Capítulo 33 - Ilha Tenebrosa

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— Você não vai fazer a difícil justo hoje, não é mesmo? — disse Liriu Fon batendo firme o pé cruzando os braços

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— Você não vai fazer a difícil justo hoje, não é mesmo? — disse Liriu Fon batendo firme o pé cruzando os braços. Estavam mesmo discutindo?

O fato era que Sey não estava disposta a conversar mais sobre aquele assunto de longa jornada a lugar cujo nome já insinuava ser terrível, ainda mais pelo fato de não poder ir junto.

— Não vai ser tão perigoso assim, já falei! Eu irei escondida, claro, mas estarei com meu pai e todos os guerreiros de barro — ela continuou.

Sey não deu muita atenção, levantava a enorme pata e lambia com gosto, ignorando a menina. Agitava também seu rabo ou brincava com uma árvore ao lado.

— Então vai ser assim? — irritou-se. — Eles estão indo para o porto da cidade, preciso estar lá ao entardecer, eu achei que... Que ao menos pudéssemos brincar um pouco, mas já sei que você não quer.

Antes que Liriu Fon pudesse se defender, Sey ergueu sua felpuda pata vermelha encolhendo as garras e deu-lhe um sopapo nas costas derrubando-a de cara no chão vermelho da floresta. Liriu Fon levantou passando a mão na roupa suja e olhou para a gata gigante com desdém, um olhar cheio de provocação. As duas brigaram como sempre faziam: Liriu Fon correu com as mãos abertas e saltou na barriga da enorme criatura dando beliscões e mordidas enquanto Sey tentava se livrar da menina com patadas e saltos, miados e mordidas leves para tirá-la dali. Mas nenhuma acabava machucada. Claro, Liriu Fon podia até sair com os joelhos ralados ou com a roupa coberta de pelos vermelhos, mas nada de sério. E assim foi dessa vez. Não passara de uma brincadeira, na verdade. Ambas sentaram e se olharam.  Liriu Fon abraçou a grande pata da gata, passou seu rosto suado e ouviu o alto ronronar de Sey. Aquela despedida seria mais difícil do que ela imaginara. Não queria largar a pata da gaturubra nem mesmo por um instante e só de pensar que viajaria para longe de Terra Vermelha deixando-a para trás lhe apertava a garganta. Mas ela precisava ir, sentia isso. Era como um formigar no peito, no subconsciente. Um chamado. Ela precisava atender.

— Eu vou voltar, você vai ver — a menina tentou se mostrar forte. — Essa viagem vai ser curta. Ouvi meu pai dizer que pretende ir até lá, mas irá voltar para Terra Vermelha em poucos dias, porque precisa interromper o inimigo. Eu não sei o que está acontecendo. Você sabe?

Sey agitou a cabeça de um lado para o outro e lambeu uma das patas.

— Coisas muito sérias estão acontecendo, já dá para notar. Ele disse também que precisa salvar Sinibios. Você sabe o que é isso?

Mais uma vez a resposta da gata gigante foi entendida. Ela não sabia. Não demorou muito até que Liriu Fon decidisse que chegara o momento de sair da floresta. Ela sabia que Livi Varua e seus guerreiros partiriam antes do entardecer. Precisava também se preparar. Executar seu plano. Todos os guerreiros de barro, filósofos e até as duas mulheres estudiosas da terra estariam no porto, esperando por Livi Varua na proa do grande navio. Liriu Fon sabia muito bem o que fazer.

O Inventor de EstaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora