A imagem da pedra acertando a perna da menina.
Os Bobo-cuias e sua estranha língua.
Ambas as coisas não se apagaram da mente de Tonto enquanto ele caminhava entre os girassóis.
O que o levou a fazer aquilo?
Que espécie de motivação o empurrou a tal atitude que poderia levá-lo direto para as mãos dos Bobo-cuias?
Ele não sabia. Mas estava irritado consigo mesmo, bravejando aos ventos e aos girassóis. E ainda por cima, seu pequeno sol não parava de brilhar, estava mais intenso que na noite anterior e também mais aquecido. O céu já estava assumindo tons de café e ouro, com as nuvens bailando ao ritmo do anoitecer. Ele precisava chegar em casa logo, ou levaria uma boa bronca. Todo aquele medo que viveu, com a mistura do sentimento que sentiu ao ver aquela menina, estava deixando seus pensamentos flutuando tão alto quando sua alma leve.
Quando finalmente saiu do campo de girassóis, Tonto se deparou com uma movimentação em sua casa. Pessoas na porta da frente nervosas e cheias de murmúrio. Uma multidão amarela e cheia de alvoroço.
Se aproximando por trás da casa, Tonto saltou para dentro de seu quarto, tentando não fazer um barulho sequer. Ele se apertou contra as paredes amarelas e foi dessa forma, com a respiração suspensa, passo a passo até o corredor que dava acesso a sala, onde havia uma espécie de reunião entre os adultos.
Ele precisou se concentrar inúmeras vezes para manter sua marca escondida por trás do seu casaco amarelo, mesmo com isso, era possível ver pequenas frestas de luz âmbar emanando dali, e era tudo que ele não queria.
— Vocês deveriam ter o mínimo de vergonha e preocupação com todos do Vale! — exclamou uma senhora de cabelos tão longos que estavam presos por enormes agulhas de madeira, sua roupa era tão dourada que ofuscava seus próprios olhos. Ela estava sentada de frente para Rencor e Margarida e atrás dela, uma comissão de homens e mulheres com expressões encabuladas. — Esse menino, está atraindo aquelas coisas para cá, vocês quebraram a regra de não manter segredo!
— Eu nunca havia concordado com essa regra absurda, em nenhum outro lugar ouvi falar de tamanho horror. Nossa vida só pertence a nós — falou Rencor. — O nosso filho não está atraindo os Bobo-cuias para o Vale, há algo acontecendo...
— Sr. Rencor, não seja um tolo. Todos nós já sabemos que seu filho possui o Sinibio, assim como as outras crianças que foram raptadas. Essa informação correu por todos os vales e ninguém dúvida que o seu menino possui a marca — interrompeu a mulher em tom irritado.
Com medo, Tonto olhou para o próprio peito, sentia uma dor anestesiante e quente, como se tudo dentro dele começasse a ferver.
— Vocês estão ultrapassando qualquer limite — interveio Margarida. — Sra. Fatagor, toda essa história de Sinibio não tem nada a ver com o nosso filho. Ele não é uma dessas crianças.
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O Inventor de Estações
Fantasy🏆 VENCEDOR "THE WATTYS AWARDS 2019" NA CATEGORIA FANTASIA 🏆 🏆 1º Lugar no Concurso Wattpad Brasil - Fantasia 🏆 ✨🌻 Sinopse: Há algo errado com o mundo de Haga, por todos os quatro Vales crianças estão desaparecendo sem deixar qualquer vestígio...