sentada em um dos bancos do balcão de mármore da cozinha-

Alfonso: E então? Veio assaltar a geladeira? –perguntou cruzando os braços em frente a ela. Lauren riu tirando uma mexa de cabelo solta da frente do seu rosto e colocando atrás da orelha. Alfonso observou, ela era linda, como nunca havia reparado antes?-

Lauren: Não Alfonso, diferente de vocês, eu não sou uma criminosa. –respondeu, num riso, e Alfonso indignou-se- Eu só queria beber água.

Alfonso: Está me chamando de criminoso? –perguntou rindo, e ela assentiu provocando. Ele abriu a geladeira, pegando água para ela- Quero lhe informar que só porque você só fica no escritório, e dá as coordenadas, não lhe torna tão inocente assim.

Lauren: Ok, você venceu. –falou num suspiro, e os dois riram. Ele entregou um copo com água a ela, que bebeu satisfeita- Obrigada.

Alfonso: E então? Todos nós aqui temos uma historia, presumo que nunca se ouviu falar na sua... –perguntou curioso, os dois se encarando-

Lauren: Bom, Richard diz que me entregaram para ele quando eu ainda era um bebê, me deixaram em frente a sua casa. Desconfiavam que eu era filha dele, e que por isso me deram a ele, mas ele disse que nunca teve coragem de fazer um exame de DNA. Você sabe... Para não ter um ponto fraco. –falou abaixando o tom- Ele era muito novo, me mandou para um colégio interno no México, e por isso tengo sotaque español. –falou em espanhol, rindo, fazendo Alfonso rir também. Ouvir a voz dela fazia com que seu coração se acalmasse, era rouca, macia, quase palpável- Quando fiz 18 anos, ele mandou eu escolher se queria trabalhar para ele, ou ter uma vida normal, e aqui estou eu. –terminou, com um sorriso de canto-

Alfonso: Uau, que história. Então você foi a primeira a entrar para o time já que chegou ainda bebê... -observou num tom brincalhão e ela riu surpresa com a analise- E por que você não escolheu ter uma vida normal?

Lauren: Porque Richard é tudo que eu tenho mais parecido com o termo "família". Apesar de ter crescido afastada, ele sempre aparecia no natal, e nos falávamos por e-mail. Não queria estar longe dele.

Alfonso: Eu entendo. –falou respirando fundo, digerindo tudo- Você literalmente não quer estar longe dele não é? Vive como uma estátua ao lado dele... –falou sugestivo, e ela gargalhou-

Lauren: Nossa, como você é engraçado. –falou agora mais calma, dando uma risada falsa- Eu que pedi para não me colocar em missões externas.

Alfonso: Não gosta de viver perigosamente?

Lauren: Eu vivo vinte e quatro horas do meu dia cercada de pessoas armadas e você acha que eu não gosto de viver perigosamente? –falou irônica, e ele riu mais uma vez-

Alfonso: É, realmente.

Lauren: Apenas, creio que não tenho dom para sair atirando em pessoas, tampouco sair correndo delas. -respondeu, bebendo mais um gole de sua água. Alfonso ficou a encarando, e segundos depois desviaram o olhar, ainda os dois em silêncio- Acho melhor irmos dormir.

Alfonso: Tem razão. –falou se despertando de seus pensamentos- Eu lhe ajudo até seu quarto. –ofereceu, a pegando pela lateral outra vez, caminhando os dois para o corredor dos quartos- Pronto, está entregue, consegue entrar? –parou, já em frente a porta do quarto dela-

Lauren: Claro que sim. –respondeu, se soltando dele, e abrindo a porta do quarto-

Porém, quando Lauren adentrou ao quarto, a dor em pé aumentou barbaramente. Ela gemeu de dor, se desequilibrando. Alfonso a pegou antes que caísse ao chão, e ela se apoiou nele. Com todos esses movimentos, os dois acabaram ficando com os rostos próximos, Alfonso podia sentir a respiração dela ofegante, o hálito dela o atingiu e era tão chamativo, que ele não resistiu. Uniu seus lábios aos dela, levemente. Ela fechou os olhos, sentindo, e ambos se ergueram, ficando com os corpos ereto. Ele a segurou pela cintura, e aprofundou o beijo, introduzindo a língua na boca dela, que aceitou receptiva. Lauren tinha o beijo calmo, doce, suave, que lhe trazia lembranças boas, de cheiro de flores, de um pôr do sol, de carinho... Totalmente diferente do beijo de Anahí, que era fogo puro, desejo exalando, de um céu em tempestade, que lhe provocava as piores sensações do mundo, que lhe deixava em êxtase apenas por um encostar de lábios.

O beijo continuou, e Alfonso gostava cada vez mais daquela nova sensação. Ele sentiu as mãos dela passearem por seu peito, e então parou o beijo. A respiração dele também estava ofegante. Os dois ficaram segundo se encarando, a luz baixa do quarto com apenas os abajus acesos. Os rostos próximos, os lábios quase se tocando outra vez... Ela levou as mãos até a barra da camisa dele, e a puxou, a tirando. Ele a ajudou a tirar, ambos ainda se encarando. E então, ele a puxou para mais um beijo, agora mais sôfrego, mais apressado, mas ainda sim, suave.

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